Memórias de antiga fábrica de Coimbra vão ganhar cor a partir de bordados

De 14 a 16 de Março, as memórias da fábrica de lanifícios que em tempos ocupou o Convento São Francisco, em Coimbra, vão ser bordadas a partir de fotografias. O resultado será exposto, no mesmo convento, de 30 de Março a 12 de Maio

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FIO — Memórias como Matéria-Prima

Fotografias antigas da fábrica de lanifícios que em tempos ocupou o Convento São Francisco, em Coimbra, vão ganhar cor, a partir de bordados criados no contexto de oficinas comunitárias e estarão depois expostas naquele espaço da cidade.

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Fotografias antigas da fábrica de lanifícios que em tempos ocupou o Convento São Francisco, em Coimbra, vão ganhar cor, a partir de bordados criados no contexto de oficinas comunitárias e estarão depois expostas naquele espaço da cidade.

A iniciativa dá continuidade a FIO — Memórias como Matéria-Prima, que em 2016 pintou rostos de pessoas ligadas àquela antiga fábrica nas ruas da cidade, em localidades vizinhas e no interior do Convento São Francisco, disse à agência Lusa a coordenadora do projecto, Lara Seixo Rodrigues.

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Jayme Planas Coronellas com filho Victorino DR

Nesta segunda fase, o projecto, promovido pela Câmara Municipal de Coimbra, vai desafiar as pessoas da cidade a participarem em três oficinas comunitárias no Café Santa Cruz, Ateneu e Convento São Francisco, de 14 a 16 de Março, em que vão bordar por cima de fotografias antigas impressas em formato de 80 centímetros por 60, explanou.

"Temos uma fotografia antiga que normalmente é a preto e branco ou sépia e vamos dar cor a essas pessoas. Vamos bordar, com vários tipos de ponto, dando novos padrões e cores à roupa, desenhando os cabelos das pessoas. Basicamente, cada participante pode ser uma espécie de stylist, um designer de moda", enquanto borda por cima das fotografias, descreveu Lara Seixo Rodrigues.

Se em 2016 a iniciativa se tinha focado nos rostos de antigos trabalhadores e proprietários da fábrica que ocupou durante quase 100 anos o Convento São Francisco (transformado agora em espaço cultural e centro de congressos), hoje a atenção dirige-se para o colectivo, trabalhando fotografias em grupo dos trabalhadores ou dos familiares dos responsáveis da fábrica.

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Depois dessa primeira fase, "muita gente, que tinha trabalhado na fábrica, começou a entregar memórias, fotografias e registos da fábrica ao Convento". "Estava na altura de voltar a trabalhar estas memórias, através das fotografias cedidas por antigos trabalhadores e familiares."

Com as oficinas (sem limite de idades), Lara Seixo Rodrigues espera também que seja possível acrescentar informação às fotografias, assumindo "algum desejo" que as pessoas que aparecem nos registos se comecem a acusar.

O resultado das oficinas, que se propõem a criar dez bordados sobre fotografia, estará em exposição no Convento São Francisco de 30 de Março a 12 de Maio. A segunda fase de FIO é novamente desenhado pela Mistaker Maker — Plataforma de Intervenção Artística, contando com a participação do projecto A Avó Veio Trabalhar — "um espaço criativo de co-criação artesanal para pessoas com mais de 65 anos", iniciado em 2012 —, responsável pelas oficinas.