Grupo chinês vendeu participação na TAP por 48,6 milhões

O grupo chinês HNA anunciou que vendeu os 9% que detinha na TAP. Miguel Frasquilho diz que operação "não era inesperada". Governo esclarece que não afecta posição do Estado.

Foto
LM MIGUEL MANSO

O conglomerado chinês HNA anunciou hoje num comunicado ao mercado bolsista de Xangai, a venda da participação de 9% que detinha na TAP através da Atlantic Gateway por 55 milhões de dólares norte-americanos (48,6 milhões de euros).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O conglomerado chinês HNA anunciou hoje num comunicado ao mercado bolsista de Xangai, a venda da participação de 9% que detinha na TAP através da Atlantic Gateway por 55 milhões de dólares norte-americanos (48,6 milhões de euros).

Mais de metade desta participação indirecta na TAP foi vendida à Global Aviation Ventures LLC, um fundo norte-americano de capital de risco especializado no sector da aviação, por 30 milhões de dólares. O restante passou para as mãos da transportadora aérea brasileira Azul S.A. em troca de 25 milhões de dólares, segundo comunicado enviado à bolsa da China.

O grupo HNA explica que o negócio envolveu a venda de uma subsidiária chamada Hainan Airlines Civil Aviation, cujos únicos bens são uma participação de 20% na Atlantic Gateway, consórcio que detém 45% da TAP. O Estado português é dono de 50% da TAP, estando os restantes 5% do capital nas mãos dos trabalhadores.

Contactado pela Lusa, fonte do fonte do Ministério das Infraestruturas e da Habitação referiu que, “a confirmar-se a venda da posição contratual do acionista chinês, ela não afecta a posição estratégica do Estado português, que se mantém inalterada”. Quanto à mudança de acionistas, que implica que a Azul fique com posição reforçada na TAP, o executivo garante que “a substituição de um acionista minoritário por um novo acionista norte-americano e por um reforço da posição de um dos actuais acionistas não é um factor negativo para a empresa”.

“Pelo contrário, é um sinal de confiança dos adquirentes no futuro da empresa”, acrescentou.

Já o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, lamentou a saída dos chineses da HNA da estrutura accionista da TAP, referindo que a venda participação não foi inesperada. Miguel Frasquilho, que falava no encontro do International Club of Portugal, em Lisboa, afirmou que foi “com pena” que recebeu a notícia da saída da HNA da composição acionista da transportadora aérea.”Não é inesperada [a saída], são conhecidas as dificuldades, era uma questão de tempo”, afirmou.

A Azul foi criada pelo empresário brasileiro David Neeleman, que detém 40% da Atlantic Gateway. O grupo HNA chegou a ser também acionista da Azul, mas vendeu essa participação em Agosto do ano passado a investidores institucionais norte-americanos.

O HNA tinha há menos de um mês aumentado de 12% para 20% a sua participação na Atlantic Gateway, numa altura em que já enfrentava problemas de liquidez. O grupo chinês tem vindo a alienar investimentos e a cancelar negócios, incluindo na indústria da aviação, que é o negócio fundamental da empresa.

Uma das subsidiárias do HNA, a Capital Airlines, inaugurou em Julho de 2017 o primeiro voo direto entre a China e Portugal. No entanto, pouco depois de celebrar o primeiro aniversário do voo, a empresa anunciou a sua suspensão.

O HNA, que detém ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank, está já sob supervisão de um grupo de credores, liderado pelo Banco de Desenvolvimento da China.