Ordem dos Médicos quer reunião urgente com ministra após “nível de desprezo” inédito
Conselho Nacional da Ordem teve uma reunião extraordinária no domingo na qual foi decidido pedir um encontro urgente com a ministra da Saúde, Marta Temido.
A Ordem dos Médicos pediu esta terça-feira uma reunião com carácter de urgência à ministra da Saúde, na sequência de atitudes e declarações da tutela que “revelam uma total falta de respeito” e um “nível de desprezo nunca antes alcançado”.
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A Ordem dos Médicos pediu esta terça-feira uma reunião com carácter de urgência à ministra da Saúde, na sequência de atitudes e declarações da tutela que “revelam uma total falta de respeito” e um “nível de desprezo nunca antes alcançado”.
Fonte oficial da Ordem dos Médicos adiantou à agência Lusa que o Conselho Nacional da Ordem teve uma reunião extraordinária no domingo na qual foi decidido pedir um encontro urgente com a ministra da Saúde, Marta Temido.
“Na base desta decisão está um conjunto de atitudes e declarações ocorridos nos últimos meses e que revelam da parte da tutela uma total falta de respeito pelos médicos, com um nível de desprezo e desvalorização nunca antes alcançado”, declarou a mesma fonte oficial da Ordem dos Médicos, indicando que o pedido de reunião urgente seguiu já hoje para o Ministério da Saúde.
A mesma fonte acrescenta que o órgão máximo da Ordem, o Conselho Nacional, considera que a situação “ultrapassou o limite do aceitável”.
Estruturas médicas, como o Sindicato Independente dos Médicos e a própria Ordem, têm criticado nos últimos dias declarações recentes da ministra da Saúde sobre o salário dos médicos e sobre eventuais medidas para obrigar os recém-especialistas a permanecer no Serviço Nacional de Saúde (SNS) após conclusão do internato.
No fim-de-semana, o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, escreveu no jornal Observador um artigo de opinião em que considerou “lamentável e inaceitável (...) a ingratidão do poder político para com as pessoas que todos os dias tornam o SNS possível, evitando que as más políticas tenham um impacto mais gravoso no terreno”.
"Sem contraditório"
“A recente entrevista da ministra da Saúde, Marta Temido, à TVI, sem o devido contraditório, foi mais um triste episódio de um mandato que é curto, mas que, infelizmente, está já repleto de momentos que em nada servem os doentes, os profissionais e o SNS”, lia-se no artigo.
Nessa entrevista à TVI, a ministra Marta Temido admitiu, nomeadamente, a possibilidade de avançar com formas para reter no SNS por algum período de tempo os recém-especialistas que se formem no sector público.
A este propósito, o Sindicato Independente dos Médicos já admitiu avançar para uma greve de médicos internos como protesto pela forma como o Governo tem tratado estes profissionais em formação especializada.
Sobre este assunto, na semana passada a ministra tentou esclarecer o que assumiu na entrevista à TVI e disse que a ideia de criar formas de reter os recém-especialistas não está no programa do actual Governo. Contudo, Marta Temido entende que não pode haver “temas tabu” e que o assunto pode ser sempre estudado e “discutido com os sindicatos, com as escolas e com os profissionais em formação”.
Substituição de profissionais
O bastonário dos Médicos contestou ainda afirmações da ministra sobre o salário dos médicos em início de carreira e sobre os acordos colectivos de trabalho dos médicos. Para Miguel Guimarães, a ministra, “ao tentar empurrar para fora a responsabilidade de todos os males do SNS, está a condenar a saúde em Portugal”.
Na segunda-feira, outra decisão do Governo motivou um protesto da Ordem dos Médicos, desta vez sobre a substituição de profissionais nos hospitais do SNS.
A Ordem dos Médicos acusou o Governo de discriminação ao impedir que os profissionais desta classe sejam substituídos sem autorização prévia do Ministério das Finanças, quando abriu essa possibilidade aos restantes trabalhadores de saúde, como enfermeiros e assistentes operacionais.