Maioria dos portugueses não consegue identificar notícias falsas
Eurobarómetro revela que portugueses estão pouco conscientes da exposição ao fenómeno. Comissão Europeia manifesta-se preocupada.
Os portugueses parecem estar menos conscientes da exposição a notícias falsas, menos preparados para identificá-las e menos dispostos a considerá-las um problema no seu país e para o funcionamento das democracias do que o conjunto dos cidadãos dos 28 Estados-membros da União Europeia (EU), revela uma sondagem feita aos portugueses e encomendada e coordenada pela Comissão Europeia.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os portugueses parecem estar menos conscientes da exposição a notícias falsas, menos preparados para identificá-las e menos dispostos a considerá-las um problema no seu país e para o funcionamento das democracias do que o conjunto dos cidadãos dos 28 Estados-membros da União Europeia (EU), revela uma sondagem feita aos portugueses e encomendada e coordenada pela Comissão Europeia.
Neste Eurobarómetro, realizado entre os dias 8 e 19 de Novembro de 2018 a nível nacional, menos de metade dos portugueses (46%) afirma-se capaz de identificar notícias deturpadoras da realidade ou falsas, quando a média na UE é de 58%. Uma situação que a Comissão Europeia considera “preocupante” no ano em que se vão realizar no país três actos eleitorais – europeias, legislativas e regionais da Madeira.
Os grupos sociodemográficos que menos frequentemente se afirmam capazes de identificar informação falaciosa são os compostos por indivíduos com mais de 55 anos (34%), pelos que deixaram de estudar com 15 ou menos anos (35%), pelos que se definem como pertencendo à classe trabalhadora (35%) e, sobretudo, por domésticas (10%).
Questionados sobre se a existência de notícias e informação que deturpam a realidade ou até são falsas é um problema, 51% dos portugueses responde que “sim”, mas essa média na EU é de 71%.
A sondagem revela também que a principal fonte de informação dos portugueses sobre política é a televisão (87%), quando essa média na união é 81%. As percentagens de portugueses que recorrem à televisão são, aliás, as mais elevadas dos 28 Estados-membros. A imprensa escrita (61%) e a Internet (41%) são as outras duas principais fontes de informação.
Porém, só menos de metade dos portugueses (43%) considera que a comunicação social pública não está sujeita à pressão política. Já os média em geral são vistos como plurais (77%), metade dos portugueses não considera que existem pressões comerciais ou política e 66% dizem que são de confiança.
Em relação à política, o Eurobarómetro evidencia uma “quebra na confiança nos partidos políticos, no Governo e no Parlamento, bem como na satisfação com a democracia, depois de uma tendência de crescimento que parece ter atingido o seu pico na primavera de 2018”. Assim, no final de 2018, só 43% dos portugueses dizia confiar no Governo, 37% no Parlamento e 17% nos partidos políticos.
Já quanto à atitude dos portugueses em relação à Europa, “o sentimento de cidadania europeia continua a ser prevalecente e as percentagens de portugueses que confiam na UE e acham que a sua imagem é positiva ultrapassam os 50%”, adianta a Comissão Europeia.