Chefe das “secretas” alega dever de sigilo para não revelar “lista da compra” de material de Tancos
Existência da listagem fora negada aos deputados, na terça-feira, por Júlio Pereira, que estava à frente do SIRP aquando do assalto aos paióis.
Graça Mira Gomes, secretária-geral dos Serviços de Informação da República Portuguesa (SIRP), alegou esta quarta-feira dever de sigilo para não revelar, à porta fechada, na comissão parlamentar de inquérito a Tancos, a listagem, conhecida como “lista de compra”, de material de guerra que em 2017 circulava no submundo europeu e que estava em posse das “secretas”, antes do assalto aos paióis militares.
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Graça Mira Gomes, secretária-geral dos Serviços de Informação da República Portuguesa (SIRP), alegou esta quarta-feira dever de sigilo para não revelar, à porta fechada, na comissão parlamentar de inquérito a Tancos, a listagem, conhecida como “lista de compra”, de material de guerra que em 2017 circulava no submundo europeu e que estava em posse das “secretas”, antes do assalto aos paióis militares.
“Tentei responder com a máxima abertura e transparência, não é fácil responder a algumas perguntas que são matéria sigilosa, é matéria sigilosa e não vou avançar mais com o assunto”, respondeu a embaixadora Mira Gomes aos deputados. Em causa estava a coincidência do material da “lista de compra” enviado para Lisboa pelos serviços congéneres do SIRP e aquele que foi furtado em Tancos, em Junho de 2017.
“Não há relação de causa e efeito entre o tráfico de armas [a listagem estrangeira] e o roubo”, garantiu a secretária-geral do SIRP. “São processos diferentes”, precisou, referindo-se a uma lista que na véspera, terça-feira, o seu antecessor, Júlio Pereira, em funções na altura do furto, afirmou desconhecer. O reconhecimento desta lista pela chefe das “secretas” era inevitável, pois havia informações sobre a apresentação deste documento em 29 de Junho pelo director-adjunto do Sistema de Informações e Segurança na primeira reunião da Unidade de Coordenação Anti Terrorista após o assalto aos paióis.
“A ocasião fez o ladrão”, disse a responsável, reconhecendo o envolvimento no roubo de uma rede de tráfico de armas, associada a outro tipo de tráficos, portanto de pequena dimensão, estrutura e meios financeiros. O que, sugeriu, de alguma forma não se coadunava com a coincidência do material roubado do pretendido na listagem. Do mesmo modo, pôs de lado o envolvimento de terrorismo no furto.