Cristas acusa Governo de "fintar" professores e não se compromete com acordos na AR

Bloco de Esquerda já anunciou que, se o executivo aprovar um decreto lei sobre o tempo de serviço dos professores, ele será alto de uma apreciação parlamentar. PCP fala em procurar, no quadro da Assembleia da República, "as melhores contribuições e soluções".

Fotogaleria

A líder do CDS-PP acusou nesta terça-feira o Governo de "andar a fintar" os professores na negociação para recuperar o tempo de serviço e não se comprometeu quanto a um eventual entendimento no Parlamento com a esquerda.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A líder do CDS-PP acusou nesta terça-feira o Governo de "andar a fintar" os professores na negociação para recuperar o tempo de serviço e não se comprometeu quanto a um eventual entendimento no Parlamento com a esquerda.

"O CDS lamenta que o Governo esteja a fintar os professores. O primeiro-ministro e o ministro das Finanças ora fazem de polícia bom, ora de polícia mau", afirmou Assunção Cristas aos jornalistas, à margem de uma visita à SISAB 2019, salão internacional do sector alimentar e bebidas, que decorre em Lisboa.

Cristas recordou as últimas posições de António Costa, primeiro de que "ia negociar", depois que "estava pessimista", e de Mário Centeno, "a dizer que não havia dinheiro para nada".

O Governo "tem feito um péssimo trabalho, tem cortado as pontes de diálogo", acusou.

Questionada várias vezes sobre um eventual entendimento com os partidos de esquerda, para uma apreciação parlamentar (confirmar uma lei do Governo na Assembleia da República), por exemplo, a líder centrista nunca se comprometeu com os votos do CDS, em nome "da responsabilidade".

E até enviou um recado ao Bloco de Esquerda, referindo-se à moção de censura apresentada pelo CDS, na semana passada no Parlamento: "Esta mesma esquerda que quer fazer alianças à direita teve uma boa oportunidade para correr com o governo na semana passada e não o quis fazer."

Assunção Cristas lembrou que "há muito" que o seu partido pediu informações concretas sobre as condições, inclusivamente financeiras, para negociar uma solução com os sindicatos dos professores, e depois "poder avaliar" a questão.

"O CDS pauta-se sempre por uma atitude responsável", disse, garantindo que estar "ao lado dos alunos que querem concluir o ano com tranquilidade" e dos professores que querem que "o ano corra bem", sempre na "defesa de uma escola com tranquilidade".

Na reunião negocial de segunda-feira entre sindicatos e representantes dos ministérios da Educação e das Finanças as propostas mantiveram-se inalteradas dos dois lados: Os professores exigem a recuperação de cerca de nove anos e o Governo diz só poder devolver cerca de três anos.

PCP procurará soluções

Também o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, avisou esta terça-feira o Governo de que "não basta sentar-se à mesa com os professores", e pediu um "diálogo efectivo" para concretizar o que está previsto no Orçamento do Estado.

Questionado que iniciativas pode tomar o partido no Parlamento, o líder comunista assegurou que o PCP procurará, no quadro da Assembleia da República, "as melhores contribuições e soluções", mas remeteu o papel essencial para o executivo socialista, até por considerar que a legislação "já existe".

"Deveria ser o próprio Governo a assumir com naturalidade este facto: o OE reconhece este direito aos professores, não está em causa esse direito, está em causa a questão do tempo e do modo, onde existe grande disponibilidade dos professores", afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, à margem de uma visita à SISAB 2019, salão internacional do sector alimentar e bebidas, que decorre em Lisboa.

Inquirido sobre a primeira ronda negocial entre Governo e sindicatos deste ano, na segunda-feira, na qual o executivo reiterou a mesma proposta, o secretário-geral do PCP defendeu que o Governo não pode chegar às negociações "com uma mão cheia de nada".

"Pensamos que o Governo comete um erro ao não atender e responder às reivindicações justas e legítimas e dar resposta a um problema muito sentido por sectores da sociedade portuguesa", afirmou, alargando a necessidade de diálogo a classes como os enfermeiros, magistrados ou forças de segurança.

Jerónimo de Sousa recordou que, no Orçamento do Estado do ano passado, o PCP já procurou uma "solução imediata" para a reposição do tempo integral de serviço dos professores - propondo um faseamento num máximo de sete anos -, mas que foi rejeitada no parlamento.

Perante a insistência sobre que iniciativas poderá o PCP tomar sobre esta matéria, Jerónimo de Sousa reiterou que o fundamental é que haja "vontade política" do Governo do PS.

"Concretize-se aquilo que o Orçamento do Estado refere como grande linha, concretize-se aquilo que é uma revindicação perfeitamente justa e fundamentada, quem está a ser obstáculo é o Governo não é a ausência de legislação", salienta.

Na reunião negocial de segunda-feira entre sindicatos e representantes dos ministérios da Educação e das Finanças as propostas mantiveram-se inalteradas dos dois lados: os professores exigem a recuperação de cerca de nove anos e o Governo diz só poder devolver cerca de três anos.

Nessa ocasião, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, defendeu que a proposta apresentada aos sindicatos cumpre a lei, sublinhando que o programa do Governo não previa a recuperação do tempo de serviço congelado aos professores.

No final do encontro, ambos acusaram o outro lado de "intransigência", com os professores a questionarem se valerá a pena regressar às negociações e o ministro da Educação a reafirmar que se o Governo fosse mais longe poria em causa a sustentabilidade orçamental.

O maluco Sr. Trump

Sobre a crise na Venezuela, o secretário-geral do PCP reiterou as acusações de ingerência, e considerou que Estados Unidos e o seu Presidente "se animam" pelas reservas de petróleo e ouro e não por "qualquer sentimento humanitário".

"O que está em causa é o direito à soberania de um povo e o povo venezuelano tem direito a decidir sem ingerências, sem ameaças. A opinião pública que considerava que o sr. Trump era um maluco perigoso, de repente passa a ser um senhor imperial, que disse avançar para ameaçar aquele povo, mesmo à revelia da maioria da opinião da comunidade internacional", afirmou.