Nélida Piñon partilha prémio com língua portuguesa e escritores brasileiros
A atribuição do Prémio Literário Vergílio Ferreira, instituído pela Universidade de Évora, à escritora foi decidida, em Dezembro, em reconhecimento pela "latitude e profundidade da sua obra".
A escritora brasileira Nélida Piñon mostrou-se esta sexta-feira "agradecida" por ter recebido o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2019, instituído pela Universidade de Évora, afirmando que o galardão é para "a língua portuguesa" e para "os escritores brasileiros".
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A escritora brasileira Nélida Piñon mostrou-se esta sexta-feira "agradecida" por ter recebido o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2019, instituído pela Universidade de Évora, afirmando que o galardão é para "a língua portuguesa" e para "os escritores brasileiros".
"É um prémio para a língua portuguesa e eu acho que é um prémio para os escritores brasileiros", afirmou a autora, em declarações aos jornalistas, no final da cerimónia de entrega do galardão, que se realizou na sala dos docentes da academia alentejana.
Nélida Piñon considerou que "os prémios têm sempre um carácter de consolo em relação às adversidades literárias", mas vincou que, no seu caso, como é "dada aos prazeres, às aventuras e venturas humanas", junta este à sua "história pessoal".
A escritora contou que está em Portugal há cerca de um ano e que esta temporada termina, no domingo, com o seu regresso ao Brasil, referindo que, depois de saber da distinção, não teve oportunidade para "reler um livro" de Vergílio Ferreira.
"Admirei desde muito cedo" a obra do autor que dá nome ao prémio da Universidade de Évora (UÉ), "tanto que eu escrevi para ele e ele respondeu-me", sublinhou Nélida Piñon, indicando que essas cartas estão no seu arquivo literário no Brasil.
"Mas eu estou em Portugal, de modo que não podíamos ter acesso a essas cartas e eu não pude citar uma frase, mas elas existiram e foram uma grande alegria para mim", disse, acrescentando que foi "fascinante ganhar o prémio" que tem o nome de "um grande escritor" que admirou na sua adolescência.
A atribuição do prémio à escritora foi decidida, em Dezembro, em reconhecimento pela "latitude e profundidade da sua obra".
O júri foi composto pelos professores Antonio Sáez Delgado (UÉ, que presidiu), Cláudia Afonso Teixeira (UÉ), Fernando Cabral Martins (Universidade Nova de Lisboa) e Ângela Fernandes (Universidade de Lisboa) e pela jornalista Anabela Mota Ribeiro.
Nascida no Rio de Janeiro, Brasil, em 1937, Nelida Piñon foi a primeira mulher a presidir à Academia Brasileira de Letras, tem uma extensa produção literária, traduzida em diversas línguas, e foi distinguida com prémios como Jabuti, Rosalía de Castro, Casa de las Americas e Príncipe de Astúrias das Letras, entre outras distinções.
Convidada de honra do festival literário Correntes d' Escritas, na Póvoa de Varzim, que encerrou no passado domingo, tem editados em Portugal títulos como A República dos Sonhos, Livro das horas e Aprendiz de Homero, assim como o seu mais recente romance, Uma Furtiva Lágrima, que chegou às livrarias no final de Janeiro.
O prémio da UÉ, instituído em 1996 em homenagem ao escritor Vergílio Ferreira, autor de Até ao Fim e Para Sempre, distingue anualmente o conjunto da obra de um autor de língua portuguesa.
A escritora Maria Velho da Costa foi a primeira distinguida com o Prémio Vergílio Ferreira, a que se seguiram, entre outros, Mia Couto, Almeida Faria, Eduardo Lourenço, Agustina Bessa-Luís, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio, Luísa Dacosta, José Gil, Hélia Correia, Lídia Jorge e João de Melo.
Em 2018, foi premiado o escritor Gonçalo M. Tavares.