The Irishman, de Martin Scorsese, vai ser a produção mais cara do Netflix
Fala-se num custo superior a 175 milhões de dólares. Estreia está anunciada para o Outono, nas salas e no serviço de streaming.
O invólucro fumegante de uma bala completa os nomes de Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci e Harvey Keitel. Começa assim o anúncio de menos de um minuto do novo filme de Martin Scorsese, The Irishman, que lhes acrescenta apenas os nomes do realizador e do argumentista, Steven Zaillian, e o horizonte da estreia: no próximo Outono, nos cinemas e também no Netflix.
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O invólucro fumegante de uma bala completa os nomes de Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci e Harvey Keitel. Começa assim o anúncio de menos de um minuto do novo filme de Martin Scorsese, The Irishman, que lhes acrescenta apenas os nomes do realizador e do argumentista, Steven Zaillian, e o horizonte da estreia: no próximo Outono, nos cinemas e também no Netflix.
The Irishman, recorde-se, é a grande aposta desta plataforma de streaming no domínio do cinema, num filme que começou a ser rodado no Verão de 2017 e se encontra actualmente em pós-produção. Adapta o livro de Charles Brandt, I Heard You Paint Houses, que conta a história de Frank Sheeran, o confessado autor do assassínio do líder sindical americano Jimmy Hoffa, misteriosamente desaparecido em 1975 e dado como morto apenas em 1982, depois de o seu corpo nunca ter sido encontrado.
Já antes de Roma, de Alfonso Cuarón, e agora depois deste título que acrescentou, no palmarés do realizador mexicano, o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro ao Leão de Ouro do Festival de Veneza, será de The Irishman que certamente se vai continuar a falar, quando se falar das produções e das estratégias do Netflix para rivalizar com os grandes estúdios da indústria norte-americana do cinema.
Já se sabia que, e à imagem do que aconteceu com Roma, The Irishman vai primeiro ser estreado num circuito restrito de salas – a notícia fora avançada no final de 2018 por Robert De Niro. Agora, o Le Figaro lança mesmo a hipótese de o novo filme de Scorsese ter a sua primeira apresentação mundial em Cannes. “É o filme que o Festival de Cannes se orgulharia de apresentar, se a direcção do evento chegar a acordo com o Netflix”, avança o diário francês. (Recorde-se que, na edição do ano passado, e depois da polémica de 2017, esta plataforma de streaming retirou cinco produções suas perante a intransigência do delegado-geral do festival, Thierry Frémaux, que exigia a posterior distribuição dos filmes em sala).
Le Figaro avança também, citando a revista norte-america Esquire, que o custo de produção de The Irishman deverá ultrapassar os 175 milhões de dólares (mais de 155 milhões de euros), tornando-se assim no mais caro filme do próprio Martin Scorsese, após os 150 milhões de dólares que custou A Invenção de Hugo (2011), e simultaneamente a mais dispendiosa produção do Netflix, depois de Bright (2017), um thriller assinado por David Ayer e protagonizado por Will Smith, que custou 90 milhões de dólares.
Os custos avultados de The Irishman são em parte justificados pela necessidade de fazer rejuvenescer digitalmente os seus actores, nalguns casos cerca de 30 anos, numa história recheada de flashbacks.
Ainda segundo o jornal francês, as apostas do Netflix no cinema vão continuar a envolver verbas chorudas, avançando a soma de 150 milhões de dólares para a produção do próximo filme de Michael “Transformers” Bay, uma história policial com milionários mascarados, 6 Underground, com Ben Hardy, Ryan Reynold e Adria Arjona.
Números bem distantes dos da produção de Roma, que terá custado apenas 15 milhões de dólares, mas no qual o Netflix apostou depois fortemente (o The New York Times falou em 25 milhões de dólares para a sua promoção, mas ouviram-se números superiores) na campanha publicitária que levaria o filme de Alfonso Cuarón a conquistar três Óscares – situação que esteve na origem da polémica levantada por Steven Spielberg, quando, na semana passada, exigiu à Academia de Hollywood a mudança dos regulamentos de forma a dificultar a chegada à cerimónia do Teatro Dolby, em Los Angeles, de plataformas como o Netflix, que não cumprem o percurso normal de circulação nas salas das produções dos estúdios.