Índia ataca islamistas no Paquistão; Islamabad avisa que vai responder

Autoridades indianas dão conta de "um grande número" de baixas no grupo islâmico JeM. Autoridades paquistanesas negam a existência de baixas e o chefe da diplomacia avisa: “O Paquistão tem direito a uma resposta apropriada".

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As autoridades indianas confirmaram um ataque aéreo a um campo de treino na Caxemira paquistanesa, nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, que matou "um grande número" de militantes do grupo islamista JeM. 

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As autoridades indianas confirmaram um ataque aéreo a um campo de treino na Caxemira paquistanesa, nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, que matou "um grande número" de militantes do grupo islamista JeM. 

O secretário de Estado das Relações Exteriores da Índia, Vijay Gokhale, justificou esta terça-feira em comunicado o ataque aéreo à Caxemira paquistanesa dizendo que Deli recebeu informações “credíveis” ​​sobre o grupo militante Jaish-e-Mohammed (JeM), que matou 40 polícias da Índia num ataque suicida no início de Janeiro: "Face ao perigo iminente, um ataque preventivo tornou-se absolutamente necessário". 

Gokhale acrescentou que o campo de treino se situa numa zona de floresta densa, no topo de uma montanha, bastante afastado da população. Recusou-se, no entanto, a confirmar a localização exacta de Bankalot, que tanto se pode referir a uma cidade na Caxemira paquistanesa, junto da zona de cessar-fogo, ou uma cidade de maiores dimensões a 80 quilómetros da fronteira com a Índia, escreve o Guardian.

A Reuters cita uma fonte do governo da Índia que garante que foram mortos mais de 300 militantes deste grupo islâmico. Versão diferente dão as autoridades paquistanesas, que negam a existência de qualquer baixa na operação aérea desta terça-feira.

O Paquistão, que foi o primeiro a anunciar a incursão de caças indianos na manhã de terça-feira, assegura, aliás, por intermédio do porta-voz das suas Forças Armadas, que os aviões de guerra inimigos só entraram seis quilómetros no seu espaço aéreo, e que o ataque não causou danos.

“Os aparelhos indianos entraram pelo sector de Muzafarabad”, escreveu o porta-voz das Forças Armadas paquistanesas, Asif Ghafoor no Twitter. “Enfrentaram uma resposta rápida e efectiva das Forças Armadas paquistanesas e enquanto fugiam libertaram a carga rapidamente, que caiu perto de Balakot”, disse, acrescentando que a carga caiu numa área aberta, sem infra-estruturas nem pessoas.

O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, convocou uma reunião de emergência com os altos responsáveis do país, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mahmood Qureshi. “Considero [este ataque] uma violação da linha de controlo”, disse Quresh em resposta aos meios de comunicação locais, citado pelo Guardian. “O Paquistão tem direito a uma resposta apropriada, tem direito à auto-defesa.”

A tese é reforçada pelo comunicado do Comité de Segurança Nacional do Paquistão, que se reuniu de emergência. Num comunicado citado pela Reuters nega que o ataque tenha atingido os “campos de terroristas” no Paquistão, rejeitando as explicações de Nova Deli. Acrescenta que o primeiro-ministro vai “trabalhar com os líderes globais para expor as políticas indianas irresponsáveis” e reforça o aviso: o Paquistão “irá responder em tempo e local à sua escolha”.

O clima de tensão entre a Índia e o Paquistão por causa do território de Caxemira, conflito que se arrasta há décadas, subiu no início da semana passada. No dia 18, quatro soldados e um polícia indianos foram mortos numa troca de tiros com militantes separatistas.

O tiroteio aconteceu durante uma operação do Exército da Índia contra o JeM, responsável por um ataque suicida que ocorrera dias antes e que matou 42 soldados indianos — o mais mortífero dos últimos 30 anos.