PSD-Açores dá ultimato a Rio: Mota Amaral vai em lugar elegível, ou não vai ninguém

Sociais-democratas açorianos consideram inaceitável o oitavo lugar proposto pela direcção nacional e acusam Rui Rio de divisionismo.

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Rui Rio atribuíu a Mota Amaral o 8.º lugar na lista Nelson Garrido

Inaceitável e divisionista. O PSD-Açores endureceu este sábado o discurso com a direcção nacional do partido, deixando um ultimato a Rui Rio: se Mota Amaral não for num lugar elegível na lista para o Parlamento Europeu, os social-democratas açorianos não indicam qualquer candidato para as europeias.

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Inaceitável e divisionista. O PSD-Açores endureceu este sábado o discurso com a direcção nacional do partido, deixando um ultimato a Rui Rio: se Mota Amaral não for num lugar elegível na lista para o Parlamento Europeu, os social-democratas açorianos não indicam qualquer candidato para as europeias.

Ao antigo presidente da Assembleia da República e fundador do PSD, a direcção nacional do partido ofereceu o oito lugar na lista, o que significa poucas ou nenhumas garantias de eleição.

“O PSD-Açores considera inaceitável a recusa de incluir o dr. João Bosco Mota Amaral em lugar de destaque na lista ao Parlamento Europeu”, sublinhou o presidente do partido na região autónoma, Alexandre Gaudêncio, no final da reunião da Comissão Política regional, que decorreu em Ponta Delgada.

A manter-se a decisão de “relegar” os Açores para um lugar não elegível, acrescentou o líder regional dos social-democratas, o PSD-Açores não indicará qualquer nome para a lista nacional do partido ao Parlamento Europeu.

“Irei ao Conselho Nacional do partido [próxima quarta-feira], para dizer que os Açores não abdicam de um lugar elegível na lista do PSD, tal como acontece há mais de 30 anos”, vincou, dizendo que os açorianos precisam de um partido e de um “líder nacional” que valorize todo o território e não crie “divisionismos”.

Primeiro estão os Açores e só depois o PSD

Gaudêncio, que recordou as palavras de Rui Rio quando encerrou o congresso regional do partido em Outubro passado — “primeiro estão os Açores e só depois o PSD” –, sustentou a escolha de Mota Amaral com o momento “determinante” para a região autónoma, quando estão a ser discutidos em Bruxelas os quadros comunitários de apoio.

“A indicação do nome proposto pelo PSD-Açores para integrar a lista nacional do partido ao Parlamento Europeu resultou da forte convicção de que, face ao risco de cortes em fundos fundamentais para a nossa região, só uma personalidade com o currículo e prestígio do dr. João Bosco Mota Amaral pode defender os interesses dos Açores”, argumentou Alexandre Gaudêncio, lembrando a “tradição de décadas” do PSD colocar os representantes das duas regiões autónomas em posição elegível na lista para as europeias.

Um prática, disse, fundamentada na autonomia políticas dos dois arquipélagos e nas características específicas que fazem com que os Açores e a Madeira sejam diferenciados nos sucessivos tratados da União Europeia com estatuto de Região Ultraperiférica. “Tal não acontece com nenhum distrito do continente”, nota Gaudêncio, insistindo que o PSD açoriano tem a “legítima expectativa” de ver Mota Amaral em lugar elegível e cimeiro na lista do partido.

Por um lado, porque se trata de uma personalidade que “prestigia” tanto o PSD-Açores como o PSD nacional. Por outro, pela tal tradição que coloca sempre os candidatos das regiões autónomas nos primeiros lugares da lista.

Ao PSD-Madeira, que indicou o nome da actual eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar, sabe o PÚBLICO, Rio terá oferecido o sexto lugar na lista, mas só mais próximo da comissão nacional vai confirmar essa posição.