Duplo clique para abrir um link? É a Web como se fosse 1990

O CERN, onde tudo começou, lançou uma réplica online do navegador original criado por Tim Berners-Lee.

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O site do PÚBLICO aberto na réplica online da WWW original

A World Wide Web — uma imensa rede de páginas, sites e serviços online — tornou-se tão omnipresente que é fácil esquecer que, no início, era apenas um programa de computador feito para criar e navegar por documentos, e inventado para resolver o problema da partilha de informação num laboratório científico no final dos anos 1980.

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A World Wide Web — uma imensa rede de páginas, sites e serviços online — tornou-se tão omnipresente que é fácil esquecer que, no início, era apenas um programa de computador feito para criar e navegar por documentos, e inventado para resolver o problema da partilha de informação num laboratório científico no final dos anos 1980.

Para relembrar esses tempos, o CERN, o famoso centro de física de partículas na Suíça onde o então jovem engenheiro britânico Tim Berners-Lee inventou a World Wide Web, lançou uma réplica online do navegador original, que ilustra o arranque modesto de uma tecnologia que revolucionou as últimas décadas.

No topo superior esquerdo, os utilizadores podem usar o menu para abrir um site ou para criar e editar um documento. Na visão original de Berners-Lee, a Web seria uma ferramenta que permitiria às pessoas verem os documentos disponibilizados por outros através da Internet, mas também criarem e editarem páginas. Fiéis a essa visão, alguns navegadores mantiveram durante anos uma ferramenta de edição.

Na altura, abrir um site não era um processo tão simples. A barra de endereço, onde é possível inserir o endereço de um site e que é hoje uma característica central em qualquer navegador, nem sequer existia. Como mostra a réplica agora colocada online, é preciso aceder à opção Document > Open file from full document reference. Abre-se então uma janela onde é possível inserir um endereço, que tem de ser completo, incluindo o já quase esquecido “http://”.

Uma vez aberto um site (que aparecerá sem imagens), o utilizador pode navegar e aceder a links — o que implica fazer um duplo clique.

Mesmo esta versão da Web era, na altura, um luxo. Tim Berners-Lee criou o programa num computador NeXT, a empresa lançada por Steve Jobs após ter saído da Apple. Muitos utilizadores, porém, não tinham um computador tão sofisticado.

Uma outra versão da World Wide Web foi pouco depois criada por uma estudante de Matemática chamada Nicola Pellow, que se juntou ao projecto de Berners-Lee no CERN. Esta versão tinha uma interface mais simples, composta apenas por texto, e permitia que a Web fosse usada noutros computadores que não os NeXT. 

Numa decisão que viria a mudar o mundo, Berners-Lee (com o aval do CERN) decidiu disponibilizar a World Wide Web livremente para quem quer que a quisesse usar. A tecnologia espalhou-se rapidamente, inicialmente por universidades e instituições de investigação. Em 1993, um estudante universitário americano chamado Marc Andreessen criou um novo navegador, chamado Mosaic, que foi crucial a popularizar a Web. 

Nos anos seguintes foram lançados, sempre nos EUA, muitos sites cruciais para a explosão de popularidade da Web: a Amazon, o eBay, o Yahoo, e, um pouco depois, o Google. A invenção de Berners-Lee na Suíça ficava para a História. Mas o papel de líder no crescimento da World Wide Web tinha passado definitivamente para o outro lado do Atlântico.