Milhares de técnicos de diagnóstico protestam no Parlamento

O protesto teve início com uma concentração em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, porque "o senhor Presidente da República não ouviu o apelo destes profissionais que lhe solicitaram uma audiência".

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Protesto em Outubro do ano passado Nuno Ferreira Santos

Cerca de três mil técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica voltaram a sair à rua, nesta quinta-feira. Partiram da Presidência da República em direcção ao Parlamento, numa manifestação contra o fim das negociações da revisão da carreira. Quando se concentraram defronte da Assembleia da República já eram cerca de três mil e aguardavam para ser recebidos. 

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Cerca de três mil técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica voltaram a sair à rua, nesta quinta-feira. Partiram da Presidência da República em direcção ao Parlamento, numa manifestação contra o fim das negociações da revisão da carreira. Quando se concentraram defronte da Assembleia da República já eram cerca de três mil e aguardavam para ser recebidos. 

Ao protesto juntaram-se os líderes sindicais da CGTP, Arménio Carlos, e da UGT, Carlos Silva, a dirigente do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e a deputada do PCP, Carla Cruz.

Catarina Martins afirmou que estes profissionais "têm finalmente uma carreira, mas na transição para a nova carreira o Governo decidiu publicar um decreto-lei não negociado com os sindicatos, que tem dois erros muito graves".

Um deles é que não reconhece o tempo de serviço que os profissionais têm e o outro é não reconhecer as responsabilidades e as categorias já existentes, apontou, considerando esta situação "um desrespeito pela carreira" dos técnicos. A coordenadora do Bloco de Esquerda adiantou que o seu partido já pediu a apreciação parlamentar do decreto-lei para que o Parlamento "faça o que o Governo não fez, ou seja garantir a contagem do tempo de serviço e garantir o reposicionamento na categoria respectiva".

Já o secretário-geral da UGT disse esperar que os partidos assumam a sua responsabilidade para que o diploma possa ser alterado. Carla Cruz afirmou por seu turno que "o PCP irá chamar o decreto-lei à Assembleia da República para intervir no sentido de corrigir os aspectos que são mais nefastos no diploma, permitindo assim o reconhecimento e a valorização dos técnicos, que são fundamentais para a prestação de cuidados de qualidade no serviço nacional de saúde".

"Violação do direito à igualdade"

Arménio Carlos considerou "inadmissível que tantas vezes se fale na importância das qualificações para a melhoria dos serviços públicos e depois isso não seja correspondido do ponto de vista do reconhecimento, quer no plano salarial quer no plano da evolução das carreiras".

"Não se justifica que um trabalhador com elevada experiência ganhe a mesma coisa do que quem é contratado amanhã", observou o secretário-geral da CGTP.

Horas antes, a manifestação tinha sido encabeçada por alguns dirigentes sindicais e trabalhadores, empunhando uma faixa negra com a inscrição "violação do direito à igualdade". Ao som de apitos e buzinas, os trabalhadores, muitos deles com batas brancas ou t-shirts negras, levaram balões pretos e cartazes com dizeres como "19 anos de profissão=zero de valorização", "carreira digna-salário justo" ou "não queremos beijinhos, queremos anos contadinhos".

Um dos trabalhadores segurava um cartaz com a fotografia do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a simular que espetava uma faca nas costas de um trabalhador, acompanhada da inscrição "Avaliação do Presidente: insuficiente".

"Indignação e revolta"

O presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (SNTDT), Luis Dupont, afirmou que o protesto tem como objectivo mostrar "indignação e revolta" destes profissionais pela publicação do decreto-lei que regulamenta as transições e a grelha salarial de revisão de nova carreira sem o aval dos sindicatos.

O protesto teve início com uma concentração em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, porque "o senhor Presidente da República não ouviu o apelo destes profissionais que lhe solicitaram uma audiência para apresentarem matérias que consideram incondicionais nesse diploma".

Maria Hilário, analista há 24 anos, disse estar "bastante triste" com a decisão do Governo em relação aos profissionais de saúde, "que tanta dedicação e formação académica têm para darem o melhor à saúde em Portugal e não são reconhecidos".

"E é assim que o Presidente nos recebe e nos depara com um diploma sem opinião nossa e dos sindicatos que nos representam. É esta luta que nos faz estar aqui hoje, pela saúde dos portugueses", declarou. A especialista questionou ainda se o Presidente da República "acha que 24 anos de serviço dedicado à saúde e aos portugueses é pouco".

"Nós, os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica não somos portugueses?", perguntou ainda Maria Hilário, licenciada na área das análises clínicas de saúde pública.

Os técnicos protestam contra a publicação de um decreto-lei que regulamenta a carreira e exigem a alteração do diploma, nomeadamente em questões como as transições, o tempo de serviço ou descongelamento de promoções.

Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica são um grupo profissional que abrange 18 profissões de saúde, como analistas clínicos, técnicos de radiologia ou fisioterapia.