Paióis roubados em Tancos tinham sido inspeccionados em 2012
Cinco dias antes de concluir o relatório pós-assalto, o inspector abordou, entre outros assuntos, a questão com o general Rovisco Duarte.
Os dois paióis roubados em Tancos em Junho de 2017 tinham sido inspeccionados cinco anos antes, em data não definida de 2012, afirmou nesta quinta-feira o major-general Manuel Nunes dos Reis, inspector-geral do Exército aquando do assalto.
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Os dois paióis roubados em Tancos em Junho de 2017 tinham sido inspeccionados cinco anos antes, em data não definida de 2012, afirmou nesta quinta-feira o major-general Manuel Nunes dos Reis, inspector-geral do Exército aquando do assalto.
Foi no âmbito de uma inspecção ao Regimento de Engenharia 1, uma das unidades envolvidas na segurança dos paióis nacionais de Tancos, que os seus dois armazéns naquele estabelecimento foram vistoriados, revelou o oficial-general aos deputados da comissão parlamentar de inquérito. Aqueles dois paióis, com os números 14 e 15 de Tancos, foram precisamente os assaltados.
Antes ou depois da inspecção de 2012, o major-general Nunes dos Reis não se recordou de qualquer outra inspecção àquelas instalações, a não ser a por ele feita após o roubo. “Os problemas dos paióis eram conhecidos e, a partir de 2015/2016 foi decidido alocar uma determinada verba para as obras em Tancos”, destacou.
Sobre as competências do cargo de inspector-geral do Exército, citando pontos do seu enquadramento legal, referiu o cumprimento das normas em vigor, a avaliação da eficácia das unidades através de inspecções e implementação e acompanhamento das correcções recomendadas. A acção deste instituto, accionado pelo chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), está, assim, mais próxima de funções de assessoria da hierarquia do que de auditoria.
Quanto às exonerações, que se revelariam temporárias dos comandantes das unidades que faziam a segurança rotativa dos paióis, o antigo inspector-geral do Exército reconheceu “não conhecer nenhum caso em que tenha ocorrido uma situação como esta”. Sobre as penas disciplinares impostas a um sargento, um cabo e a um soldado e, depois, a um oficial indiciado no roubo, fez questão de afirmar que não eram essas as funções do seu anterior cargo.
Sobre a inspecção extraordinária após o assalto por ele assinada com a data de 17 de Julho de 2017, o major-general disse que teve uma reunião cinco dias antes das conclusões, em 12 de Julho, com o general Rovisco Duarte, então CEME, na qual, entre outras coisas, foi abordado o relatório. “Tancos era tema obrigatório nas mais diversas situações, era um assunto muito marcante”, justificou Manuel Nunes dos Reis.