Botswana quer legalizar caça de elefantes pondo em risco o maior santuário de África

O país tem a maior população de elefantes em todo o continente, mas a protecção da espécie poderá estar em risco com a legalização da caça furtiva.

Fotogaleria

O Botswana, morada de uma das maiores populações africanas de elefantes, pondera abolir a proibição de caça furtiva de elefantes. A intenção já tinha sido avançada pelo Presidente do país, Mokgweetsi Masisi, mas um novo relatório está a reforçar as intenções do Governo, escreve esta sexta-feira a BBC e o jornal francês Le Monde.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Botswana, morada de uma das maiores populações africanas de elefantes, pondera abolir a proibição de caça furtiva de elefantes. A intenção já tinha sido avançada pelo Presidente do país, Mokgweetsi Masisi, mas um novo relatório está a reforçar as intenções do Governo, escreve esta sexta-feira a BBC e o jornal francês Le Monde.

Apesar de as propostas ainda precisarem de ser debatidas entre os membros do Governo, o debate está a preocupar os defensores dos animais.

Existem pelo menos 130 mil elefantes na região, um número que se mantém estável há aproximadamente 15 anos. No entanto, este cenário é uma excepção no continente africano. O último grande censo de elefantes, feito em 2015, indicava a perda de um terço da população continental.

Se até agora o Botswana era considerado um refúgio para a espécie, o cenário está a alterar-se. Em Setembro do último ano foram encontrados 90 elefantes mortos. As carcaças foram localizadas junto a santuário animal no Botswana durante um levantamento aéreo. Os animais terão sido caçados devido ao valor que o marfim atinge no mercado internacional, especialmente no mercado asiático.

Para lá das preocupações ambientais, existem também razões económicas. Desde que a proibição foi aplicada, o fluxo turístico aumentou drasticamente no país, consequência dos safaris para ver elefantes. Caso a proibição seja retirada, o turismo do país poderá cair novamente, afectando a economia do país.

No relatório divulgado pelo comité liderado pelo Ministro do Desenvolvimento Rural, Frans van der Westhuizen, lê-se que "é necessário fazer as seguintes recomendações: o levantamento da proibição da caça" e "a introdução da chacina regular, mas limitada de elefantes". O comité propõe ainda que a carne de elefante seja usada para alimentar animais domésticos.

Favorável à abolição da proibição, o Presidente do país ressalvou que "se for necessário, vamos dar ao Parlamento a oportunidade para debater".

O debate acerca do fim da proibição reflecte também os conflitos entre a população de elefantes e os humanos, explica o director do Departamento da Vida Selvagem e Parques Nacionais do Botswana, Otisitwe Tiroyamodimo. A escassez de água e a consequente escassez de vegetação e alimento têm provocado a alteração das rotas migratórias dos elefantes, o que os conduz em direcção a locais habitados por humanos. Para além dos conflitos, os elefantes destroem terras agrícolas e colheitas, acrescenta.

Com eleições marcadas para Outubro, o Governo terá de encontrar um equilíbrio entre o levantamento da proibição da caça para conquistar votos rurais e a manutenção da reputação internacional do Botswana como destino de safari.