Santander sente-se prejudicado por injecções no Novo Banco “desde o início”

O presidente do Santander em Portugal defende que mais que analistar a concessão inicial de créditos, o mais importante é verificar "agora qual o destino desse dinheiro.

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Margarida Basto

O presidente executivo do Santander em Portugal afirmou hoje que desde o início se sente prejudicado pelas injeções de capital feitas no Novo Banco e admitiu que as polémicas na banca prejudicam a confiança no sector.

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O presidente executivo do Santander em Portugal afirmou hoje que desde o início se sente prejudicado pelas injeções de capital feitas no Novo Banco e admitiu que as polémicas na banca prejudicam a confiança no sector.

“Não me sinto prejudicado hoje, já me senti prejudicado desde o início”, afirmou hoje o presidente executivo do Santander Pedro Castro e Almeida, à margem da inauguração do Work Café Santander, que decorreu em Lisboa.

“É realmente uma situação diferente, diríamos mesmo no mercado europeu. Penso que felizmente, no mercado mais aberto, os nossos concorrentes não têm esta situação. Mas já me queixei há uns tempos, não vou queixar mais”, frisou o banqueiro.

Aos jornalistas, Pedro Castro e Almeida referiu que “é importante” analisar, não tanto onde é que os créditos foram inicialmente atribuídos, mas “agora qual é o destino desse dinheiro”.

O presidente executivo do Santander frisou também que acredita que está montado o governance para supervisionar todo o processo “desde o início” e mostrou-se optimista, acreditando que “vai correr bem”.

“Penso que vai correr bem. Não há razão alguma para não acreditar. Todos os mecanismos de controlo estão implementados”, frisou, acrescentando que “há vários fóruns, comités, pessoas que foram empossadas para verificar” o processo.

Questionado sobre se pensa tentar travar estas ajudas, como já fez o BCP, Pedro Castro e Almeida respondeu que não. “Se tivéssemos de tomar essa decisão já a teríamos tomado. A nossa posição foi não fazer nada”, respondeu.

O banqueiro comentou ainda que “cada vez que é feito um pedido entra-se numa turbulência muito grande”, mas “a única questão” que se coloca, na perspetiva dos bancos que estão a contribuir para o fundo de resolução, “é exactamente ter a certeza que a utilização desse dinheiro está a ser bem feita”.

Questionado sobre se recentes polémicas que envolvem a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Novo Banco afectam a imagem da banca portuguesa no exterior e minam a confiança no sector, Pedro Castro e Almeida respondeu que acredita que a grande maioria das notícias nacionais não chega lá fora.

“Felizmente lá fora não chegam, eu diria, 99% destas notícias. Acho que não ajuda dentro do ambiente de confiança deste sector”, referiu, acrescentando que considera haver muita “espuma” em torno do tema.

“Acho que isto é mais espuma, acho que é [um tema] muito importante, mas existem também fóruns que estão a verificar isso. Acho que se mistura aqui muita coisa e na realidade não sei se com tanta coisa à mistura se conseguem tirar as conclusões que têm de se tirar”, rematou o banqueiro.

O Santander inaugurou hoje o primeiro Work Café em Portugal, um novo modelo de balcão, que é simultaneamente uma cafetaria, possuindo um espaço de ‘co-working’ onde clientes e não clientes podem trabalhar, estudar ou promover uma reunião.

O Novo Banco anunciou no início do mês que vai pedir uma injecção de capital de 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução, tendo o Ministério das Finanças anunciado que “considera indispensável” a realização de uma auditoria para escrutinar o processo de capitalização deste banco.

No ano passado, para fazer face a perdas de 2017, o Novo Banco já tinha recebido uma injecção de capital de 792 milhões de euros do Fundo de Resolução, pelo que, a concretizar-se o valor pedido agora, as injecções públicas ficarão em mais de 1.900 milhões de euros.