Até 2070, cerca de 1700 espécies de animais correm grande risco de extinção e a culpa é nossa

Num cenário moderado, 1700 espécies irão perder entre 30 e 50% do seu presente habitat em 50 anos.

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A extinção dos antílopes Michael S. Helfenbein

Cerca de 1700 espécies animais correm risco acrescido de desaparecer até 2070, devido à ocupação humana dos seus habitats, estima-se num estudo divulgado esta segunda-feira na revista científica Nature Climate Change. África, América do Sul e Sudeste Asiático são considerados continentes críticos.

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Cerca de 1700 espécies animais correm risco acrescido de desaparecer até 2070, devido à ocupação humana dos seus habitats, estima-se num estudo divulgado esta segunda-feira na revista científica Nature Climate Change. África, América do Sul e Sudeste Asiático são considerados continentes críticos.

A lista engloba 886 espécies de anfíbios, 436 espécies de aves e 376 espécies de mamíferos. O Oreophryne monticola (um anfíbio da Indonésia), o cobo-do-nilo (antílope do Sudão do Sul), o trepador-sobrancelha (ave do Brasil) e o joão-da-palha (ave do Brasil, Argentina e Uruguai) estão entre as espécies que poderão perder quase metade do seu habitat nos próximos 50 anos.

Num cenário moderado, estas 1700 espécies irão perder entre 30 e 50% do seu habitat até 2070. E as espécies de animais que vivem na África Central e do Leste, na América Central e do Sul e no Sudeste Asiático irão sofrer as maiores perdas de habitat e, por isso, o seu risco de extinção será maior, avisa-se no estudo.

A equipa coordenada pela Universidade de Yale (Estados Unidos) fez estimativas com base em informação sobre a distribuição geográfica actual de 19.400 espécies e em projecções sobre as alterações da ocupação do solo. Os cientistas esperam que o trabalho possa ajudar os decisores políticos a prevenirem e a mitigarem os efeitos do cenário agora previsto.

“As perdas nas populações das espécies podem dificultar de forma irreversível o funcionamento dos ecossistemas e da qualidade da vida humana”, afirma Walter Jetz, da Universidade de Yale e um dos autores do estudo, num comunicado sobre o trabalho. “Enquanto a perda de biodiversidade em partes remotas do planeta não nos irá afectar directamente, as suas consequências para a subsistência humana poderão ecoar por todo o mundo.”