Metade da riqueza gerada pelo turismo fica em Lisboa
Entre 2015 e 2017, o turismo gerou — directa e indirectamente — aproximadamente 43 mil postos de trabalho numa região que, em 2017, arrecadou 13,7 mil milhões de euros com esta actividade.
O presidente da câmara da capital, Fernando Medina, já o disse várias vezes: o turismo em Lisboa puxa pela economia nacional. Se compararmos os dados sobre a procura turística nacional com a riqueza gerada pelo sector em Lisboa, os números acabam a dar-lhe razão: em 2017, a procura turística rendeu 26,7 mil milhões de euros. No mesmo ano, na região de Lisboa, o turismo gerou, directa e indirectamente, mais de 13,7 mil milhões de euros nesse ano — mais cinco mil milhões que em 2015 — o que significa que metade da riqueza gerada pelo turismo no país fica na Grande Lisboa.
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O presidente da câmara da capital, Fernando Medina, já o disse várias vezes: o turismo em Lisboa puxa pela economia nacional. Se compararmos os dados sobre a procura turística nacional com a riqueza gerada pelo sector em Lisboa, os números acabam a dar-lhe razão: em 2017, a procura turística rendeu 26,7 mil milhões de euros. No mesmo ano, na região de Lisboa, o turismo gerou, directa e indirectamente, mais de 13,7 mil milhões de euros nesse ano — mais cinco mil milhões que em 2015 — o que significa que metade da riqueza gerada pelo turismo no país fica na Grande Lisboa.
Só na capital, a actividade turística contribuiu mais de dez mil milhões de euros para a economia da cidade — mais quatro mil milhões do que em 2015, e mais oito mil milhões do que em 2005, detalha o estudo "O impacto macroeconómico do Turismo na região de Lisboa", que a consultora Deloitte desenvolveu para a Associação de Turismo de Lisboa (ATL) e que analisa a evolução da actividade turística na região entre 2015 e 2017.
Segundo os dados apresentados esta segunda-feira por José Luís Arnaut e Vitor Costa, presidente-adjunto e director-geral da ATL, respectivamente, em três anos quase duplicou o peso do sector no Produto Interno Bruto (PIB) da Área Metropolitana de Lisboa, passando do 10,8%, em 2014, para 19,7% em 2017.
De acordo com os números avançados pela ATL, entre 2015 e 2017, foram gerados — directa ou indirectamente — pela actividade turística, aproximadamente 43 mil postos de trabalho na região. São mais 54 mil se se olhar para os números de 2005, quando foi feito o primeiro estudo. Parte destes novos empregos foram gerados pelas 1973 empresas de animação turística que foram registadas na região entre 2015 e 2017.
Ainda de acordo com as contas da ATL, neste período, o sector passou a representar 14,3% dos postos de trabalho nos 18 municípios que integram a associação, quando, em 2015, tinha um peso de 12,4% no total do emprego. Na capital, o turismo representa 93.113 postos de trabalho, aproximadamente mais 20 mil do que o observado em 2015.
O estudo indica também que houve um "aumento generalizado" das receitas nas diferentes actividades que integram a actividade turística. O comércio foi o que mais cresceu: em 2017, e comparando com 2015, este sector registou mais 448 milhões de euros, a hotelaria e alojamento local mais 353 milhões de euros, a animação mais 264 milhões de euros, os transportes mais 243 milhões de euros, a restauração mais 236 milhões de euros e os congressos e reuniões mais 60 milhões de euros.
Alojamento local disparou
Estes níveis de crescimento, justifica a ATL, só foram possíveis com o aumento do número de hóspedes. Entre 2015 e 2017, foi registado um crescimento de 33% de hóspedes na Área Metropolitana de Lisboa, passando de 7,3 milhões para 9,7 milhões, sendo que Lisboa continua a ter um peso significativo relativamente à restante região representando 6,8 milhões de hóspedes.
Nos dois anos analisados, segundo o Turismo de Lisboa, foram criados mais 1786 quartos de hotel e mais 21 mil quartos de alojamento local face a 2015.
Para José Luís Arnaut, estes números mostram que "não houve canibalização" de um sector para o outro, uma vez que tanto o alojamento local como a hotelaria cresceram. E notou que a rentabilidade do sector aumentou significativamente: o preço médio por quarto subiu de 83,1 euros, em 2015, para 100,3 euros em 2017 e a receita por quarto disponível (RevPar) de 59,6 euros para 77,7 euros, no mesmo período. A taxa de ocupação cresceu de 71,7% para 77,5%.
O estudo dá ainda nota que a maioria dos turistas estrangeiros que visitaram a região é proveniente do Brasil, França, Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Itália. Em média, gastaram 161,1 euros por dia e pernoitaram 2,3 noites na região de Lisboa.
Aposta no turismo de negócios
Após o “grande salto” dos últimos anos, José Luís Arnaut acredita que é agora necessário consolidar a região como destino turístico e “gerar maior riqueza sem ser pela massificação". Os responsáveis acreditam que as perspectivas apontam para "uma certa estabilização" no número de turistas. Mas é necessário “apostar na descentralização dos pontos turísticos” — é em Lisboa que está a grande fatia da riqueza gerada —, frisou José Luís Arnaut.
Por outro lado, além de seguir com o investimento nos serviços de transporte e infra-estruturas, “há muito por onde crescer” no que respeita ao turismo de negócios e congressos. Entre 2015 e 2017, participaram em congressos na região mais 88 mil pessoas. A ATL quer aumentar este número, mas ressalva que para se poder apostar no turismo de negócios, é necessário criar novas estruturas, novas salas, que tenham capacidade para acolher grandes eventos.
População aumentou em Lisboa
Se a dinâmica do turismo tem tido um impacto positivo para a economia e o emprego, o elevado número de turistas na capital também tem criado alguns problemas na vida da cidade. Da higiene urbana ao ruído, à sobrelotação dos transportes, mas também pela subida dos preços no imobiliário, que acaba por ser um incentivo à saída de residentes de Lisboa.
O próprio presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, onde se inclui a maioria dos bairros históricos da cidade, tem dado conta de que tem perdido população ao longo dos últimos anos. Contudo, o estudo, citando dados do INE, dá conta de que em 2017 o número de residentes na capital aumentou ligeiramente, de 504 mil para 506 mil, após quedas sucessivas desde, pelo menos, 1991. Os dados são apresentados no seu todo, não se conhecendo ao detalhe, ao nível das freguesias.
Sobre se a cidade já atingiu — ou está perto de atingir — a sua carga máxima de turistas, os responsáveis optaram por não tecer qualquer comentário.