PSD e CDS desafiam PS a propor comissão de inquérito à actuação do Banco de Portugal no BES

Cecília Meireles critica a "gravidade" das declarações do primeiro-ministro ao associar o Novo Banco a "banco péssimo".

Fotogaleria

O PSD e o CDS desafiam o PS a avançar com uma proposta de comissão parlamentar de inquérito sobre a actuação do Banco de Portugal no BES (após 2014), depois de o primeiro-ministro ter deixado essa sugestão esta quarta-feira de manhã.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O PSD e o CDS desafiam o PS a avançar com uma proposta de comissão parlamentar de inquérito sobre a actuação do Banco de Portugal no BES (após 2014), depois de o primeiro-ministro ter deixado essa sugestão esta quarta-feira de manhã.

“Se alguém tomar a iniciativa de apurar essas responsabilidades o PSD não votará contra”, assegurou o deputado do PSD Duarte Pacheco, lembrando que cabe ao partido que suporta o Governo avançar com essa proposta depois da sugestão de António Costa.

O deputado social-democrata sustentou que o “Governo não pode aligeirar as responsabilidades que tem” no caso do Novo Banco e que nem o executivo nem o Banco de Portugal podem “ficar de fora” do escrutínio.

Pelo CDS, a vice-presidente da bancada Cecília Meireles lembrou que António Costa também é secretário-geral do PS e que, se defende uma comissão de inquérito, “então faça o favor de avançar com a proposta”. A deputada criticou ainda as declarações do primeiro-ministro sobre a separação do Banco Espírito Santo e do Novo Banco que avaliou ter resultado entre um “banco mau e um banco péssimo”. Cecília Meireles considerou que essas declarações, feitas esta manhã no Parlamento, “são de uma gravidade e irresponsabilidade inaceitáveis em relação a um banco que está aberto e em que o Estado é accionista”.

O primeiro-ministro foi questionado pelos jornalistas, esta manhã, sobre o período em que deveria incidir a auditoria pedida pelo Governo ao Novo Banco e defendeu que deveria abranger o período antes da resolução, em 2014. A auditoria seria semelhante à que realizada à Caixa Geral de Depósitos e que permitiu apurar os créditos ruinosos para o banco público. No actual sistema, defendeu António Costa, “não seria correcto o Governo ordenar uma auditoria ao Banco de Portugal”, tendo em conta que foi o regulador que geriu o Novo Banco desde 2014. O primeiro-ministro disse mesmo que "não ficaria bem ao Governo" assumiu ter dúvidas que, do ponto de vista constitucional, pudesse auditar BdP". 

António Costa disse compreender a posição do Presidente da República – que defendeu uma auditoria após a resolução - e sugeriu que para escrutinar esse período posterior a 2014 seria mais adequado comissão parlamentar de inquérito.

Pessoa atenta

A partir de Luanda, Marcelo Rebelo de Sousa recusou comentar a sugestão do primeiro-ministro, mas referiu que está atento. Questionado sobre este assunto à saída da Universidade Agostinho Neto, o Presidente da República afirmou: "Já sabem qual é a minha posição. Eu quando estou no estrangeiro não respondo a questões de política interna. Eu, aliás, já tinha percebido que me iam fazer essa pergunta."

Interrogado se já tinha sido informado sobre as declarações feitas pelo primeiro-ministro, António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Eu sou uma pessoa atenta ao que se passa em todo o mundo". com Lusa