É o carro mais caro de sempre. Mas por que vale este carro 11 milhões de euros?
O Salão Atomóvel de Genebra dá sempre que falar. E há sempre uma extravagância: desta vez foi o exclusivo Bugatti La Voiture Noire.
No Salão de Genebra, brilhou uma criação automóvel com um valor tal que muitos ficaram com um nó na garganta. Onze milhões de euros. A maioria não consegue sequer imaginar quanto dinheiro está em causa. Assim, de repente, é apenas um milhão a mais do que o valor do investimento da farmacêutica internacional Cann10 numa fábrica de produtos medicinais à base de canábis, a instalar em Vila de Rei, que poderá criar cem postos de trabalho. Ou do que o valor destinado à reabilitação das principais linhas de água do concelho Oeiras, em trabalhos que se deverão prolongar durante os próximos cinco anos, e do custo da construção de um novo Campus da Justiça de Guimarães, em Mesão Frio.
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No Salão de Genebra, brilhou uma criação automóvel com um valor tal que muitos ficaram com um nó na garganta. Onze milhões de euros. A maioria não consegue sequer imaginar quanto dinheiro está em causa. Assim, de repente, é apenas um milhão a mais do que o valor do investimento da farmacêutica internacional Cann10 numa fábrica de produtos medicinais à base de canábis, a instalar em Vila de Rei, que poderá criar cem postos de trabalho. Ou do que o valor destinado à reabilitação das principais linhas de água do concelho Oeiras, em trabalhos que se deverão prolongar durante os próximos cinco anos, e do custo da construção de um novo Campus da Justiça de Guimarães, em Mesão Frio.
Mas, para o que aqui interessa, onze milhões de euros foi quanto alguém pagou para ser proprietário do exclusivíssimo Bugatti La Voiture Noire — terá sido Ferdinand Piëch, o antigo presidente do conselho de administração grupo Volkswagen e neto de Ferdinand Porsche (1875-1951), o criador do eterno Carocha e fundador do emblema a que deu nome, mas não há confirmação oficial. O certo é que até é possível que o automóvel tenha o mesmo destino que o Type 57 SC Atlantic que lhe serve de inspiração: que nunca mais seja visto.
Aliás, é o mistério que envolve um dos quatro Type 57 SC Atlantic coupés, desenhados pelo próprio filho de Ettore Bugatti, Jean, um dos primeiros pilares que justificam o valor milionário do carro exibido no salão suíço. O modelo, do qual Jean fez uso pessoal, foi apelidado de La Voiture Noire. A partir daqui, o seu percurso torna-se confuso. Com o chassi número 57453, diz-se que terá sido cedido aos pilotos da Bugatti Robert Benoist, depois desta vencer as 24 Horas de Le Mans, em 1937, e William Grover-Williams.
Em 1939, o automóvel retornou a casa, mas, um ano depois, em vésperas da invasão da França por parte das forças de Hitler, a exclusiva peça foi enviada de Molsheim para Bordéus. Mas não só não chegou ao destino como nunca mais foi vista.
Há quem creia que tenha sido destruído, mas também quem aposte que se encontra escondido num celeiro qualquer no interior de França — e esta última hipótese anima alguns coleccionadores que se dedicam a uma espécie de caça ao tesouro. Seja como for, a lenda tem vindo a acrescentar valor a esta unidade que põe a um canto o modelo revelado em Genebra: estima-se que possa valer mais de 80 milhões de euros.
Declaração de exclusividade
Se o mistério da sua inspiração ajuda a explicar o preço astronómico, o facto de ser lançado em aniversário redondo (110 anos) também é aproveitado pela Bugatti para a avaliação feita, ao mesmo tempo que a marca francesa de automóveis de luxo declara estar na vanguarda da construção dos mais preciosos e exclusivos carros desportivos do mundo.
O carro de duas portas exibe uma carroçaria esculpida em fibra de carbono e foi todo feito à mão. “La Voiture Noire é uma colecção de superlativos”, considerou o actual presidente da Bugatti Automobiles, Stephan Winkelmann. No site oficial, lê-se que, “em termos de exclusividade, desempenho e luxo, o novo La Voiture Noire é igual à obra-prima de Jean Bugatti (...) e uma manifestação perfeita dos pilares da Bugatti: dinâmico, luxo e elegância”.
Além do design, da qualidade em cada detalhe e do valor dos materiais usados, o La Voiture Noire dá uso ao mesmo conjunto que dá vida ao Chiron: um bloco de 8.0 litros, de 16 cilindros em W, a debitar uma potência de 1500cv e com um binário máximo disponível de 1600 Nm.
Em termos de prestações, não há dados oficiais, mas as mesmas não deverão andar longe do supercarro de 2016: 2,5 segundos de 0 a 100 km/h e uma velocidade máxima de 463 km/h (limitada electronicamente a 420 km/h, por uma questão de segurança dos pneus).
Seja como for, este La Voiture Noire cumpre, mais do que qualquer outro, com o lema de Ettore Bugatti: “Se for comparável, não será Bugatti”. E o preço ajuda a torná-lo incomparável.