Exportações de turismo crescem 9,6% e mantêm balança comercial positiva
Crescimento do turismo em 2018 teve um forte abrandamento face a 2017, mas ainda assim aumentou em 1461 milhões de euros e ajudou a compensar subida do défice de bens.
As exportações de viagens e turismo cresceram 9,6% no ano passado, período em que chegaram aos 16.614 milhões de euros. Esta subida, que em valor equivale a mais 1461 milhões, representa um forte abrandamento face aos 19,5% registados em 2017, mas não deixa de simbolizar o peso que este sector tem para a economia portuguesa.
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As exportações de viagens e turismo cresceram 9,6% no ano passado, período em que chegaram aos 16.614 milhões de euros. Esta subida, que em valor equivale a mais 1461 milhões, representa um forte abrandamento face aos 19,5% registados em 2017, mas não deixa de simbolizar o peso que este sector tem para a economia portuguesa.
De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, o saldo das viagens e turismo (entre exportações e importações) passou de 10.861 milhões para 11.910 milhões de euros, o que, feitas as contas, permitiu manter a balança comercial em terreno positivo.
O défice da balança de bens aumentou 2599 milhões, mas, nota o banco central, “em contraste o excedente da balança de serviços cresceu 1099 milhões de euros, essencialmente devido à rubrica de viagens e turismo” (que suportou quase todo o crescimento).
Assim, houve uma nova diminuição do excedente da balança comercial, que se reduziu em cerca de 40% (1500 milhões) para 2000 milhões de euros.
Na segunda-feira, o relatório da OCDE sobre Portugal destacava que, entre 2009 e 2017, o maior contributo percentual para o crescimento global das exportações, em pontos percentuais, tinha sido o das viagens e turismo (com 17 p.p.), seguindo-se depois o dos minerais e metais (perto de 11 p.p.).
De acordo com o Banco de Portugal, em 2018 “o saldo conjunto das balanças corrente [onde está a balança comercial] e de capital [que formam a balança de pagamentos] fixou-se em 903 milhões de euros, montante inferior aos 2699 milhões de euros registados em 2017”.
Peso crescente na economia
Numa análise mensal às exportações de viagens e turismo do ano passado, verifica-se que Agosto foi o mais proveitoso em termos de receitas, com 2196 milhões de euros (mais 9,6%), logo seguido por Julho. Os maiores crescimentos, no entanto, verificaram-se em Março (mais 20,3%, devido ao efeito da Páscoa) e em Maio (mais 19,5%).
O Banco de Portugal, conforme ficou expresso na análise que publicou no boletim económico de Dezembro, prevê que as exportações do turismo tenham um peso cada vez mais preponderante na economia portuguesa, chegando aos 9,3% do PIB em 2021 (contra 7,8% em 2017).
Essa previsão incorpora um abrandamento do crescimento à medida que o calendário for passando: depois de um recorde de 14,5% em 2017, em 2021 o crescimento do peso na economia deverá ser de 2,6% (chegando então aos 9,3% do PIB).
EUA no topo
Através de uma nota enviada às redacções, a secretaria de Estado do Turismo destaca o crescimento de mercados como os EUA, que passaram de 530 milhões de euros em 2015 para 968 milhões em 2018 (uma subida de 82,5%), “e são agora o nosso quinto principal mercado em termos de receitas”. Face a 2017, o crescimento dos EUA foi de 19,1%, ritmo superado apenas pela Austrália (+22,6%), Finlândia (+22,3%) e Canadá (+20,3%).
Para a secretaria de Estado do Turismo, a estratégia de diversificação “tem permitido diminuir a dependência dos quatro principais mercados emissores”. “Em 2015”, diz o Governo, “Reino Unido, Espanha, França e Alemanha representavam 54,2% dos nossos visitantes”, valor que desceu para 48,3% no ano passado.
Os dados da actividade turística de 2018 divulgados pelo INE já tinham dado conta de um recuo no número de hóspedes na hotelaria (ou seja, sem contabilizar alternativas como o alojamento local) provenientes de mercados como o Reino Unido (-5,8%, equivalente a 112 mil hóspedes), Alemanha (- 3,8%) e França (-2,1%).
Em sentido contrário, de acordo com o INE, estiveram os EUA, com uma subida de 20,1% (a maior de todas, equivalente a 138 mil turistas), o Canadá com 16,1% (com a passagem de mais 38 mil turistas pelo país) e o Brasil, com mais 8,6% (74 mil). Ao todo, houve uma estabilização do número de turistas estrangeiros nos estabelecimentos hoteleiros, que cresceu apenas 0,4% em termos homólogos, para 12,7 milhões.
Para a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, citada no comunicado, os dados de 2018 hoje divulgados pelo Banco de Portugal, com um valor recorde nas receitas (foi o segundo maior crescimento de sempre em termos absolutos, superado apenas por 2017) e no saldo da balança turística, “mostram que a evolução do turismo é consistente, sendo cada vez mais uma actividade sustentável ao longo do ano e do território, com diminuição da sazonalidade”.