Europeias: PS ganha por mais que “poucochinho” nas sondagens

Segundo a projecção do Parlamento Europeu (PE) divulgada na segunda-feira em Bruxelas, o PS pode obter 38,5%, o PSD 23,4% e o CDS 9,9%.

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Pedro Marques é o cabeça de lista do PS às europeias LUSA/FERNANDO VELUDO

O PS vai ganhar por mais que “poucochinho” nas próximas eleições europeias, a confirmarem-se as projecções do Parlamento Europeu que lhe atribuem 38,5% dos votos, assegura Tiago Fernandes, professor de Ciência Política na Universidade Nova.

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O PS vai ganhar por mais que “poucochinho” nas próximas eleições europeias, a confirmarem-se as projecções do Parlamento Europeu que lhe atribuem 38,5% dos votos, assegura Tiago Fernandes, professor de Ciência Política na Universidade Nova.

“É uma vitória maior face à última eleição, sim”, responde Tiago Fernandes a uma questão da Lusa sobre a expressão utilizada por António Costa em 2014 em relação aos 31% obtidos nas europeias pelo PS de António José Seguro, dias antes de se lançar na corrida à liderança.

Nessas europeias, o PS obteve 31,4%, três pontos percentuais mais que a coligação PSD-CDS, e que obteve 27,7%.

Nas próximas, segundo a projecção do Parlamento Europeu (PE) divulgada na segunda-feira em Bruxelas, o PS pode obter 38,5%, o PSD 23,4% e o CDS 9,9%.

“Aqui sobretudo o que interessa é [o resultado] face ao segundo maior partido”, frisa o politólogo, precisando que o PSD “corre sozinho” num contexto de “competição à direita”, com “a moção de censura do CDS” e “novos partidos à direita”.

Para José Ribeiro e Castro, antigo líder do CDS, o PS ser o partido mais votado “está em linha com as últimas sondagens”, mas os 23,4% atribuídos ao PSD são “um resultado muito fraco” e, embora o partido “mantenha seis eurodeputados”, acredita “que os mantenha à pele, sem muita folga”.

Já quanto ao CDS-PP, que a projecção prevê que passe de um para dois eurodeputados, Ribeiro e Castro considera tratar-se de “um regresso à normalidade” e “uma percentagem boa” a esta distância das eleições.

“Anormal foi perder um eurodeputado nas últimas eleições […]. O CDS tem dois eurodeputados desde 1999, só passou a um [em 2014] porque nessa eleição PSD e CDS tiveram um resultado absolutamente desastroso%”.

Com estas previsões, Tiago Fernandes destaca que Portugal “parece ser a excepção” numa Europa onde a tendência é de “recomposição à direita”, com um “aumento dos populistas”, alguma subida dos liberais e “o declínio dos partidos do centro-direita”.

“Se virmos votos combinados de PS e PSD, os partidos do sistema, aguentam-se, têm mais de 60%, portanto acho que aqui há uma estabilização do sistema”, afirma.

Tal deve-se, considera, a uma “estabilidade em geral” e “mudanças politicas à esquerda que não são mudanças organizacionais, mas de estratégia política e de política de alianças”.

Isso, defende, permitiu ao PS “ir buscar alguns votos à esquerda” ao manter “um discurso europeísta que combina políticas sociais com ‘contas bem feitas’ e um défice controlado”.

Em termos globais, a projecção divulgada na segunda-feira pelo PE, prevê que os dois maiores grupos políticos, o Partido Popular Europeu (centro-direita), a que pertencem PSD e CDS, e os Socialistas & Democratas (centro-esquerda), a que pertence o PS, percam a maioria na assembleia europeia, somando apenas 45% dos mandatos.

“Isso tem consequências muito importantes na legislatura”, alerta Ribeiro e Castro, que foi eurodeputado de 1999 a 2009.

“Traz algum problema na eleição do presidente da Comissão Europeia, se se respeita ou não o processo dos ‘Spitzenkandidaten’ [cabeças de lista dos grupos políticos] ou, sendo uma outra personalidade de consenso, quem vão ser os autores desse consenso”, exemplifica.