Costa prefere "os olhos" a sondagens. Mas há cinco coisas que elas nos dizem sobre o PS

Intenção de voto recua a valores pré-2017. Costa está longe da maioria absoluta mas tem uma razão para sorrir. E portugueses já escolheram a sua companhia para uma próxima legislatura.

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Paulo pimenta

1. Intenção de voto no PS abaixo do ano dos incêndios

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1. Intenção de voto no PS abaixo do ano dos incêndios

Desde 2016, que o PS não registava, em sondagens, uma tão baixa intenção de voto. Os 36,4% que a Aximage lhe dá, no inquérito publicado pelo Correio da Manhã e Negócios esta segunda-feira, fica muito abaixo dos 42% ou 40% obtidos em 2017, o ano em que aconteceram os trágicos incêndios de Junho e Outubro que vitimaram 115 pessoas. Esta mais fraca atracção do eleitorado estará relacionada com um eventual desgaste do Governo em fim de mandato? Ou é resultado da subida de contestação social nas ruas? 

O PSD obtém agora 24,4% (recuperando ligeiramente desde a guerra interna, com a ameaça de candidatura de Luís Montenegro à liderança do partido), o CDS 9,3%, o BE 8,9% e a CDU 6,3%. Esta sondagem da Aximage foi realizada entre 5 a 10 de Fevereiro, por telefone, tendo uma amostra de 602 inquiridos e uma margem de erro de 4%.

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2. Maioria absoluta "impossível"

Há duas semanas, em entrevista à SIC, António Costa admitiu ser “virtualmente impossível uma maioria absoluta”. Esta recente sondagem vem dar-lhe razão: 36,4% é pouco para a maioria absoluta. Em 1999, quando ficou a um deputado de ter metade dos lugares no Parlamento, o PS obteve nas urnas 44% (2,385 milhões de votos). E não chegou. Os socialistas só viriam a conquistar a maioria absoluta em 2005 com José Sócrates e 45% dos votos. Curiosamente, teve apenas mais 200 mil votos que António Guterres em 1999 mas conseguiu mais cinco deputados – isto porque a afluência às urnas foi maior e isso pesa na distribuição de percentagens de voto.

3. Só é preciso um

Costa é um homem optimista que nunca vê problemas, até excessivamente optimista nas palavras do Presidente da República. Por isso, onde a maior parte das pessoas vê evidências de vida difícil por estar longe da maioria absoluta, muito provavelmente o líder do PS vê uma governação, em certos aspectos, mais fácil do que em 2015. A manterem-se assim os números, uma coisa é certa: para fazer aprovar propostas na Assembleia da República, ao PS de António Costa bastará apenas um partido e não dois como agora. Ou seja: bastam os votos a favor ora do PCP, ora do BE. Nessa medida, encontrar consensos será mais fácil do que actualmente, entre três partidos.

4. Centeno é trunfo eleitoral de peso

Parece estranho, mas volta a confirmar-se. O ministro das Finanças, cargo tantas vezes impopular nos governos, é o ministro com a melhor avaliação em toda a equipa. Isto significa que Mário Centeno é um sério trunfo eleitoral para António Costa. O primeiro-ministro, aliás, já fez questão de garantir que conta com ele numa futura legislatura. (“O ministro não me deu nenhum sinal de estar indisponível para estar no Governo”, afiançou Costa, na SIC).

5. As sondagens sabem acertar

Não pense que as sondagens não acertam. Nas últimas eleições legislativas, em 2015, as últimas oito sondagens feitas antes do dia da votação (4 de Outubro) davam consistentemente a aliança PSD-CDS a ganhar as eleições com uma diferença de, no mínimo, cinco pontos em relação ao PS, o que veio a acontecer. No último dia de campanha eleitoral, António Costa afirmava não estar preocupado com esses indicadores porque a verdadeira sondagem "revela-se no olhar dos milhares de pessoas" com quem falava diariamente "e os olhos não mentem”.