Marcelo começa visita a Angola com "fortíssima vontade política" para enfrentar "imponderáveis"

João Lourenço salientou os avanços que representam os 35 acordos assinados com Portugal em sete meses. Marcelo Rebelo de Sousa promete "afectos que valem mais do que mil intenções".

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O clima é de grande proximidade e nem o assunto da dívida de Angola a empresas portuguesas foi "tabu". Os dois chefes de Estado, de Angola e Portugal, estão empenhados em mostrar que os dois países estão numa "parceria estratégica segura" capaz de enfrentar os "imponderáveis" políticos, económicos e culturais mundiais.

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O clima é de grande proximidade e nem o assunto da dívida de Angola a empresas portuguesas foi "tabu". Os dois chefes de Estado, de Angola e Portugal, estão empenhados em mostrar que os dois países estão numa "parceria estratégica segura" capaz de enfrentar os "imponderáveis" políticos, económicos e culturais mundiais.

Marcelo Rebelo de Sousa e João Lourenço fizeram esta quarta-feira de manhã uma conferência de imprensa conjunta que assinala o início da visita de Estado do Presidente português a Angola e os dois esforçaram-se para passar a ideia de que as relações entre os dois estados estão melhores do que nunca, apesar de ainda estarem num processo de evolução. Enquanto professor, diz Marcelo, "estou habituado a dar classificações. Classificaria o nível actual de relações políticas, económicas, sociais e culturais, todas, como excelentes", disse Marcelo Rebelo de Sousa, explicando que isso "significa uma classificação de topo para aquilo que vivemos nos últimos seis meses e vamos continuar a viver", porque se "trata de um processo que não está concluído".

Questionado sobre a solidez da relação, se esta está preparada para imponderáveis do futuro que possam redundar em "irritantes" - como foi classificado o caso de Manuel Vicente -, o Presidente da República respondeu: "Vivemos num mundo imponderável, por isso é que esta parceria é tão importante, para que haja pilares seguros, para que haja uma parceria estratégica segura e esta é uma parceria estratégica segura para enfrentar todos os imponderáveis da política, economia mundial".

Tal parceria vai ficar firmada em 11 acordos, que se juntam aos 13 assinados quando João Lourenço esteve em Portugal e aos 11 assinados quando António Costa esteve em Angola, perfazendo um total de 35 acordos estratégicos. Estes dados foram por diversas vezes salientados por João Lourenço que ironizou com o facto de já estarem esgotados todos os domínios e no futuro já não haver o que assinar. "Em sete meses, assinar 35 instrumentos de cooperação só pode ter um significado [que houve] uma vontade férrea de ambos os países de manterem-se de mãos dadas, cooperando nos mais diversos domínios em prol do desenvolvimento dos países, pelo bem-estar dos povos de Angola e de Portugal", disse o presidente angolano.

"Vontade" foi também uma palavra utilizada e repetida por Marcelo pelo menos cinco vezes em poucos segundos, para garantir que houve essa tal "vontade política" de todas as partes, incluindo do primeiro-ministro português António Costa para que fosse possível não só assinar os acordos, mas para não "deixar que os acordos e convenções ficassem no papel, mas que passassem à prática".

Um dos acordos diz respeito à dívida de Angola a empresas portuguesas. O presidente angolano referiu-se à questão dizendo que "não é nenhum tabu" e garantiu que o Estado angolano irá respeitar os compromissos sobre este assunto. Contudo, não referiu o valor exacto da dívida - há um diferendo entre os dois países sobre esse valor total - porque, garantiu, é um processo que ainda não está terminado. "O valor exacto é assunto para ser visto a nível ministerial. O que gostaria de garantir é que existe da parte de Angola existe o compromisso firme", assumiu.

Um dos pontos sobre a dívida de Angola a empresas portuguesas tem a ver com a forma de pagamento - as empresas queixam-se das elevadas comissões bancárias para transformar os títulos da dívida angolana que estão a ser dados como forma de pagamento. João Lourenço desvaloriza e diz que "a forma de pagamento não é imposta e Angola propõe caso a caso". "Não existe com certeza nenhum credor que diga que lhe foi imposta uma forma de pagamento", assegurou.