No ringue luminoso da ModaLisboa, com Mavericks e ravers
Os desfiles da 52.ª edição da ModaLisboa começaram esta sexta-feira. Primeiro vieram a concurso os jovens criadores do Sangue Novo. A completar o dia estiveram nomes como Valentim Quaresma e Ricardo Preto.
Nem todas as passerelles são criadas à mesma imagem. Umas estendem-se por um longo corredor, outras obrigam os manequins a ziguezaguear e outras quebram os moldes. Nesta edição da ModaLisboa, a sala de desfiles assemelha-se mais a um ringue, com um formato quadrado e uma construção luminosa no centro. Um cenário em linha com a competição de jovens talentos Sangue Novo, que deu o arranque para os três dias de desfiles, como é habitual. Ainda nesta sexta-feira, apresentaram as suas colecções criadores da plataforma Lab, bem como Valentim Quaresma e, a encerrar o dia, Ricardo Preto.
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Nem todas as passerelles são criadas à mesma imagem. Umas estendem-se por um longo corredor, outras obrigam os manequins a ziguezaguear e outras quebram os moldes. Nesta edição da ModaLisboa, a sala de desfiles assemelha-se mais a um ringue, com um formato quadrado e uma construção luminosa no centro. Um cenário em linha com a competição de jovens talentos Sangue Novo, que deu o arranque para os três dias de desfiles, como é habitual. Ainda nesta sexta-feira, apresentaram as suas colecções criadores da plataforma Lab, bem como Valentim Quaresma e, a encerrar o dia, Ricardo Preto.
A 52.ª edição da ModaLisboa regressa ao Pavilhão Carlos Lopes, onde se instalou no final de 2017. No ano passado, a organização trocou as voltas ao Sangue Novo — em vez de uma apresentação semestral, o concurso passou a ser anual, com duas fases. Assim, esta sexta-feira apresentaram as suas colecções os seis criadores que foram seleccionados pelo júri há seis meses.
Três deles saíram premiados: O criador britânico Archie Dickens conquistou o prémio The Feeting Room, ganhando lugar na concept store portuguesa; Federico Protto foi o vencedor do prémio melhor designer internacional, recebendo o convite para apresentar uma nova colecção na plataforma Workstation, na próxima edição da ModaLisboa, em Outubro; e Carolina Raquel recebeu o prémio ModaLisboa — e, assim, entrada num mestrado em Fashion Design, na Polimoda, em Florença, bem como uma bolsa de 5000 euros.
Para Carolina Raquel, criar uma marca própria é um objectivo de longo prazo. Antes disso quer aprender com as grandes casas internacionais. Durante o curso de design de moda no London College of Fashion, estagiou para criadores como Christopher Kane e Simone Rocha. “O meu plano é trabalhar em alta-costura e, depois de algum tempo, talvez criar a minha marca. Acho que é importante trabalhar na indústria, em vários países. Aprende-se muitas coisas válidas”, comenta ao CULTO.
A criadora elogia o novo formato do concurso. “Não nos deixam seis meses sozinhos. Ao longo destes seis meses fomos tendo algum apoio do júri. Há um acompanhamento que é muito útil”, conta. Em Dezembro, por exemplo, mostraram uma colecção desenhada e em Janeiro tiveram novamente uma reunião para mostrar as peças.
Já Federico Protto tem uma ideia alternativa para o seu percurso no mundo da moda. “Quero trabalhar mais com artistas performativos. Não tenho o plano de ser a marca”, atira. “Acho que os jovens designers já não deveriam aprender isso. Devem mas é aprender a serem criativos. E encontrar novas variações. Ter a sua própria voz e perceber onde podem trabalhar”, continua. O criador trabalha um pouco por toda a Europa. Além de dar aulas, e trabalhar com diferentes artistas em cidades como Liubliana e Budapeste, prepara-se para o lançamento em breve de uma revista associada à Universidade de Viena, da qual será director criativo.
O passado e o futuro na moda
Ana Duarte — criadora da marca Duarte — escolheu a Half Moon Bay, na Califórnia, como destino de Inverno. Não havia como enganar. A colecção de Outono/ Inverno reflecte as ondas do mar nos padrões azulados e o estilo relaxado dos surfistas que frequentam a zona revela-se nas peças desportivas com tecidos à prova de água. Alguns deles faziam até lembrar fatos de surf. O último manequim entrou na passerelle acompanhado por um cão semelhante àquele que deu o nome às ondas gigantes que tornaram a zona conhecida, o Mavericks.
Do mar, deu-se o salto para a noite. Mais concretamente, um misto da cultura dos ravers nos anos 90 e da cena actual de Berlim. Carolina Machado quis apresentar o “verdadeiro guarda-roupa de sair à noite”. Assim, cruzou os neons com os camiseiros, as redes com o vinil e o tie dye “psicadélico” com a alfaiataria.
Valentim Quaresma transformou peças de carros, mota e canalização numa colecção que olha para o futuro com “lembranças do passado”. Usando um termo mais actual, é uma colecção de upcycling. “É uma coisa que já trabalho quase desde o início da minha carreira. Desde miúdo, quando comecei a brincar com os materiais. Não é uma coisa recente no meu trabalho”, aponta o criador. A colecção é, por isso, o resultado de uma busca de materiais. “Vou à feira da ladra, coisas que me dão, coisas que encontro na Internet, no lixo”, conta o criador.
A fechar o primeiro dia de desfiles esteve Ricardo Preto, que jogou também com as noções de passado e futuro. “Esta colecção vive da ideia de escolher, não pensar no futuro, de ter a necessidade de fazer tudo, ainda hoje, antes do dia seguinte”, descreve o criador, em comunicado.
A ModaLisboa — que este ano decorre sob o tema “Insight” — continua até domingo, com um total de 31 colecções. No sábado desfilam nomes como Luís Carvalho e Awaytomars. Na quinta-feira, apresentaram as suas colecções cápsula quatro jovens criadores, nas Carpintarias de São Lázaro.