A noite em que o Ajax transformou o Santiago Bernabéu numa galeria de arte
Emblema holandês venceu por 1-4 e eliminou o Real Madrid, vencedor da Liga dos Campeões nos últimos três anos.
Quem viu, queria ver mais. Quem não viu, não sabe o que perdeu. O Ajax fez história com um triunfo categórico sobre o Real Madrid no Santiago Bernabéu (1-4), na segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, invertendo a desvantagem que trazia do jogo em Amesterdão (1-2) e avançando para a próxima fase da prova. As palavras não fazem justiça à magnitude do que a equipa holandesa conseguiu: derrubou, perante os seus adeptos, o clube que há três anos consecutivos reinava na Champions. E, sobretudo, fê-lo em grande estilo, com golos extraordinários e uma exibição para os manuais do futebol.
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Quem viu, queria ver mais. Quem não viu, não sabe o que perdeu. O Ajax fez história com um triunfo categórico sobre o Real Madrid no Santiago Bernabéu (1-4), na segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, invertendo a desvantagem que trazia do jogo em Amesterdão (1-2) e avançando para a próxima fase da prova. As palavras não fazem justiça à magnitude do que a equipa holandesa conseguiu: derrubou, perante os seus adeptos, o clube que há três anos consecutivos reinava na Champions. E, sobretudo, fê-lo em grande estilo, com golos extraordinários e uma exibição para os manuais do futebol.
A Liga dos Campeões era a tábua de salvação que restava a Santiago Solari e ao Real Madrid. Vindo de duas derrotas consecutivas frente ao rival Barcelona, que deixaram os “merengues” fora da Taça do Rei e com 12 pontos de desvantagem relativamente aos catalães na Liga espanhola, só um êxito europeu poderia amenizar o naufrágio em que a temporada se transformou. Mas a equipa de Solari, que parecia carregar aos ombros o peso do mundo inteiro, foi presa fácil para o Ajax, que dava a impressão de ser um bando de miúdos a desfrutar intensamente do futebol, com a naturalidade de quem joga num parque com os amigos.
Sergio Ramos não esteve em campo, após ter forçado o cartão amarelo na partida da primeira mão (seria castigado pela UEFA com um jogo adicional de suspensão). As coisas teriam sido diferentes com ele? Talvez sim, talvez não. Sem Ramos, seria o outro central do Real Madrid a protagonizar o primeiro destaque do jogo, com Varane a cabecear à trave (4’). Mas o Ajax não tremeu e a resposta foi avassaladora. Tadic roubou a bola a Kroos, acelerou pela direita e ofereceu o golo a Ziyech, que não desperdiçou. E aos 18’ a assistência voltou a ser de Tadic: rodopiou sobre Casemiro e depois deixou Neres só com Courtois pela frente. O brasileiro “picou” a bola sobre o guarda-redes para o 0-2, que colocava o Ajax nos quartos-de-final.
Só que a tempestade ainda mal tinha começado a abater-se sobre Solari. Em poucos minutos perdeu Lucas Vázquez e Vinícius por lesão, sendo obrigado a lançar Bale e Asensio. O Ajax não abrandava, com Ziyech a obrigar Courtois a fazer uma boa defesa (35’), e antes do intervalo os “merengues” voltavam a dar sinal de vida: Bale surgiu pelo lado esquerdo mas acertou no poste.
Determinado a fazer pela vida, o Real Madrid entrou na segunda parte muito pressionante, mas as ameaças de Asensio e Benzema não foram além de provocar calafrios. E o Ajax cavalgava o entusiasmo dos jogadores que não pareciam estar a fazer mais do que divertir-se.
Tadic assinou o 0-3 num grande golo: a jogada começou com Mazraoui a impedir que a bola saísse pela linha lateral (ficam algumas dúvidas, mas após análise demorada o videoárbitro descartou qualquer irregularidade), Van de Beek conduziu para o sérvio, que tirou um adversário do caminho e desferiu um remate sem hipótese para Courtois.
Passavam a ser precisos três golos para o Real Madrid sonhar com a presença nos quartos-de-final. Num derradeiro estertor, a equipa de Solari ainda pareceu querer animar-se a lutar pela eliminatória quando Asensio, após passe de Reguilón, rematou fora do alcance de Onana e reduziu a desvantagem.
Mas era uma esperança vã. Em mais um momento brilhante numa noite que já era inesquecível, Schöne fez logo a seguir um golo monumental, num livre descaído sobre o lado esquerdo do ataque do Ajax, marcado directamente à baliza. Um rasgo para ser apreciado em museus e galerias e ser aplaudido de pé.
Ziyech ainda teve o 1-5 nos pés, mas só com a baliza pela frente atirou por cima (86’). E um Real Madrid que já estava de joelhos capitulou finalmente com a expulsão de Nacho, no período de compensação. Derrotados pela quarta vez consecutiva em casa, aos “merengues” resta esperar que a época acabe – e ainda faltam mais de dois meses...
Com a noite mágica de Madrid quase poderia esquecer-se que aconteceu outro jogo dos “oitavos”: o Tottenham venceu em Dortmund (0-1, golo de Harry Kane), confirmando a vantagem que trazia da primeira mão e chegou aos quartos-de-final da Liga dos Campeões pela terceira vez na sua história.