150 farmácias fecharam portas nos últimos oito anos
Associação Nacional das Farmácias defende discriminação positiva de estabelecimento situados em locais isolados
Nos últimos oito anos, encerraram 150 farmácias em Portugal, um fenómeno que teve expressão semelhante em todo o país, mas cujo impacto é mais preocupante em territórios de baixa densidade. O presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), Paulo Duarte, explica que, no mesmo período, até abriram mais do que as que encerraram – cerca de 200 – mas que, neste processo, houve um fenómeno de concentração em zonas mais urbanas. “Não queremos que o sector seja o reflexo seja o resto do país”, afirmou aos jornalistas, à margem de uma visita a duas farmácias no distrito de Coimbra, nos concelhos de Góis e Penacova, no âmbito da recolha de assinaturas para a petição “Salvar as Farmácias, Cumprir o SNS”.
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Nos últimos oito anos, encerraram 150 farmácias em Portugal, um fenómeno que teve expressão semelhante em todo o país, mas cujo impacto é mais preocupante em territórios de baixa densidade. O presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), Paulo Duarte, explica que, no mesmo período, até abriram mais do que as que encerraram – cerca de 200 – mas que, neste processo, houve um fenómeno de concentração em zonas mais urbanas. “Não queremos que o sector seja o reflexo seja o resto do país”, afirmou aos jornalistas, à margem de uma visita a duas farmácias no distrito de Coimbra, nos concelhos de Góis e Penacova, no âmbito da recolha de assinaturas para a petição “Salvar as Farmácias, Cumprir o SNS”.
A associação do sector lançou, no início de Fevereiro, a campanha para “que farmácias como esta, em zonas isoladas do país, possam ser preservadas”, disse o responsável de visita a uma farmácia em Figueira de Lorvão, uma freguesia com cerca de 2700 habitantes do concelho de Penacova. “Neste caso, a farmácia é relevante porque acaba por ser a porta de entrada no SNS”, diz Paulo Duarte, que defende que os estabelecimentos situados em zonas de características semelhantes “devem ter uma discriminação positiva face às restantes farmácias”.
Paulo Duarte identifica um problema de desigualdade entre os próprios estabelecimentos, uma vez que “farmácias maiores podem praticar descontos maiores”, o que significa que as mais pequenas, em locais mais isolados “têm mais dificuldades em manter-se competitivas”. Destaca também que, em meios mais isolados, “a farmácia funciona muitas vezes como o único pólo agregador, não apenas da saúde, mas, às vezes, também da economia”, uma vez que serviços como a banca e outras actividades acabaram por desaparecer.
De acordo com números da ANF, há 2922 farmácias em Portugal, 679 das quais estão em risco devido a situações de insolvência ou penhora, o que representa 23,2% do total e mais quatro que no início do ano. No entanto, uma divisão interior/litoral não explica o mapa de risco das farmácias em Portugal. Se Portalegre, o distrito com maior percentagem de farmácias em risco (34,8%), é no interior, no distrito vizinho de Évora, que se encontra o outro extremo da tabela, tendo apenas 8,1% de estabelecimentos em risco de fechar portas.
Alargar o tipo de serviços que as farmácias de comunidade prestam, evitar que as pessoas tenham que se dirigir aos hospitais para ir apenas buscar medicamentos ou possibilitar que as farmácias dêem mais acompanhamento a doentes crónicos, como são os casos de diabetes ou asma, são algumas das propostas referidas pelo presidente da associação.
A ANF precisaria de quatro mil subscrições para levar as suas propostas a discussão no parlamento, mas Paulo Duarte afirma que já foram entregues 56 mil assinaturas. A campanha continua até 31 de Março.