BE acusa deputado do PSD de “preconceito” e avança com queixa

Bruno Vitorino questionou, a propósito de uma sessão numa escola sobre diferentes orientações sexuais: “Que porcaria é esta??” Considerou o sucedido “perverso” e uma “vergonha”.

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Daniel Rocha

A publicação do deputado social-democrata já não está online. Mas Bruno Vitorino escreveu outra sobre o tema. No post inicial insurgia-se contra uma sessão que tinha como objectivo “promover a igualdade de géneros e sensibilizar os alunos para as diferentes orientações sexuais”. O deputado e vereador na autarquia do Barreiro questionou: “Mas que porcaria é esta??” O BE vai avançar com uma queixa à Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

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A publicação do deputado social-democrata já não está online. Mas Bruno Vitorino escreveu outra sobre o tema. No post inicial insurgia-se contra uma sessão que tinha como objectivo “promover a igualdade de géneros e sensibilizar os alunos para as diferentes orientações sexuais”. O deputado e vereador na autarquia do Barreiro questionou: “Mas que porcaria é esta??” O BE vai avançar com uma queixa à Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

Na primeira publicação, de Bruno Vitorino escreveu, com várias palavras em maiúsculas: “Vergonha Governo socialista. Vergonha ministro da Educação. Vergonha Escola do Barreiro. ‘Sensibilizar’ alunos de 11 anos sobre ‘diferentes orientações sexuais'? Com associações LGBTI à mistura?? Que porcaria é esta? Cada um pode ser o que quiser, mas deixem as crianças ser crianças. Deixem as crianças em paz! Adultos a avançar sobre este campo junto de crianças é perverso. Isto tem de parar!” A ilustrar a publicação, uma fotografia de uma folha sobre a sessão no agrupamento de escolas, na qual se lia que o objectivo era “promover a igualdade de géneros e sensibilizar os alunos para as diferentes orientações sexuais” e que a sessão teria o custo de 50 cêntimos por aluno, que reverteriam para a associação LGBTI (a Rede Ex Aequo).

Foi aquele post que provocou a indignação das deputadas do BE, Sandra Cunha e Joana Mortágua, que decidiram fazer queixa à Comissão para a Igualdade de Género. Também no Facebook, Sandra Cunha começa por lamentar que Bruno Vitorino ache “uma ‘vergonha’ educar para a igualdade e contra a discriminação em função de um dos princípios consagrados na Constituição da República” e que considere que “‘sensibilizar alunos de 11 anos para as diferentes orientações sexuais’” seja “uma ‘porcaria’ ‘perversa’”.

Por isso, Sandra Cunha garante que não vai ficar de braços cruzados: “O comentário público feito a propósito de uma sessão promovida por uma escola do Barreiro no âmbito da disciplina de Educação Sexual com a Rede Ex Aequo é inaceitável para quem tem responsabilidades politicas e reflecte um preconceito que não deve existir nem na educação nem na política. Por isso eu e a Joana Mortágua vamos fazer uma queixa à Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género sobre a publicação de Bruno Vitorino.”

No Twitter, também Joana Mortágua escreveu que o comentário do social-democrata é “inaceitável”.

Depois daquela publicação, o deputado escreveu outra: “Nunca discriminei ninguém em função da sua orientação sexual, do seu partido político, da sua raça, cor de pele, religião ou clube ou seja o que for. Tenho amigos homossexuais, heterossexuais, e muitos que nem sei que orientação têm ou deixam de ter. Mas não aceito este tipo de ‘doutrinação’ nas escolas com miúdos destas idades. Ainda mais com associações totalmente duvidosas. Acho uma vergonha.” Mas acrescenta ainda que “não são ofensas organizadas, isoladas ou em matilha” que o “vão condicionar”. E garante que aceita, “como sempre”, “opiniões contrárias”. O PÚBLICO tentou ouvir o deputado, mas sem sucesso.

Já a directora do agrupamento de escolas de Santo André, Arlete Cruz, explicou ao PÚBLICO, que a palestra era dirigida a duas turmas, uma do 6.º ano e outra do 8.º e que, dos 54 alunos, foram 44, todos autorizados pelos pais. A sessão realizou-se no âmbito da Educação para a Cidadania e era sobre “igualdade de género”: “Trabalhou-se o respeito”, disse ao PÚBLICO.

O que gerou polémica foi dizerem que andávamos a angariar dinheiro para a associação. O que não é verdade. Como é hábito na escola, as famílias costumam comparticipar as actividades. Os 50 cêntimos eram para transportes dos palestrantes. A associação não nos pediu nada. Quem esteve na escola foram duas pessoas da Rede Ex Aequo”, prossegue Arlete Cruz, admitindo que a formulação presente na folha sobre a sessão, e na qual se diz que o dinheiro reverte para a associação, não é a mais feliz.

A directora do agrupamento acrescenta ainda que não houve qualquer burburinho na escola sobre a palestra e que o ruído veio todo das redes sociais: “Não temos [nem escola, nem associação de pais] uma única queixa dos pais”, garante.