Portugal Fashion fecha com elogio à intemporalidade

Pelo evento de moda no Porto passaram 37 mil pessoas nos últimos quatro dias. Mais gente que na última edição, revela a organização.

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Cerca de 37 mil pessoas passaram pela 44.ª edição do Portugal Fashion, nos últimos quatro dias, na Alfândega do Porto. Este domingo, o evento fechou com os Marques’Almeida,  Alexandra Moura, Carla Pontes e David Catalán, que deixaram algumas mensagens, como a de não privilegiar a magreza nas passerelle ou a necessidade de manter as peças de vestuário intemporais.

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Cerca de 37 mil pessoas passaram pela 44.ª edição do Portugal Fashion, nos últimos quatro dias, na Alfândega do Porto. Este domingo, o evento fechou com os Marques’Almeida,  Alexandra Moura, Carla Pontes e David Catalán, que deixaram algumas mensagens, como a de não privilegiar a magreza nas passerelle ou a necessidade de manter as peças de vestuário intemporais.

Se a tarde era soalheira lá fora, dentro de portas era de Inverno com a colecção dos criadores Marta Marques e Paulo Almeida, dos Marques’Almeida, que esteve pela segunda vez no Portugal Fashion. A dupla exibiu os 49 coordenados que apresentou, em Fevereiro, na Semana da Moda de Paris. Na passerelle a dupla interpretou Portugal com “os brocados que são inspirados nos azulejos portugueses e muito dourado por causa das talhas douradas”, descreve Paulo Almeida ao PÚBLICO. Até se inspiraram no cavalo lusitano e misturaram influências punk britânicas. Não esquecer que a dupla tem atelier em Londres.

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David Catalán juntou peças clássicas ao sportswear UGO CAMERA

“Tivemos necessidade de voltar às nossas origens e esta colecção é, então, uma mistura da nossa essência de sermos portugueses com o facto de estarmos a viver há uma década em Londres”, elucida o criador depois do desfile. E quis deixar uma mensagem: “Uma das nossas principais missões é educar um bocadinho o público no sentido de que moda não tem de ser necessariamente apresentado por raparigas altas e magríssimas, de um certo tipo”, alerta. “É muito importante que, nas nossas gerações, as raparigas não tenham problemas de auto-estima”, continua entre a azáfama dos bastidores. Por isso levaram algumas raparigas fora deste padrão dito normal das passerelle a desfilar as suas peças de vestuário. 

Crise e curiosidade

Depois foi a vez de Alexandra Moura, que fez parte do calendário oficial de Milão, ao lado de marcas como a Gucci e a Prada, apresentar a sua colecção. A criadora diz sentir, por isso, uma “enorme felicidade, mas também responsabilidade de ter os pés muito bem assentes na terra”.

A designer admite que tem um volume maior ao nível da procura da sua marca depois de ter passado por Milão. “A curiosidade em relação à marca aumentou.” O que se provou pelos jornalistas estrangeiros que foram de propósito para ver o seu desfile.

Ao Portugal Fashion a designer levou o mesmo conceito que apresentou em Itália, mas com um estilo diferente. “Também há uma necessidade nossa de contar a mesma história, mas com outras imagens”, elucida satisfeita.

Na passerelle conta “uma história sobre o trabalho da Rosa Ramalho, uma mulher do campo que era visionária e que tem um trabalho no barro incrível. Quis muito buscar o trabalho dela e trazer para esta colecção Bestiário”, continua depois do desfile em que foi muito aplaudida. Numa performance com caras dos manequins pintados numa inspiração nos bonecos da ceramista. 

Já Carla Pontes apresentou na passerelle uma instalação viva para questionar a pertinência das criações massivas. Levou 13 coordenados com malhas e denim nas tonalidades bege e preto, por exemplo. Deixou uma mensagem: a de que as peças são intemporais e para serem vestidas em qualquer estação do ano. Por isso mesmo, esta era uma colecção sem estação. À semelhança do que, no dia anterior, Susana Bettencourt fez, também Carla Pontes chamou o público a interagir com as peças de vestuário, a vê-las de perto e calmamente sem ser a correr. “Quis dar tempo para verem as peças, para que o desfile não seja tão corrido e rápido”, afirma entre o frenesim habitual do final de um desfile. O que, muitas vezes, continua, “é um reflexo da rapidez da indústria da moda onde tudo é célere”. Carla Pontes quer “fazer uma moda de continuidade, para ficar intemporal”.

David Catalán fechou esta edição do Portugal Fashion com a colecção “Still alive”, que junta peças clássicas com o sportswear para criar um guarda-roupa moderno e sofisticado. À passerelle levou uma paleta de cores desde o bege, tijolo, preto e castanho.

O Portugal Fashion é um projecto da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) em parceria com Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. O evento é financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, com fundos provenientes da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.