Na cervejaria Canil de Lisboa, a cerveja não ladra mas morde

Há novo reino da cerveja artesanal na Baixa. E quer conquistar os portugueses com uma centena de marcas, petiscos de primeira e um recorde: 32 cervejas artesanais à pressão.

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Miguel Manso

“Nova cervejaria na Baixa? Isso é só para turistas.” Esta citação de abertura resume o que este vosso escriba ouviu quando anunciou que ia a este Canil, que acabou de abrir portas em Lisboa. Ariane Monteiro, cara metade da casa, tem resposta para isso: “Não, não. Temos os turistas mas queremos especialmente que quem mora aqui nos visite.” Promessa: “Nada de preços proibitivos.” É que a Canil quer ser uma “plataforma de divulgação da cerveja artesanal” e leva isto muito a sério: o balcão apresenta um recorde de 32 torneiras de cerveja artesanal – seis da casa, 20 portuguesas, seis internacionais – e a ementa engarrafada ultrapassa a centena de rótulos.

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“Nova cervejaria na Baixa? Isso é só para turistas.” Esta citação de abertura resume o que este vosso escriba ouviu quando anunciou que ia a este Canil, que acabou de abrir portas em Lisboa. Ariane Monteiro, cara metade da casa, tem resposta para isso: “Não, não. Temos os turistas mas queremos especialmente que quem mora aqui nos visite.” Promessa: “Nada de preços proibitivos.” É que a Canil quer ser uma “plataforma de divulgação da cerveja artesanal” e leva isto muito a sério: o balcão apresenta um recorde de 32 torneiras de cerveja artesanal – seis da casa, 20 portuguesas, seis internacionais – e a ementa engarrafada ultrapassa a centena de rótulos.

“Havia quem dissesse que eram de mais, que numa zona turística bastava ter meia dúzia e pronto. Mas essa não é a nossa proposta”, garante Ariane, que tem um objectivo: “Quem quer saber o que há de melhor, ou mais inusitado, ou mais interessante, na cerveja artesanal em Portugal, tem que vir aqui, porque é aqui que vai estar.” “Temos cervejas do Algarve à Maia, do produtor muito pequeno às fábricas grandes”, conta.

É um fartote que começa nas da casa, produzidas na fábrica da Sadina em Setúbal e na Beertec de Queluz: uma Weiss muito Verão com meloa e manjericão, a dourada Belgian Blonde Ale, a frutada Session IPA, a carregada Neipa, a levemente picante Red Ale, a poderosa Russian Imperial Stout. E passa por criações lusas como a Nortada, Chica, Dois Corvos, Musa ou Post Scriptum (há que provar a Simbiose deste produtor, feita com mosto de uva, choque surpreendente entre vinho branco e cerveja) – sendo que estas existem todas à pressão. Pelas internacionais, a volta ao mundo passa pelas belgas, alemãs ou britânicas, pelas americanas, espanholas ou checas.

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Miguel Manso

Vamos entrando neste mundo sentados à mesa corrida central da casa e Ariane, ligada à actividade bancária, conta como nasceu isto tudo, graças à paixão do marido, Leandro Claro, engenheiro de produção, pela cerveja. Começaram no Brasil, ainda no apartamento do casal, mas “era muita tralha”. Depois, um apoio familiar deu-lhes outro espaço, um velho canil que marcaria o futuro. Agora, a “cerveja do canil” tem por logótipo um cão mitológico e a sua cervejaria tem uma parede decorada com Anúbis, o deus egípcio com cabeça canídea, deus dos mortos, guardião do submundo e de tesouros (lembrete: o Egipto é um dos berços milenares da cerveja). “Fomos até advertidos para mudar o nome mas não quisemos. Faz parte da nossa história”, brinda, orgulhosa. “E a cerveja artesanal é um mundo que tem o seu quê de rebeldia”, um mundo “rock’n’roll”.

Se das bebidas estamos falados, passemos à espuma no topo do copo, a comida. Não fica atrás da cerveja e foi pensada para harmonizar com a bebida da casa. A ementa de petiscos, criada pelo chef Guga Rocha – um especialista, também brasileiro, em gastronomia lusa, que assinou, por exemplo, cartas para o Hotel Ritz, baseou-se na tradição e ingredientes portugueses e reinventou acepipes pensados para uma união perfeita com a cerveja. O menu de degustações é, aliás, prova disso.

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Miguel Manso

A leveza de uma weiss une-se a um tapilhau (tapioca, bacalhau à Brás e pesto), uma pepita de alheira casa com os fumados caramelizados de uma red ale, um queijo empanado com mel e alecrim fumado entre rúculas digladia amargores e derretimentos com uma Neipa forte em lúpulo e, como se não bastasse, um brownie que à partida parece muito seco ilumina-se na humidade poderosa de uma stout produzindo notas de fumados, torrados, baunilha e café ou castanhas.

A ementa também existe fora desta carta de harmonias e pode incluir tartines (que as há até de porco preto), hambúrgueres substanciais, um caldinho de moqueca mais Brasil ou uns camarões do cervejeiro, cogumelos recheados com queijo e alheira ou até fish’n’chips à lisboeta (detalhe: com carapaus).

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DR

Entre comidas e bebidas, Ariane deixa um remate final: “Queremos que o Canil seja um agente da democratização da cerveja artesanal.” Tão democrático que, sim, também aceita cães.

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