Prémio Nobel da Literatura está de regresso e terá dois vencedores

Galardão literário não foi atribuído em 2018, depois de escândalos sexuais e fugas de informação. Academia Sueca irá premiar dois escritores na cerimónia deste ano.

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Prémio literário não foi entregue em 2018 Fabrizio Bensch / REUTERS

Depois de, em 2018, pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, o Prémio Nobel da Literatura não ter sido atribuído, a Academia Sueca irá juntar o galardão do ano passado ao de 2019, com dois escritores a serem galardoados na cerimónia deste ano.

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Depois de, em 2018, pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, o Prémio Nobel da Literatura não ter sido atribuído, a Academia Sueca irá juntar o galardão do ano passado ao de 2019, com dois escritores a serem galardoados na cerimónia deste ano.

Nos meses que antecederam o anúncio do vencedor, o dramaturgo e fotógrafo francês Jean-Claude Arnault, marido de um dos membros da academia, foi acusado de ter assediado sexualmente 18 mulheres e de ter divulgado antecipadamente alguns nomes de escritores que viriam a receber o Nobel. Jean-Claude Arnault foi condenado pelo crime de violação e sentenciado a dois anos de prisão efectiva.

As acusações de assédio sexual e fugas de informação — seguidas da demissão de vários elementos da academia — forçaram a instituição a cancelar a entrega do prémio literário. “A decisão foi tomada porque a academia se sente actualmente diminuída e com reduzida confiança do público”, podia ler-se no comunicado que informava a decisão de não entregar o Nobel da Literatura.

O escândalo de 2018 motivou a Academia Sueca a tomar medidas que permitam “criar boas oportunidades para a restauração de confiança”. Normalmente composto por cinco membros que recomendam um laureado ao resto da Academia, o comité do Nobel passou a incluir ainda cinco especialistas externos e independentes — que incluem autores e críticos literários — que participarão no processo de selecção dos candidatos ao prémio.

Na Suécia são várias as vozes discordantes à maneira como a Academia lidou com as acusações. Citado pelo New York Times, Björn Wiman, editor de Cultura do Dagens Nyheter, jornal sueco que revelou o escândalo, discorda que se entreguem dois prémios: “Acho que a decisão correcta seria entregar um prémio, e deixar o de 2018 [por entregar]. Seria uma lembrança daquilo que aconteceu e da maneira catastrófica como a academia lidou com as alegações”.

A cerimónia de entrega do prémio literário deverá acontecer em Outubro, com o diário norte-americano a afirmar que os vencedores escolhidos pela academia poderão causar algum desconforto. Como exemplo, relembram a edição de 2016, quando Bob Dylan foi premiado com o Nobel da Literatura