Desanimados com políticos, ucranianos preferem um comediante para Presidente
Volodimir Zelensky, um célebre humorista e actor, lidera as sondagens para as eleições presidenciais de 31 de Março.
Há quem diga que a política é uma comédia e, na Ucrânia, há um candidato às eleições presidenciais que quer provar que chegou a hora de um comediante alcançar a chefia do Estado. Numas eleições que não apresentam nada de novo a uma sociedade que só pensa em mudança, o humorista Volodimir Zelensky lidera as sondagens e tornou-se um candidato que deve ser levado a sério.
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Há quem diga que a política é uma comédia e, na Ucrânia, há um candidato às eleições presidenciais que quer provar que chegou a hora de um comediante alcançar a chefia do Estado. Numas eleições que não apresentam nada de novo a uma sociedade que só pensa em mudança, o humorista Volodimir Zelensky lidera as sondagens e tornou-se um candidato que deve ser levado a sério.
A ascensão de Zelensky é uma daquelas situações em que a realidade se inspira na ficção. O actor de 41 anos é a personagem principal de uma sitcom muito popular em que desempenha o papel de um professor que ganha as eleições presidenciais depois de fazer discursos inflamados contra a corrupção da classe política. E é precisamente isso que Zelenksii está a fazer na vida real.
Tirando proveito da sua popularidade – o seu partido recém-fundado chama-se Servo do Povo, tal como a série em que se celebrizou –, Zelensky tomou de assalto a campanha eleitoral com tiradas contra os políticos estabelecidos, com destaque para o actual Presidente, Petro Poroshenko, que procura manter-se no cargo.
A campanha de Zelensky escolheu a corrupção como a prioridade, e com isso tem conquistado o apoio da grande massa de eleitores descontentes com o rumo da antiga república Soviética. Uma sondagem publicada no início da semana pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev atribui a Zelensky mais de 26% das intenções de voto, com Poroshenko (18%) e a ex-primeira-ministra Iulia Timochenko (14%) a uma considerável distância.
Os comícios que Zelensky organiza têm o ambiente de um espectáculo de stand-up, descreve o The Guardian. “Por que quer Poroshenko um segundo mandato? Para não ir para a prisão”, disse o candidato num discurso esta semana. A inexperiência e os laços de Zelensky ao oligarca Igor Kolomoiskii, proprietário do canal que transmite a série do comediante, são as principais objecções à sua candidatura.
As hipóteses de Zelensky ser eleito a 31 de Março são elevadas num contexto de profundo descontentamento dos ucranianos com a classe política que tem governado o país desde 2014, quando grandes manifestações em Kiev precipitaram a queda do então Presidente Viktor Ianukovitch.
Um estudo recente mostrava que 70% dos ucranianos consideram que o país está no rumo errado e culpam Poroshenko pelos poucos progressos alcançados na luta contra a corrupção e pelo impasse na guerra no Leste do país contra os separatistas pró-russos.