O restaurante que dá livros a cada cliente. Já deu milhões
Traveler. Um bom nome para um restaurante numa cidadezinha americana, amigo dos viajantes e dos livros. E com uma muito boa ideia.
Union, Connecticut. População: 839. Como é que um restaurante de uma pequena cidade norte-americana se pode tornar célebre mundialmente? Há várias maneiras, mas o Traveler deve a merecida fama a uma boa, simples e generosa ideia: oferece livros a cada cliente que se senta para comer as suas especialidades.
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Union, Connecticut. População: 839. Como é que um restaurante de uma pequena cidade norte-americana se pode tornar célebre mundialmente? Há várias maneiras, mas o Traveler deve a merecida fama a uma boa, simples e generosa ideia: oferece livros a cada cliente que se senta para comer as suas especialidades.
A vida do Traveler começa em 1970 e a oferta de livros também. A ideia surgiu ao seu proprietário inicial, Marty Doyle, por este ser um ávido leitor e coleccionador de livros, como se conta no Atlas Obscura, que, em conjunto com outros sites especializados, tem ajudado a tornar viral a história - contada também, entre outros, pelo New York Times. Nos anos de 1990, a casa mudou de mãos mas os novos proprietários decidiram continuar com a oferta de livros.
“Já demos uns 2,5 milhões de livros”, pelo menos, contaram os proprietários, Karen e Art Murdock, ao site Bored Panda. “Damos um a dois mil livros por semana”, explicam, até porque, por vezes, uma pessoa pode levar até três livros, sem problemas. E como conseguem ter sempre obras em stock para oferecerem? Há quem lhes ofereça livros e, claro, também recorrem a saldos de arromba em livrarias, vendas de garagem ou vendas por grosso (à tonelada, mesmo).
Se em todos os restaurantes há encarregados de comprar e ir buscar os produtos para confeccionar as refeições e fazer a serventia da casa, no Traveler há também quem se ocupe em dar voltas por toda a região para ir buscar os produtos-estrela da ementa, os livros.
“Actualmente, há nove mil livros nas nossas prateleiras”, dizem ao site. Tudo à escolha do freguês, para saborear num salão familiar de estilo rural com preços caseiros (de 8 a 15 dólares, em geral, cada prato, por 40 dólares comem dois um menu especial completo). É um diner tradicional (4/5 no Tripadvisor, por sinal) com panquecas e hambúrgueres e bifes e pizzas rodeados por livros, livros, livros. Quando a casa fica demasiado cheia, também vendem partes da biblioteca em saldos na loja de livros em segunda mão na cave.
A fama livreira tem feito bem ao restaurante e já nem lhe faltam reais celebridades de visita: no Facebook pode ver-se uma cliente especial, que passou para “comida e alguns livros”, a actriz Susan Sarandon. Já num programa de uma televisão local, a WTNH, os proprietários também contam que já por lá passaram Bill Murray ou Bruce Springsteen.
E artigos sobre o restaurante podem ser encontrados em todo o tipo de jornais e revistas, incluindo muito populares, como a O (a revista de Oprah Winfrey que o pôs na lista de “50 descobertas favoritas”) ou a Reader’s Digest.
Num país em que os sinais de publicidade a restaurantes ou motéis (e etc.) se tornam autênticos ícones – fotográficos, literários, cinematográficos, culturais, logo visceralmente turísticos –, não é de admirar que a original variação do sinal do Traveler seja já uma instituição: Food and Books (comida e livros). O mote da casa, como não podia deixar de ser, também é literário: The food and book people (o pessoal da comida e dos livros).