Eleições deste ano com "perigos mas também potencialidades para a CDU"
Jerónimo de Sousa falou do contributo que o PCP deu para as mudanças no país, mas assumiu que o partido não foi mais longe porque a "CDU não tem ainda a força necessária para afirmar uma verdadeira alternativa".
A CDU vai para as batalhas eleitorais deste ano num quadro "diverso de outras eleições anteriores a 2015", que tem "perigos" mas também "potencialidades" para a coligação que junta PCP e Verdes, afirmou este sábado o líder dos comunistas.
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A CDU vai para as batalhas eleitorais deste ano num quadro "diverso de outras eleições anteriores a 2015", que tem "perigos" mas também "potencialidades" para a coligação que junta PCP e Verdes, afirmou este sábado o líder dos comunistas.
Desde logo, "pelo determinante papel que o PCP e o PEV [Partido Ecologista "Os Verdes"] têm vindo a desempenhar na sociedade portuguesa a favor da recuperação de direitos e condições de vida dos trabalhadores" e pela "clara proposta alternativa que apresentam à desastrosa política de direita de anos e anos de governação de PS, PSD e CDS", disse Jerónimo de Sousa, que falava no encerramento da IX Assembleia da Organização Regional de Lisboa do Partido Comunista Português, em Lisboa.
"Demos já o primeiro passo para as eleições europeias com a apresentação pública do primeiro candidato da lista da CDU - o camarada [e eurodeputado] João Ferreira, a primeira das três batalhas eleitorais a realizar neste ano de 2019", lembrou o secretário-geral do PCP.
Num discurso muito virado para as eleições para o Parlamento Europeu (em 26 de Maio) e para a Assembleia da República, em Outubro, Jerónimo de Sousa falou do contributo que o PCP deu para as mudanças no país, mas assumiu que o partido não foi mais longe porque a "CDU não tem ainda a força necessária para afirmar uma verdadeira alternativa" e falou do "muito" que ainda há por fazer na estrutura partidária.
"Sabemos o muito que fizemos na recuperação e conquista de direitos, para manter um nível elevado de intervenção nas empresas e o contributo dado para o alargamento da luta das populações, mas também sabemos das nossas insuficiências, que precisamos de debelar", frisou.
Neste contexto, referiu, entre outros aspectos, o reforço da "organização do partido" nas empresas e a necessidade de reforço e recrutamento de militantes.
"Sabemos que não podemos deixar de considerar, pelo balanço aqui realizado, o muito que ainda temos a fazer no plano do reforço da organização do partido nas empresas e locais de trabalho, nas organizações locais de base, na elevação da militância e na responsabilização de quadros, no reforço do recrutamento e integração de militantes, na melhoria da situação financeira e, particularmente, no aprofundamento da ligação das organizações aos trabalhadores e às populações (...)", afirmou.
A chantagem dos grupos económicos
O líder do PCP desafiou ainda o Governo a não ceder à "chantagem" dos grupos económicos privados na questão da ADSE e a dar-lhes a resposta que "merecem": o reforço do SNS.
"Quanto à ADSE, daqui lançamos o desafio ao Governo para que não ceda à chantagem dos grupos económicos e lhes dê a resposta que merecem com o reforço do SNS e diversificação dos prestadores de serviços de saúde", afirmou Jerónimo de Sousa, no encerramento da IX Assembleia da Organização Regional de Lisboa do Partido Comunista Português, em Lisboa.
Se no imediato, o Estado verificar que não consegue criar essa capacidade de resposta com a urgência exigível, o Governo pode "utilizar os mecanismos legais de requisição de serviços para que toda a capacidade na área da saúde se mantenha ao serviço dos utentes, mesmo que não seja essa a vontade dos grupos económicos", defendeu Jerónimo de Sousa.
Para o secretário-geral do PCP, o Serviço Nacional de Saúde está a sofrer um dos maiores e mais "agressivos" ataques dos seus 39 anos de vida com um objectivo "claro de criar dificuldades ao funcionamento do SNS, desvalorizá-lo e fragilizá-lo perante os portugueses e, dessa forma, criar as condições para que o Estado se faça substituir pelos grupos privados na prestação de cuidados".