Praga e os seus encantos
O leitor Helder Taveira partilha a sua experiência na capital da República Checa.
Nas férias de Natal do último ano, optámos por uma cidade europeia. A escolha recaiu sobre Praga, na República Checa. Não nos arrependemos. A mim e à Luísa, juntaram-se desta vez os amigos Zé Martins, a Né e a Marta.
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Nas férias de Natal do último ano, optámos por uma cidade europeia. A escolha recaiu sobre Praga, na República Checa. Não nos arrependemos. A mim e à Luísa, juntaram-se desta vez os amigos Zé Martins, a Né e a Marta.
Praga é na verdade uma cidade fantástica! Verdadeiro museu ao ar livre. Nas margens do rio Moldava (Vltava), a cidade é uma mistura de grandiosas construções romanas, barrocas e góticas, bem preservada e cuidada. Calcorreando toda a cidade, não vimos qualquer edifício a necessitar de intervenção. Praga foi residência de reis e imperadores ao longo dos séculos e sobreviveu, quase intacta, à Segunda Guerra Mundial. Depois da queda do muro de Berlim, tornou-se num dos destinos turísticos mais procurados na Europa Central.
Sem serem calorosos, os checos são afáveis e prestáveis sempre que pedimos informações. A comida, muito baseada na carne de porco e, especialmente, os grelhados são uma verdadeira tentação. Nesta altura do ano, em muitos locais da cidade encontram-se os mercados de Natal, onde podemos comprar artigos típicos e comida de rua de boa qualidade, onde a carne de porco grelhada abunda.
Se em Praga o porco é o rei, podemos dizer que a cerveja é a rainha. A cerveja artesanal que se pode beber em qualquer bar é muito variada e muito boa.
A melhor maneira de começar a conhecer Praga é caminhar pelo centro histórico, também conhecido como Cidade Velha (Staré Město). A Praça da Cidade Velha é passagem obrigatória. Neste local, é possível admirar o Relógio Astronómico (Oroloj), e de hora a hora podemos assistir a um pequeno espectáculo, uma procissão de bonecos de madeira que saem do relógio. Os turistas acotovelam-se, procurando o melhor ângulo para registar o momento. O relógio astronómico, considerado o relógio medieval mais famoso do mundo, foi construído em 1410. Diz a lenda que cegaram o autor, Hanus, para que não repetisse a obra.
A Ponte Carlos sobre o rio Moldava, de passagem obrigatória, impressiona com os seus dezasseis arcos, onde se encontram trinta estátuas barrocas de figuras religiosas, sendo uma delas o nosso Santo António. É a ponte mais antiga da cidade e está fechada ao trânsito.
Ao caminhar pelo centro histórico, não imaginamos que naquelas ruas circularam os tanques soviéticos, no que ficou conhecido como a Primavera de Praga, na tentativa da União Soviética de evitar as reformas que pretendiam conceder aos cidadãos mais direitos, bem como descentralizar a economia, facto que levou a URSS a invadir o país. Momentos que Milan Kundera imortalizou na sua obra A Insustentável Leveza do Ser.
Uma breve caminhada a partir da praça leva-nos até ao Convento de Santa Agnes. Aí perto é possível visitar a Velha/Nova Sinagoga, a Sinagoga Espanhola e também o Velho Cemitério Judaico. Por serem grandes as filas para acesso, resolvemos não entrar.
Como o tempo não era muito, também não fizemos um passeio de barco pelo rio Moldava. Em vez disso, optámos por subir até Colina Petrín, um grande parque arborizado. Subimos à Torre de Observação, uma versão reduzida da Torre Eiffel de Paris. Do alto, a vista sobre a cidade é fabulosa. Passámos também pela Casa Dançante, bem no centro da cidade, desenhada pelo arquitecto Vlado Milunić, em cooperação com Frank Gehry.
Franz Kafka é uma figura muito presente na cidade. Em sua homenagem, o escultor checo David Černý criou uma cabeça giratória, composta por uma estrutura de 42 camadas rotativas. A obra, sempre em movimento, é uma alegoria à Metamorfose de Kafka.
No dia 31 de Dezembro, na Municipal House, assistimos à Ópera Carmen, de Georges Bizet. Neste dia do ano, as salas de espectáculos de Praga enchem-se de locais e turistas. No final da noite, e já depois da meia-noite, passámos pela praça Venceslau, onde se lançavam foguetes e morteiros.
No dia seguinte, fizemos mais uma caminhada ao parque Letná, uma colina com vista para o centro histórico de Praga e para o rio. Do alto, uma das melhores vistas, com um pôr-do-sol fabuloso.
Um dos locais mais visitados em Praga é o espaço onde se encontra o chamado muro de John Lennon. Quando foi assassinado, em 1980, nele apareceu uma pintura alusiva ao cantor. O muro está em permanente transformação, sempre com motivos relacionados com a vida e canções do artista, bem como dos Beatles. Quando por lá passei, logo me veio à memória uma frase cantada por John Lennon: “A vida é o que acontece enquanto fazemos planos.”
Helder Taveira, com Luísa, Marta, Né e Zé