Berlim é a primeira (e única) cidade da União Europeia a fazer do Dia da Mulher feriado
O feriado celebra-se nas vésperas do 100.º aniversário do sufrágio feminino (em Berlim, a primeira mulher votou a 19 de Março de 1919).
Este ano, o Dia Internacional da Mulher é feriado em Berlim. A proposta foi apresentada ao Parlamento regional da cidade-estado, pela coligação no poder (composta pelo Partido Social Democrata, Verdes e Die Linke) e foi aprovada no final de Janeiro.
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Este ano, o Dia Internacional da Mulher é feriado em Berlim. A proposta foi apresentada ao Parlamento regional da cidade-estado, pela coligação no poder (composta pelo Partido Social Democrata, Verdes e Die Linke) e foi aprovada no final de Janeiro.
É caso único na União Europeia, mas há mais países que consideram o dia 8 de Março feriado. É o caso de Angola, Guiné-Bissau, Vietname e Rússia – que “herdou” o dia do tempo da União Soviética.
Em Berlim, fazer do dia 8 de Março um feriado não foi fácil. A proposta não foi aprovada por unanimidade e contou com atrito por parte da CDU de Angela Merkel, do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e do Partido Liberal Democrático (FDP).
“Enquanto for preciso lutar pela igualdade entre homens e mulheres, nos salários ou na política, precisamos de um dia que nos recorde disso, com um feriado, para dar mais relevo a este assunto”, disse Silke Gebel, a líder parlamentar dos Verdes em Berlim, à agência Lusa.
Berlim é o único estado alemão da actualidade a reconhecer o Dia da Mulher como feriado, mas este dia já tinha sido celebrado antes nos estados de Leste, quando ainda estavam sob a alçada da União Soviética. Essa celebração durou até aos 1990, de acordo com a BBC.
“Sei que há a tradição dos países chamados socialistas fazerem isso, mas o que nós queremos realmente é começar uma nova tradição, apoiada no feminismo, que seja como o Dia do Trabalhador, em que se luta pela igualdade e pela justiça laboral. Porque temos um longo caminho até que a mulher consiga de facto ter os mesmos direitos”, acrescentou a líder parlamentar.
É o mesmo argumento apresentado pela ministra da Família e das Mulheres, Franziska Giffey, que viajou pelos subúrbios de Berlim num camião do lixo na quinta-feira para desafiar os estereótipos de género em profissões dominadas pelos homens.
“Tem-se feito muito nos últimos anos no que respeita à igualdade de género”, disse ao Deutsche Welle. “Estamos no 100.º aniversário do sufrágio feminino [em Berlim, a primeira mulher votou a 19 de Março de 1919] mas ainda há muito a fazer.”
“Temos de garantir que as mulheres podem não só ser activas em posições de liderança, mas em todas as profissões. Temos de garantir que todas as profissões sociais são valorizadas. Temos de garantir que se faz mais contra a violência doméstica, especialmente contra as mulheres”, completou.
O Dia 8 de Março foi assinalado, pela primeira vez, em 1975, ano internacional das mulheres para as Nações Unidas. No ano seguinte, ficou decidido que a data marcaria o Dia Internacional da Mulher. Todos os anos, a ONU escolhe um tema para este dia. Em 2019 é “Think Equal, Build Smart, Innovate for Change” (ou “Pensar igual, construir de forma inteligente e inovar pela mudança”, numa tradução literal).
A primeira vez que se celebrou o dia da Mulher foi em 1909, nos Estados Unidos – mas a 28 de Fevereiro e não a 8 de Março, de acordo com o site das Nações Unidas. Foi a data escolhida pelo Partido Socialista norte-americano para homenagear as trabalhadoras têxteis que saíram à rua para se manifestar, em 1908, contra as condições de trabalho que enfrentavam.
Em 1917, mas desta vez na Rússia, as mulheres voltaram fizeram greve para pedir “pão e paz” no último domingo de Fevereiro – que, no calendário gregoriano, usado pelos países de ocidentais, calhou a 8 de Março.