Indústria e Ensino Superior aderem à greve feminista de 8 de Março

Dois sindicatos emitem pré-avisos de greve para o Dia Internacional da Mulher, havendo outros em conversações com a plataforma 8 de Março, que esta terça-feira apresentou o seu manifesto em Vila Real.

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Manifestação "Parem de nos matar", a 14 de Fevereiro, no Porto, contra a violência domestica, convocada pela rede 8 de Março Adriano Miranda

O Sindicato das Indústrias, Energia e Águas de Portugal e o Sindicato Nacional do Ensino Superior vão participar na greve feminista convocada pela plataforma 8 de Março para o Dia Internacional da Mulher.

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O Sindicato das Indústrias, Energia e Águas de Portugal e o Sindicato Nacional do Ensino Superior vão participar na greve feminista convocada pela plataforma 8 de Março para o Dia Internacional da Mulher.

A rede 8 de Março apresentou esta terça-feira em Vila Real um manifesto que diz "basta" às desigualdades de género, como as salariais ou no trabalho doméstico, e que já foi aprovado pelos diversos núcleos grevistas já constituídos em Amarante, Aveiro, Braga, Coimbra, Covilhã, Évora, Fundão, São Miguel, Viseu, Lisboa, Porto e Vila Real.

De acordo com os dados divulgados no documento, a diferença salarial é, em média, de 15.8%, ou seja, para trabalho igual ou equivalente os salários das mulheres são inferiores, o que faz com que trabalhem 58 dias por ano sem receber.

Para além do trabalho assalariado, muitas mulheres têm de desempenhar diversas tarefas domésticas e de prestação de cuidados e assistência à família. "Este trabalho gratuito, desvalorizado e invisibilizado ocupa-nos, em média, uma hora e 45 minutos por dia, o que corresponde, durante um ano, a três meses de trabalho", refere o manifesto.

A plataforma reclama o reconhecimento do valor social do trabalho doméstico e dos cuidados e a partilha da responsabilidade na sua prestação, defende que seja considerado no cálculo das reformas e pensões e ainda exige o reconhecimento do estatuto do cuidador.

Diz ainda basta às "reproduções das desigualdades e do preconceito nas escolas" e reivindica uma escola "da diversidade, da crítica, sem lugar para preconceitos (..), uma escola livre de agressões machistas e lesbitransfóbicas, dentro e fora das salas de aula, uma escola empenhada na educação sexual inclusiva como resposta ao conservadorismo".

O documento aborda ainda a "difusão da cultura machista" nos media, publicidade e moda e recusa a mulher como "mercadoria" e a "exploração do corpo e das identidades", bem como as questões ambientais, a perseguição às pessoas migrantes e as guerras que originaram milhões de refugiados, entre os quais muitas mulheres e crianças.

Segundo o Manifesto 8M, em Portugal são mortas duas mulheres a cada mês. As mulheres são também 80% das vítimas de violência doméstica e 90.7% das vítimas de crimes sexuais. Para 8 de Março, já apresentaram pré-aviso de greve o Sindicato das Indústrias, Energia e Águas de Portugal e o Sindicato Nacional do Ensino Superior e estão a decorrer, segundo disse Mariana Falcato à Lusa, conversações com o Sindicato dos Trabalhadores de Call Center e o Sindicato de Todos os Professores (Stop).