Pais vão estudar para aprender a escolher livros para os filhos
Anda perdido nas prateleiras de livros para crianças? Há um curso para o orientar. Depois de conhecer o que de melhor se publica para os mais novos, vai fazer batota… ao dizer que os livros que compra são (só) para as crianças lá de casa.
Se tem crianças a cargo com dez anos ou menos e quer ajudá-las a ler o mundo, o curso em Livro Infantil para Pais pode indicar-lhe várias possibilidades. Boas. Depois, a escolha é sua. “Serei uma espécie de agente de viagens, que mostra um conjunto de mapas, com os seus marcos e as suas regiões. Os pais podem seguir por vários caminhos. Farei um mini-roteiro”, resume ao PÚBLICO Dora Batalim, coordenadora da formação, que começa a 2 de Março na Universidade Católica de Lisboa (Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada da Faculdade de Ciências Humanas).
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Se tem crianças a cargo com dez anos ou menos e quer ajudá-las a ler o mundo, o curso em Livro Infantil para Pais pode indicar-lhe várias possibilidades. Boas. Depois, a escolha é sua. “Serei uma espécie de agente de viagens, que mostra um conjunto de mapas, com os seus marcos e as suas regiões. Os pais podem seguir por vários caminhos. Farei um mini-roteiro”, resume ao PÚBLICO Dora Batalim, coordenadora da formação, que começa a 2 de Março na Universidade Católica de Lisboa (Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada da Faculdade de Ciências Humanas).
O curso tem o apoio da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros e parte “do pressuposto de que a selecção dos primeiros livros é muito relevante para a formação do gosto e da sensibilidade da criança”.
Na divulgação, a também docente da Pós-Graduação em Livro Infantil na Universidade Católica já tinha descrito: “Abordaremos o livro de forma integral, do texto verbal às imagens, aos formatos, aos materiais, já que todos estes elementos contam significativamente e é necessário saber lê-los em si mesmos e como um todo, e conhecer a relação com o destinatário infantil.”
O psicólogo Eduardo Sá participará na formação com uma conferência “que ajudará a fundamentar, a nível da psicopedagogia, a importância dos livros infantis na vida das crianças”.
Eco de humanidade
Quando perguntamos a Dora Batalim o que é um bom livro para crianças, fala-nos de “humanidade”. “Os livros têm de ressoar humanidade. Podem até ter personagens não humanas, mas, pelo uso de metáforas, no final, espera-se que seja humano, que tenha um eco de humanidade.”
Nada de “estereótipos” ou de “sentidos escancarados”. A subtileza e a poeticidade são fundamentais, defende. Quem escreve para crianças “tem de ser um artista da palavra, alguém que consiga dizer algo de maneira única”. Tenta resumir: “Um acrescento à vida. Essa química que só a arte consegue.”
Colaboradora regular em serviços educativos de instituições como o CAM (Fundação Calouste Gulbenkian) e o Museu Berardo, Dora Batalim convida pais e educadores para este curso “porque os livros infantis são uma grande festa”. Provocadora e divertida, diz: “São muito mais interactivos do que os ecrãs, não se partem, são muito sedutores, estão cada vez mais ricos e ajudam verdadeiramente a mergulhar noutros mundos na companhia de outros.” Sejam pais, tios, avós ou educadores.
Os clássicos e os tradicionais
A professora de Literatura Infanto-Juvenil e de outras disciplinas que cruzam arte e educação na Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich diz que dará a conhecer “livros ilustrados clássicos incontornáveis”, lembrando que “é sempre bom retestá-los”. Entre eles, certamente estarão O Balãozinho Vermelho (Iela Mari) e Onde Vivem os Monstros (Maurice Sendak), “por razões diferentes”. Também não faltarão “os contos tradicionais da oralidade, com os seus lobos e as suas bruxas”.
A coordenadora do curso, em conjunto com José Alfaro, deposita muita expectativa nos pais que participarem. Serão eles, segundo o seu perfil, que irão ditar as múltiplas sugestões possíveis para os diferentes roteiros familiares.
“Além da reflexão feita em contexto de aula, será semanalmente proposto um título que deverá ser lido (partilhado com as crianças) e analisado em casa. Deste modo, a formação estimulará a criação de uma biblioteca básica, orientada pela docente do módulo”, explica-se na descrição do programa e das metodologias.
Dora Batalim interessa-se por “tipologias de livros”, gosta de ensinar a “destrinçar os temas, os modos de apresentar a informação, diferenciar os tipos de propostas, explicar que há livros que contam histórias, mas também há livros que não contam histórias, seguem esquemas não narrativos”.
Quer ainda que fiquem a perceber claramente “a distinção entre avaliação e selecção”.
Gostava que no final os pais ficassem familiarizados com “a ideia do contar”, “mais preparados para aprender de cor” e “que, de cada vez que contassem, a sua voz se aproximasse mais da oralidade”. E, claro, quer muito que “se deslumbrem com este mundo fantástico”.
O curso tem 27 horas de duração, distribuídas por pares de horas (15h às 17h) em todos os sábados de Março e em alguns de Abril (13 e 17), Maio (4 e 18) e Junho (1, 22 e 29). Uma conferência do psicólogo Eduardo Sá e três oficinas de mediação de leitura (Cristina Paiva, Manuela Pedroso e Margarida Junça, das 15h às 18h) – para fornecer aos participantes ferramentas-base relacionadas com colocação de voz e expressão corporal – completam o programa.
Talvez os pais até passem a fazer batota... quando disserem que os livros que compram são para as crianças lá de casa.
Livro Infantil para Pais
Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de Lisboa
Início: 2 de Março de 2019
Fim: 29 de Junho de 2019
Matrícula: 40€
Propinas: 75€/mês (total de 4 meses)
Email: epgfa@ucp.pt
Telefone: (+351) 217 214 060