Tóquio 2020 podem ser os únicos Jogos com 50km marcha femininos

O COI ainda não se pronunciou sobre a inclusão da prova no programa olímpico, mas é praticamente certo que a mais longa corrida do atletismo vai deixar de existir.

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Ainda não é garantido que os Jogos de Tóqui tenham os 50km marcha femininos, como tiveram os Europeus de Berlim em 2018 Reuters/MICHAEL DALDER

Existe nos Jogos Olímpicos desde Los Angeles 1932, mas Tóquio 2020 pode bem ser a última presença olímpica da prova dos 50km marcha. A Federação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) anunciou nesta segunda-feira que concorda “em princípio” com as alterações propostas pelo seu Comité de Marcha e que incluem, entre outras medidas, a redução das duas distâncias da disciplina. Isto significa que os próximos Jogos poderão ser os únicos com os 50km marcha femininos, cuja integração no programa olímpico não é um dado adquirido, sendo que é uma prova que já existe em Mundiais e Europeus de atletismo, ambos com Inês Henriques a conquistar a medalha de ouro.

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Existe nos Jogos Olímpicos desde Los Angeles 1932, mas Tóquio 2020 pode bem ser a última presença olímpica da prova dos 50km marcha. A Federação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) anunciou nesta segunda-feira que concorda “em princípio” com as alterações propostas pelo seu Comité de Marcha e que incluem, entre outras medidas, a redução das duas distâncias da disciplina. Isto significa que os próximos Jogos poderão ser os únicos com os 50km marcha femininos, cuja integração no programa olímpico não é um dado adquirido, sendo que é uma prova que já existe em Mundiais e Europeus de atletismo, ambos com Inês Henriques a conquistar a medalha de ouro.

A IAAF quer manter a paridade de género nas provas da marcha atlética, mas com distâncias mais curtas. O comunicado do organismo fala da inclusão de duas distâncias entre quatro possíveis – 10km, 20km, 30km ou 35km – a partir de 2022, o que significa que ainda haverá provas de 50km marcha nas duas próximas edições de Mundiais (2019 e 2021) e Europeus (2020 e 2022), e esta e outras mudanças serão para “promover a disciplina nos grandes campeonatos e torná-la atractiva para novas audiências”.

Se essa paridade em distâncias mais curtas parece estar garantida para o futuro, ainda está por decidir o que irá acontecer nos Jogos de Tóquio. A IAAF divulgou neste domingo os critérios de apuramento para o atletismo olímpico de 2020, não incluindo mínimos para a prova feminina dos 50km marcha (mas incluindo a estafeta mista de 4x400m, o que será uma novidade), o que indicia que o Comité Olímpico Internacional ainda não tomou uma decisão nesta matéria.

“Ainda estou convencido que os 50km marcha femininos farão parte dos Jogos em 2020, mas, se calhar, só em 2020”, afirmou ao PÚBLICO Jorge Miguel, treinador de Inês Henriques, que se sagrou campeã mundial da distância em Londres 2017 e campeã europeia em Berlim 2018. “Em 2017, ninguém acreditava que elas iam fazer os 50km nos Mundiais e elas fizeram. O ano passado ninguém acreditava que iam fazer no Europeu e elas fizeram, e este ano vão estar em Doha [nos Mundiais] a fazer 50km. A minha convicção é que no Japão vão estar a fazer 50km ao lado dos homens”, acrescenta o treinador da campeã portuguesa.

A prova feminina dos 50km marcha é algo relativamente recente, em termos de títulos atribuídos e de recordes oficiais. Inês Henriques foi a primeira campeã mundial e europeia – em ambas as provas, as mulheres correram ao mesmo tempo que os homens - e foi também a primeira recordista mundial, com uma marca obtida em Porto de Mós (4h08m26s) a 17 de Janeiro de 2017, que seria melhorada a 13 de Agosto nos Mundiais de Londres (4h05m56s). No sábado passado, a chinesa Liu Hong, campeã olímpica dos 20km, tornou-se na primeira mulher a baixar das quatro horas, em 3h59m15s.

Segundo Jorge Miguel, está em andamento uma campanha para levar o COI a decidir-se pela integração da prova feminina. “Que lidera este processo é o advogado americano que, no passado utilizou o nome de várias atletas, entre as quais a Inês Henriques, e que sempre tem pressionado a IAAF e a Associação Europeia com o Tribunal do Desporto em nome da igualdade de género. Estou convencido que vai fazer o mesmo com o COI”, frisou o treinador, relembrando que, em Dezembro passado, esse advogado (Paul DeMeester) esteve na sede da IAAF com quatro atletas, saindo de lá com a garantia de que o organismo liderado por Sebastian Coe iria propor ao COI a inclusão da prova feminina nos Jogos de Tóquio.

Susana Feitor, uma das mais celebradas marchadoras do atletismo português, também acredita na inclusão dos 50km no programa de Tóquio 2020, “mesmo que saia no ciclo olímpico seguinte”. O fim da prova mais longa do programa atlético, garante ao PÚBLICO, será inevitável: “Compreendo a mudança que a mudança é necessária e aceito-a. Tenho dúvidas é sobre a mudança que foi aprovada pela IAAF [de 20km para 10km e de 50km para 30km] porque deixa de haver uma distância longa que testa a resistência. Mas a federações têm de investir mais tempo e recursos humanos na captação de jovens para a marcha, ou não haverá mudanças que valham.”