Um hotel com vista de cidade e cheiro de mar

Às portas de Vila de Conde, às portas da cidade, às portas da praia, o Villa C Boutique Hotel não é um camaleão, mas é um favorito tanto de hóspedes em negócios como em prazer. E a receita é a mesma: ambiente relaxado q.b. e atenção aos detalhes.

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Se numa noite de Inverno um viajante chega ao Villa C Boutique Hotel, vai encontrar um oásis inesperado. Na verdade, nós chegamos ao final da tarde, mas, para o que aqui conta, é noite (a escuridão já está instalada) e a estrada é uma fila de luzes a avançar lentamente em direcção ao centro de Vila do Conde. No pesadelo da hora de ponta, ficamo-nos em Azurara, escapando-nos para um edifício a meia luz: o trânsito continua demasiado próximo, mas para lá das portas passamos nós e nada mais. No balcão alguém toma uma cerveja – é recepção, é bar? É os dois, perceberemos, em subtil distância que é também proximidade graciosa. E, afinal, não há fronteiras definidas neste rés-do-chão do Villa C Boutique Hotel: além de recepção e bar, é restaurante, é sala de estar, é sala de trabalho-e-televisão. É até loja. E é também gabinete – que, na verdade, é apenas uma mesa – do director: hoje ele está ausente do hotel, se não era aqui, à entrada, antes ainda de alcançarmos o tal balcão, que estaria para receber os hóspedes. “Como se fossem visitantes em sua casa.”

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Se numa noite de Inverno um viajante chega ao Villa C Boutique Hotel, vai encontrar um oásis inesperado. Na verdade, nós chegamos ao final da tarde, mas, para o que aqui conta, é noite (a escuridão já está instalada) e a estrada é uma fila de luzes a avançar lentamente em direcção ao centro de Vila do Conde. No pesadelo da hora de ponta, ficamo-nos em Azurara, escapando-nos para um edifício a meia luz: o trânsito continua demasiado próximo, mas para lá das portas passamos nós e nada mais. No balcão alguém toma uma cerveja – é recepção, é bar? É os dois, perceberemos, em subtil distância que é também proximidade graciosa. E, afinal, não há fronteiras definidas neste rés-do-chão do Villa C Boutique Hotel: além de recepção e bar, é restaurante, é sala de estar, é sala de trabalho-e-televisão. É até loja. E é também gabinete – que, na verdade, é apenas uma mesa – do director: hoje ele está ausente do hotel, se não era aqui, à entrada, antes ainda de alcançarmos o tal balcão, que estaria para receber os hóspedes. “Como se fossem visitantes em sua casa.”

É essa a “filosofia” do Villa C Boutique Hotel, explica-nos Elsa Teixeira, a chefe de recepção que será a nossa guia. Conhece bem as entranhas do hotel: está aqui desde a sua primeira encarnação, quando era Villa C Hotel & Spa. Abriu em 2007, foi comprado pela DHM, ainda funcionou um ano e encerrou para obras: reabriu como uma “casa” moderna de natureza – linhas rectas descarnadas e postas em evidência num rés-do-chão onde o vidro abunda (e, como tal, a luz é presença constante) – e contemporânea de feitio – com a decoração no tão conhecido equilíbrio entre uma certa sofisticação estudadamente despretensiosa e o pretensamente rústico que resulta em cenário acolhedor. E em entrada directa para a rede internacional Design Hotels, depois de devidamente acomodado na Design Collection da DHM, um minimanifesto para enquadrar “hotéis renovados de acordo com modelos inovadores e regeneradores”, num “conceito que assenta na criação de valor através do design e serviço, com ambientes informais e acolhedores”.

E, então, voltamos ao momento de chegada, as luzes amarelas que são como que um chegar a casa, as sombras nos sítios certos para lembrar que não é bem casa, o Luís a explicar-nos tudo – inclusive a Lobby Store, mais do que loja, um escaparate, literalmente uma estante, onde se vendem produtos locais, como as conservas Minerva, exemplifica (e voltaremos para ver tudo o que vende). E depois a levar-nos ao quarto, luz suave, café e chá de cortesia, garrafa de água “que custa 25€”: nem espera a reacção, a água é gratuita, a própria garrafa tem esse preço se a quisermos levar para casa. “É de cristais Swarowski”; “A água vem do Vaticano”, brinca e nós sorrimos com ele. Já temos a palavra-chave do wi-fi e a Internet desliza sem sobressaltos, o chuveiro tem boa pressão e o colchão é confortável, diremos a Elsa no dia seguinte. “Para nós é muito importante”, justifica. Há uma pequena varanda no pequeno quarto, falta-lhe apenas uma cadeira – a vista vai até ao rio, o Ave, onde a Nau Quinhentista segue atracada e restaurantes e bares o margeiam, já junto à ponte, aos pés do Mosteiro de Santa Clara, esplendidamente iluminado (havemos de ir lá de manhã, são 15 minutos a caminhar, mas fazemos batota e vamos de carro); o Atlântico adivinha-se um pouco mais adiante.

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O jantar está marcado às 20h e calha-nos uma mesa redonda, bem na esquina envidraçada para esta vista. A música já soa em todos os espaços comuns do hotel, do menu fica-nos a dúvida entre o robalo no josper, manteiga de coentros, batata nova e legumes grelhados, e a barriga de leitão a baixa temperatura com batata dourada e salada aromática – sugerem-nos os filetes de peixe galo com arroz de grelos; ficamos com água na boca ao ver as pizzas que sairão do forno a lenha (o mesmo de onde sairá o pão do pequeno-almoço).

O restaurante À Terra é uma das imagens de marca da Design Collection, “é transversal”, conta Elsa Teixeira, já de manhã, pequeno-almoço (abundante e variado) tomado. “Tem um conceito clean, familiar e rústico”, explica: a comida busca os sabores da avó, o empratamento é diferente. Sobressai na sala uma “mesa comunitária”, aqui chamada de captain’s table, colocada para promover “encontros”. “Temos muitos clientes empresariais durante a semana”, conta Elsa, “alguns habituais, passam cá muito tempo”. Eles vão-se conhecendo e juntando, sobretudo para o jantar, quando os hóspedes são, normalmente, a maioria no restaurante que está de portas abertas a todos – e até tem prato do dia ao almoço.

Não é só o restaurante, todos os espaços comuns do hotel estão abertos ao exterior. Desde o bar, balcão que é prolongamento, então, da recepção e faz um cotovelo já em pleno restaurante, à chamada sala multiusos, onde a televisão pode congregar a atenção, mas as mesas compridas se oferecem ao trabalho e até a reuniões informais – para as formais há três salas no andar -1, que também se podem tornar espaços para reuniões de outra natureza (casamentos, baptizados...). Do mesmo modo o spa, no mesmo piso (há ainda um -2: garagem), está de portas abertas. Piscina, “temperatura média 29º” (e saída para o jardim), sauna, banho turco, ginásio, “pequeno, mas com elementos essenciais para treino de fim-de-semana”, salas (duplas, incluídas) de tratamentos, onde “a base de trabalho é a aromaterapia” apresenta Pedro, o espanhol que é o responsável pelo espaço. A piscina e o ginásio estão abertos 24 horas por dia, algo que serve muito o mercado empresarial: há quem saia de manhã bem cedo para correr, há quem termine o dia a fazer exercício – e a piscina sempre a rematar. No spa espere-se toalha, água e auriculares como oferta; e para marcar o início e o fim de tratamentos, aguarde-se o toque dos bilros, as pequenas peças de madeira que servem para manejar os fios ao fazer a renda.

Não é à toa que se usam os bilros nesse ritual. Estamos numa das zonas onde essa tradição é mais forte – a dos têxteis, em geral, aliás. Por isso, as estantes que delimitam (sem separar) os vários espaços no rés-do-chão (voltamos sempre a ele): são as teias do tear, na visão do decorador (Paulo Lobo) – faz parte da tal filosofia da Design Collection, integrar aspectos da cultura local. E há outros que se exibem, no tal Lobby Market – falámos das conservas, temos ainda os sabonetes Ach Brito e o artesanato do “vizinho” (inclui miniaturas de canoas, como as que vemos a subir e a descer o rio, e trotinetes e bicicletas sem pedais de madeira); e encontram-se produtos de outros hotéis da mesma colecção, como a flor de sal de Castro Marim ou o chá e o mel da serra da Lousã. Esta “casa” tem família – e é de família, portanto.

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A Fugas esteve alojada a convite do Villa C Boutique Hotel