Viva a greve climática. Viva a Greta

Hoje é o dia em que jovens sem cartão de eleitor se fazem ouvir em uníssono. Por todo o mundo reivindicam o mesmo propósito: “Estamos aqui para lutar pelo nosso futuro”. Um orgulho!

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LUSA/CLAUDIO GIOVANNINI

À hora a que escrevo este texto, é expectável que Greta Thunberg, a adolescente sueca de 16 anos nomeada para Prémio Nobel da Paz, consiga mobilizar nove milhões de jovens em todo o mundo para a greve mundial pelo clima. A greve acontece em mais de 1650 locais de 105 países. Só em Portugal são 27 locais. Greta Thunberg é um modelo de determinação, inspiração, acção e esperança. Só líderes autênticos como Greta conseguem tamanho sucesso neste tipo de acções de resistência civil.

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À hora a que escrevo este texto, é expectável que Greta Thunberg, a adolescente sueca de 16 anos nomeada para Prémio Nobel da Paz, consiga mobilizar nove milhões de jovens em todo o mundo para a greve mundial pelo clima. A greve acontece em mais de 1650 locais de 105 países. Só em Portugal são 27 locais. Greta Thunberg é um modelo de determinação, inspiração, acção e esperança. Só líderes autênticos como Greta conseguem tamanho sucesso neste tipo de acções de resistência civil.

Hoje é o dia em que jovens sem cartão de eleitor se fazem ouvir em uníssono. Por todo o mundo reivindicam o mesmo propósito: “Estamos aqui para lutar pelo nosso futuro”. Um orgulho! Têm garra, bravura e inteligência para se manifestarem de forma pacífica. Uma vergonha para nós, adultos entorpecidos, que precisamos que jovens estudantes nos puxem as orelhas e nos chamem à razão. Precisamos que nos abram a pestana, que nos peçam para descruzar os braços e para agir. Hoje tem tudo para ser o dia em que jovens e adultos unem esforços no combate às alterações climáticas. Como diz Greta Thunberg: “Se algumas crianças têm conseguido ser notícia em todo o mundo só por não irem à escola, imaginem o que poderíamos fazer todos juntos, se quiséssemos.”

Os protestos de Greta pela inacção na crise climática começaram em Agosto passado e rapidamente encontraram, no mínimo, três ingredientes para o sucesso: o poder de uma geração diferente das anteriores, uma liderança autêntica e o apoio incondicional da Internet.

Quem é afinal esta geração que hoje protesta nas ruas? Chama-se Z e já é apelidada de “geração da mudança”. Os jovens Z pensam que podem mudar o mundo à sua volta e a igualdade e o ambiente são as suas causas prioritárias. São tolerantes, mas com muita ambição e vontade de fazer diferente. São idealistas, independentes, põem “as mãos na massa” e estão determinados a construir confiança para o futuro.

Percebem que os adultos ao comando do planeta não fazem mais do que hesitar, tropeçar e inventar desculpas para não tomarem decisões. Compreendendo que esta inacção vai moldar o seu futuro, não estão dispostos a cruzar os braços. É aqui que entra a liderança e autenticidade de Greta. Os discursos e a determinação da adolescente encontraram um público amplo, cansado de promessas vazias e ansioso por encontrar um líder que galvanizasse a sua ambição e vontade. De Agosto passado até então, as greves pelo clima têm acontecido em vários países. Hoje assumem um impacto global, mas ainda não o auge, já que os jovens prometem continuar até que os políticos tomem as medidas que garantam o seu bem-estar no futuro.

Como é que conseguem articular e montar aquela que pode vir a ser a maior manifestação pelo clima de sempre? A geração Z cresceu com o Google. Enquanto uns fomentam a solidão na Internet, outros mais expeditos contam com uma rede alargada de pessoas e contactos e aproveitam a tecnologia para concretizar as iniciativas em que acreditam. Os materiais e conteúdos são partilhados à escala global e, por isso, as suas mensagens são uníssonas, mas tão incómodas. Dói ver estas crianças e jovens de cartazes em punho. Envergonha-nos.

Parece que temos muito a aprender com estes senhores e senhoras. Em menos de um ano, alteraram a forma como os políticos encaram as próximas eleições. Em Portugal o ministro do ambiente é apoiante da greve, a chanceler alemã e o primeiro ministro da Irlanda também, a quem se junta os presidentes das câmaras de Barcelona, Filadélfia, Milão, Montreal, Paris ou Sydney. Não se farão tardar os impactos no mercado da oferta e da procura das empresas.

Estes jovens querem liderar uma revolução sustentável e vão conseguir. Ao contrário de nós, adultos, o cérebro deles não se fecha numa concha, não arranja justificações para tudo e a apatia não lhes assenta. Reconhecendo as alterações climáticas como uma ameaça à sua vida, serão progressivos na sua luta. Estes movimentos juvenis são uma oportunidade para percebermos que o combate às alterações climáticas não está fora do nosso ciclo de influência. Como diz Greta Thunberg: “A crise climática já tem factos e soluções. Só temos de acordar e mudar.”