Antigo director da campanha de Trump condenado a quase quatro anos de prisão
Paul Manafort foi considerado culpado de oito crimes e ainda pode vir a ser condenado a mais dez anos de prisão num outro processo.
Paul Manafort, o antigo director da campanha eleitoral de Donald Trump que foi considerado culpado de oito crimes em Agosto passado, foi condenado esta quinta-feira a quatro anos de prisão.
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Paul Manafort, o antigo director da campanha eleitoral de Donald Trump que foi considerado culpado de oito crimes em Agosto passado, foi condenado esta quinta-feira a quatro anos de prisão.
Manafort, de 69 anos, foi arrastado para o centro das investigações criminais sobre as suspeitas de conluio entre a campanha eleitoral de Trump e o Governo da Rússia durante as eleições presidenciais de 2016. Essa investigação é liderada pelo procurador especial Robert Mueller desde Maio de 2017.
No decorrer das investigações, a equipa de Mueller descobriu que Paul Manafort escondeu das autoridades norte-americanas milhões de dólares ganhos como consultor de Viktor Ianukovich, o antigo Presidente da Ucrânia e próximo de Vladimir Putin.
Para além de ter fugido aos impostos, Manafort entregou declarações falsas a vários bancos para obter empréstimos milionários, com o objectivo de manter o seu estilo de vida opulento.
A equipa do procurador especial Robert Mueller tentou forçar Paul Manafort a colaborar nas investigações contra Donald Trump. Tal como é habitual acontecer nestes processos, as acusações feitas à margem da principal investigação são usadas para obter informações mais importantes. Mas Manafort nunca colaborou com os investigadores, ainda que tenha chegado a assinar uma declaração nesse sentido.
“O réu culpa toda a gente pelos seus crimes, desde a equipa do procurador especial aos seus clientes ucranianos", disse a acusação durante o julgamento. Os procuradores disseram que o juiz deve ter em consideração o facto de Manafort ter continuado a mentir depois de se disponibilizar a colaborar.
O antigo director de campanha de Donald Trump tem ainda de conhecer uma segunda sentença, neste caso pela sua condenação por dois crimes de conspiração de que se declarou culpado em Setembro – a pena vai ser anunciada na próxima quarta-feira e pode chegar aos dez anos de prisão. Acredita-se que o juiz desse processo vai acrescentar os anos de prisão à sentença conhecida esta quinta-feira.
A abertura das investigações sobre o Presidente Trump e a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 vieram a resultar na queda em desgraça de Manafort, uma figura de destaque nos corredores do Partido Republicano desde a década de 1970 – foi conselheiro nas campanhas dos presidentes Gerald Ford, Ronald Reagan e George Bush.
Na década de 1980 fundou uma empresa de lobby juntamente com Roger Stone, um velho amigo de Donald Trump e também ele envolvido nas investigações do procurador Mueller.
Foi através dessa empresa que Manafort trabalhou para figuras como Viktor Ianukovich, mas também para o antigo líder da UNITA, Jonas Savimbi, e Ferdinand Marcos, ex-Presidente das Filipinas.
Ao todo, a equipa do procurador Mueller já apresentou acusações formais contra 34 pessoas, incluindo Roger Stone e Rick Gates, adjunto de Manafort na campanha mas que acabou por ser a principal testemunha contra ele.
O resultado final das investigações vai ser apresentado ao responsável pelo Departamento de Justiça nos próximos dias ou semanas. Os opositores de Trump esperam que o relatório inclua provas de conluio com a Rússia para prejudicar a campanha de Hillary Clinton e de obstrução da Justiça.
Seja qual for o resultado, esse relatório só será tornado público se o attorney general assim o decidir, mas o Congresso terá direito a conhecer um resumo do documento. É a partir desse relatório que a liderança do Partido Democrata na Câmara dos Representantes decidirá se abre, ou não, um processo de destituição contra o Presidente Trump.