Genebra volta a transformar-se na capital do automóvel e dos sonhos

Viagem ao Salão de Genebra. Entre os modelos para servirem o dia-a-dia do comum dos mortais e outros que só têm lugar nos sonhos da maioria, incluindo o carro mais caro de sempre, a Suíça é por estes dias a capital do automóvel.

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Longe vão os tempos em que nenhuma marca se arriscava a ser uma ausência em Genebra, provavelmente o mais democrático salão automóvel europeu pelo facto de se realizar fora do território dos grandes emblemas. Hoje, as políticas orçamentais ditam uma acção diferente e algumas marcas optam pela ausência desta grande montra, sobretudo quando os calendários de lançamento de produto não coincidem com as do salão suíço.

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Longe vão os tempos em que nenhuma marca se arriscava a ser uma ausência em Genebra, provavelmente o mais democrático salão automóvel europeu pelo facto de se realizar fora do território dos grandes emblemas. Hoje, as políticas orçamentais ditam uma acção diferente e algumas marcas optam pela ausência desta grande montra, sobretudo quando os calendários de lançamento de produto não coincidem com as do salão suíço.

Mas, ainda assim, Genebra continua a reunir as novidades mais interessantes para a Europa, que desfilam pelo Palexpo até dia 17. Exemplo disso são as estreias mundiais dos utilitários da Peugeot e da Renault, que nas últimas gerações têm vido a protagonizar uma contínua batalha no segmento B, onde se inserem. Nesta nova geração, porém, os dois utilitários parecem seguir caminhos distintos.

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O Clio surge como uma evolução da anterior geração, sobretudo por fora, em que obedece aos mesmos códigos estéticos. Mas, por dentro, mostra-se mais tecnológico e funcional do que nunca, adoptando o sistema Multi-sense e podendo ser equipado com som premium da Bose. Já sob o capot residem as maiores novidades: além de propostas a gasolina e a gasóleo, anuncia uma variante híbrida, a ser lançada em 2020. O E-Tech é composto por um bloco a gasolina de 1,6 litros e dois engenhos eléctricos, apoiados numa bateria de 1,2 kWh. De acordo com a marca, esta solução admite uma circulação em cidade até 80% do tempo em modo eléctrico, resultando numa poupança de combustível fóssil de até 40%.

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Já a Peugeot vai mais longe e parece romper totalmente com o passado. O 208 chega com a linguagem de design que tem valido uma boa apreciação ao topo de gama 508 (e que há um par de anos já tinha colocado o 3008 numa boa posição), estreando uma nova geração do i-Cockpit, que será incluído de série, e que revoluciona os interiores. No capítulo das motorizações, a marca de Paris inicia, com o utilitário, uma nova política que será abrangente a toda a gama: a inclusão de variantes eléctricas e plug-in entre os propulsores propostos, sem que isso interfira na concepção do automóvel. O e-208, que quase não se distingue dos congéneres a combustão, quer a gasolina quer a gasóleo, surge apoiado numa bateria de 50 kWh, o que lhe permite anunciar uma autonomia de 340 quilómetros WLTP (450km, NEDC). Ainda em destaque no stand do emblema gaulês esteve o concept 508 Peugeot Sport Engineered, que antecipa o futuro de uma linha electrificada de elevada potência – a marca fala numa potência equivalente a 400cv e numa autonomia eléctrica de até 50 quilómetros.

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Também no caminho da electrificação, sem esquecer o prazer de condução, está a Cupra, submarca de performance criada há um ano pela Seat, que apresentou o protótipo Formentor, um SUV com traços de coupé, alimentado por uma solução híbrida de ligar à corrente, que anuncia uma potência de 245cv. Pela Honda, o futuro também inclui a electricidade e, aparentemente, mais depressa do que se poderia esperar. O Honda E Prototype, 100% eléctrico e assente numa nova plataforma, deverá chegar às linhas de produção ainda este ano, sendo de esperar que chegue com uma autonomia em torno dos 200 quilómetros.

Alvo de muita curiosidade esteve o novo Polestar 2, um quatro portas familiar que promete uma autonomia em torno dos 500 quilómetros e potência a rodos (os dois motores eléctricos que o integram irão gerar uma potência equivalente a 408cv), prometendo rivalizar com o Tesla Model 3.

Da Alemanha, também chegam propostas voltadas para a redução de emissões de escape. A Audi aposta em quatro modelos com propostas híbridas plug-in, nos A6, A7 Sportback, A8 e Q5, e a BMW exibe o mesmo tipo de solução dos séries 3 e 7 e no X5. Já a Mercedes transporta a política ambiental para outro segmento, exibindo uma derivação eléctrica da Classe V: a nova EQV.

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Ainda no segmento dos eléctricos, mas com vocação exclusivamente urbana, a Citroën, que celebra em 2019 os seus 100 anos de existência, apresentou o Ami One, um quadriciclo, com velocidade limitada a 45 km/h e cem quilómetros de autonomia, enquanto a Seat exibiu o Minimó, que, concebido para apenas dois ocupantes, sentados um atrás do outro, chegará preparado para a condução autónoma de nível quatro.

Uma nova vaga de SUV
Se o interesse pela carroçaria tipo SUV continua a crescer, então as marcas continuam a alimentar os desejos dos mercados. A começar pela Mazda, que conseguiu guardar a sete chaves a mais recente entrada na sua gama. O CX-30, que se situa entre o CX-3 e o CX-5, é uma das estreias mundiais de Genebra e o segundo veículo da marca nipónica a ser desenvolvido a partir da plataforma SVA, que serve de base ao recém-lançado Mazda3 – no fundo, enquanto o CX-3 tem por base o utilitário Mazda2, o CX-30 foi construído a partir do familiar 3, o que lhe confere uma melhorada habitabilidade e funcionalidade. Também ao nível do design, o CX-30 mostra as novas opções da marca, que optou por desistir das linhas vincadas para trabalhar com as luzes e as sombras.

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Outra estreia a ter debaixo de olho é o Kamiq da Skoda, que se vem juntar aos maiores Karoq e Kodiaq e promete apimentar a guerra entre os SUV compactos, dando cartas na habitabilidade, como de resto é hábito com a marca checa. Novidade sob o capot é a inclusão de uma variante a gás natural.

Da casa-mãe Volkswagen, e com produção em Palmela, o T-Roc R, uma versão mais dinâmica do T-Roc, brilha em Genebra com uma versão muito próxima do que será a sua final: pára-choques mais agressivo, spoiler traseiro pronunciado, jantes de até 19'’, quatro saídas de escape, suspensão rebaixada e direcção progressiva. De frisar ainda que adopta os discos de travão do Golf R e que incluirá um modo de condução para pista.

Ainda em fase de estudo, mas vindo da Nissan, cujo Qashqai ditou de certa forma a “febre” dos SUV, a referência é quase obrigatória. A marca escolheu Genebra para revelar o IMQ que estará na base da revolução da sua gama de sport utility vehicle.

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Além de uma nova linguagem de design, de linhas bem vincadas e superfícies a exporem robustez, o IMQ incorpora as tecnologias que a marca nipónica pretende usar no futuro em todos os seus veículos, como o sistema de propulsão e-Power, que utiliza um motor a gasolina como apoio às baterias que alimentam os blocos eléctricos que, por seu turno, fornecem energia às rodas. Isto resulta num carro eléctrico de longo alcance. No caso do IMQ, este sistema debita 340cv e é associado a tracção integral.

Na terra dos sonhos
Um passeio pelo Salão de Genebra pode ser também uma viagem à terra dos sonhos – de velocidade, de elegância, de robustez. Claro que há sempre uns mais realizáveis do que outros. No capítulo dos sonhos mais alcançáveis esteve a revelação mundial do 911 Cabriolet, com a Porsche a guardar para a Europa a variante descapotável da nova geração do icónico automóvel, em tudo semelhante ao coupé que lhe serve de base: chega com as mesmas motorizações e tecnologias, estando disponível tanto na versão Carrera S como Carrera 4S. No tejadilho está a diferença: a nova capota, em lona e com óculo traseiro em vidro, estreia um sistema hidráulico que permite que o seu utilizador a abra ou feche em apenas 12 segundos, podendo realizar a operação em andamento (até 50 km/h).

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Outro modelo que pode constar dos sonhos de muitos é o novo Toyota Supra, que deverá chegar aos mercados ainda este ano, em Genebra vestido a preceito para as pistas, com o concept GR Supra GT4.

Mas se há carros com que apenas algumas carteiras podem sonhar, também há os que nem algumas. Talvez umas poucas. Pelos preços astronómicos, mas também pelo parco número de unidades produzidas. É o caso do Continental GT Number 9 Edition, uma série de 100 unidades criada para assinalar o centésimo aniversário da luxuosa Bentley e que se inspirou no Blower que correu em Le Mans em 1930 com o número 9.

Do luxo da Bentley para as propostas ultrapotentes, a Lamborghini pavoneia-se por Genebra com o Huracán EVO, nas variantes Coupé e Spyder, cujo bloco de 5,2 litros, de dez cilindros em V, produz 640cv para cumprir acelerações em torno dos três segundos. Para ter acesso a um, “basta” amealhar 200 mil euros (mais quase outro tanto para impostos).

Na senda das marcas que mais atracções atraíram esteve a novel Piëch, fundada há três anos pelo bisneto de Ferdinand Porsche, que apresentou o seu primeiro modelo concebido de raiz: o Mark Zero é um desportivo eléctrico de dois lugares, assente numa plataforma modular que virá a acolher motorizações distintas, que diz oferecer 500 quilómetros de autonomia. Talvez se se evitar cumprir a aceleração anunciada: 3,2 segundos dos 0 aos 100 km/h!

Outro intruso neste ninho de vespas que é o mundo dos hipercarros é a Aston Martin, que chegou a Genebra com o Valkyrie que alberga um V12 atmosférico de 1000cv associado a um engenho eléctrico que permite subir a potência para os 1170cv. Preço anunciado: 2,8 milhões de euros (sem impostos).

Já a Pininfarina homenageia o seu fundador com um modelo a que lhe dá o seu nome: Battista. E este Battista faz justiça ao homem que deixou uma marca entre os automóveis desportivos. Com 1900cv gerados exclusivamente por motores eléctricos, o superdesportivo atinge a marca dos 100 km/h em menos de dois segundos e os 300 km/h chegam em 12 segundos… O preço também é exclusivo: 2,2 milhões de dólares (1,95 milhões de euros), antes de impostos.

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Ainda assim, não é o carro mais valioso desta mostra. Esse estatuto cabe a La Voiture Noire, que a Bugatti apresenta como o veículo mais caro de sempre: 11 milhões de euros, antes de impostos. Não vale a pena, porém, fazer contas à vida. A produção está limitada a uma unidade e esta já tem dono.

A Fugas viajou a convite da Peugeot Portugal