Prémios pelo bom desempenho escolar, sim ou não?

Consoante as idades, os objetivos poderão aumentar. Mas devemos ter em mente uma recompensa o mais imediata possível! Recompensar não é “dar coisas”, é encontrar formas de motivação.

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Green Chameleon/Unsplash

“A escola é a tua principal obrigação Maria.”

A verdade faz-nos mais fortes

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“A escola é a tua principal obrigação Maria.”

“Tens de ir para a escola e dar o teu melhor porque a mãe e o pai também o fazem no trabalho, compreendes João?”

Quantas vezes já pensamos ou verbalizamos isto?

E a seguir chegam a casa com aquela nota… O insuficiente que poderia ser suficiente, o suficiente que poderia ser um bom, o bom que poderia… Enfim. O que fazer?

É a partir daqui que procuramos então outras soluções. E se chegarmos a um acordo, estabelecermos objetivos? Negociamos? “João/Maria, se tiveres um ‘bom’ no próximo teste de Matemática, poderás ter aquela consola ou smartphone que tanto desejas!”

Os olhos deles voltam a brilhar e até parece que a motivação voltou!

A partir desse momento, respiramos fundo, aguardamos! E os resultados começam a melhorar… “Uau, que bom! Parece estar mesmo a resultar” – pensamos nós. Até que tudo se complica. Oh não!

A matéria que deveriam agora saber, foi apenas “decorada” para o teste. O tempo estipulado para estudar, está novamente invadido por tantas outras coisas interessantes.

A Maria deixou de partilhar o seu dia com a família na hora da refeição, porque tem de ir aos vários grupos do WhatsApp ver o que por lá se passa. O João quer jantar no quarto enquanto joga Fortnite com os amigos. E assim, como que numa fracção de segundo, os nossos filhos estão cada vez mais isolados, mais distantes.

O rendimento escolar volta a diminuir. Recebemos aquela chamada ou aquele recado na caderneta, escrito pela Professora, a solicitar o agendamento de uma reunião porque há 3 dias que a Maria não faz os trabalhos de casa. Frustramos! Onde fica o nosso acordo? O que negociamos mais? E a responsabilidade e a autonomia não aparece?

E se, por outro lado, o António, um amigo do João, se esforçou, cumpriu as suas tarefas, fez os seus trabalhos de casa, tirou as dúvidas com o seu Professor, reviu a matéria com o pai e acabou por ter um resultado menos bom? É menos merecedor de uma recompensa?

Não! É importante que o esforço seja elogiado, independentemente dos resultados. Porque os bons resultados quase nunca são imediatos! E sentirmos que o nosso esforço e empenho é reconhecido, é meio caminho andado para não desistirmos.

Prémios pelo Esforço, pelo Empenho, é o primeiro passo! Vamos lá focar-nos no Essencial, vamos ser uma Equipa! Se isto é importante para nós adultos, não é menos importante para as nossas crianças e jovens!

Ajustamos e reajustamos objetivos, renegociamos quando necessário, mas nunca esquecemos o Elogio, o Reconhecimento… a Motivação. Começamos por objetivos curtos: fazemos um horário de estudo em conjunto e, se nessa semana for cumprido com sucesso, teremos um sábado de passeio em família. Conseguimos ter um dia sem estudar e ainda um momento de lazer partilhado! O melhor Prémio, um prémio para todos.

​Funciona ainda melhor se o João puder escolher algo que queira fazer: “Desta vez, és tu quem escolhe.” Pode ser uma experiência, uma vivência ou até mesmo uma brincadeira conjunta. Mas quando é o próprio a escolher, a motivação vem de dentro, é intrínseca, logo, com um efeito muito maior.

Criarmos um quadro de cortiça com os sucessos da Maria, pode ser também uma boa oportunidade de a continuar a motivar. Retirar uma tarde de domingo para elaborar este quadro com recurso a pinturas, desenhos ou colagens, de forma a ficar ao seu gosto e a ser colocado em exposição no seu quarto, para que se relembre sempre que o seu esforço e o seu empenho deram fruto! Estes sucessos podem ser expostos acompanhando-se de fotografias de família ou por pequenas notas feitas pelos pais que mostram o quão orgulhosos estão. Também os diplomas de reforço positivo, autocolantes ou carimbos podem trazer-nos outras ideias criativas de premiar e marcar o momento pela positiva.

Consoante as idades, os objetivos poderão aumentar. Mas devemos ter em mente uma recompensa o mais imediata possível! Recompensar não é “dar coisas”, é encontrar formas de motivação. Que nunca são iguais para todos! Mas que podem fazer a verdadeira diferença naqueles momentos mais críticos do ano letivo, de maior exigência e cansaço.