O Fundo Soberano da Noruega e Portugal
Felizmente para a Noruega que o seu Fundo Soberano não é gerido por políticos portugueses. Por cá, o que deixamos aos que ainda não nasceram é dívida pública para pagar e dinheiro público para cobrir desvarios levados a cabo num banco qualquer. Tudo sem responsáveis.
O Fundo Soberano da Noruega tem como objetivo transformar os ganhos do petróleo norueguês em investimentos à escala global, que por sua vez geram rendimentos suplementares e crescentes.
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O Fundo Soberano da Noruega tem como objetivo transformar os ganhos do petróleo norueguês em investimentos à escala global, que por sua vez geram rendimentos suplementares e crescentes.
Uma vez que o petróleo não dura para sempre, este fundo visa precaver as necessidades das gerações vindouras daquele país. Atualmente, o fundo está valorizado em cerca de 200.000 euros por cada cidadão norueguês. Efetuam investimentos imobiliários, compram posições em empresas e investem em dívida pública de países. Além de serem investimentos diversificados em ramos de atividade e em termos geográficos, são geridos de acordo com rigorosos princípios éticos.
O Fundo já desinvestiu em diversas empresas pois estas seguiram princípios considerados não éticos pela comunidade internacional, como sejam a violação dos direitos humanos, desrespeito pelos direitos dos trabalhadores ou causaram danos ambientais. É o único Fundo Soberano do mundo cotado com a nota máxima no importante “ranking” da transparência.
Se Portugal tivesse recursos naturais que lhe permitissem ter assim um fundo soberano, como este seria gerido? Em primeiro lugar não seria gerido, pois as verbas já não existiam. Não haveria já nada para gerir e provavelmente no seu lugar os excedentes dariam lugar a mais dívida pública.
Já teríamos mais uns quantos aeroportos, centenas de kms de TGV, mais submarinos e quem sabe naves espaciais. Tudo comprado em nome do desenvolvimento económico do país e dos superiores interesses da nação, sem esquecer as habituais comissões, contratos e concessões atribuídas aos amigos, porque aos inimigos não vale a pena.
Bastava que os dez habitantes de Vila Nova de Qualquer Coisa reclamassem que demoram 11 minutos a chegar a Vila Nova de Outra Coisa Qualquer, para ser urgente encontrar uma solução para resolver este problema. Uma autoestrada, um TGV, um aeroporto ou algo parecido seria a solução ideal, pois isso criaria oportunidades para os amigos. Principalmente isso, oportunidades para os amigos.
Felizmente para a Noruega que o seu Fundo Soberano não é gerido por políticos portugueses e preocupam-se em criar excedentes para as gerações vindouras. Por cá o que deixamos aos portugueses que ainda não nasceram é dívida pública para pagar e dinheiro público para cobrir desvarios levados a cabo num banco qualquer. Tudo sem responsáveis.
O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico