Foi por causa das exportações que a economia abrandou em 2018
Vendas ao estrangeiro abrandaram na segunda metade do ano mais do que as importações, contribuindo decisivamente para a descida da variação do PIB de 2,8% em 2017 para 2,1% em 2018.
O abrandamento mais forte das exportações do que das importações, com a tendência a agravar-se sobretudo no final do ano, são a principal explicação para o abrandamento da economia portuguesa em 2018 face ao ano anterior.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O abrandamento mais forte das exportações do que das importações, com a tendência a agravar-se sobretudo no final do ano, são a principal explicação para o abrandamento da economia portuguesa em 2018 face ao ano anterior.
Os dados, publicados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, confirmam aquilo que já tinha sido revelado para o valor do PIB na estimativa rápida divulgada há duas semanas. O PIB português registou, durante o quarto trimestre do ano, uma variação de 0,4% em cadeia (face ao trimestre imediatamente anterior) e uma variação face ao período homólogo do ano anterior de 1,7%. No total de 2018, o crescimento registado foi de 2,1%, um valor que ficou abaixo dos 2,8% de 2017 e da última estimativa do Governo, feita em Outubro, de 2,3%.
Agora, o INE acrescenta a informação referente à evolução das diversas componentes do PIB, o que permite perceber o que explica o abrandamento da economia em 2018, em particular na parte final do ano. Sem surpresa, num cenário de deterioração da conjuntura internacional, é no desempenho das exportações que se detecta uma evolução menos positiva.
Segundo o INE, em 2018, as exportações portuguesas cresceram 3,7%, um valor que compara com os 7,8% que se tinham registado em 2017. O resultado de 2018 é o mais baixo desde 2012.
É verdade que, em simultâneo, também houve um abrandamento das importações, de 8,1% em 2017 para 4,9% em 2018. No entanto, o facto de o abrandamento das exportações ter sido mais forte que o das importações conduziu a que o contributo da procura externa líquida para a variação do PIB tenha sido em 2018 mais negativo do que no ano anterior, passando de -0,3 pontos percentuais em 2017 para 0,7 pontos em 2018.
Em contrapartida, do lado da procura interna o contributo para o crescimento da economia, embora positivo, também diminui ligeiramente, de três pontos percentuais em 2017 para 2,7 pontos em 2018. Isto aconteceu sobretudo porque o crescimento do investimento abrandou de 9,2% para 5,6% em 2018, enquanto o consumo privado acelerou apenas ligeiramente (de 2,3% para 2,5%).
A tornar a situação mais preocupante está o facto de a tendência de abrandamento das exportações se ter vindo a acentuar ao longo do ano. A variação trimestral deste indicador face ao período homólogo do ano anterior começou o ano em 4,9%, ainda acelerou para os 7% no segundo trimestre, mas depois caiu na segunda metade, ficando-se por uma variação homóloga nula no quarto trimestre.
Nos últimos três meses do ano, as importações cresceram 3,2% face ao mesmo período do ano anterior, o que fez com que o contributo para a variação do PIB fosse mais negativa.