E eis que um novo festival emerge em Marvila
Desta sexta-feira a sábado, o Festival Emergente trará ao LAV - Lisboa ao Vivo, 13 concertos em 18 horas de música com Palmers, Cosmic Mass, Sun Blossoms, Time For T, Filipe Sambado, Pedro Mafama, Cave Story, Môrus ou Sunflowers.
No ano passado, Carlos Gomes e a sua produtora, a Transiberia, montaram uma festa nos Santos Populares. Santos Pecadores era o nome, e a premissa era apresentar 12 horas de música das quatro da tarde às quatro da noite, no pátio do Centro de Inovação da Mouraria, em Lisboa, onde fica o escritório da empresa. Esperavam “300 a 400 pessoas”. Tiveram, diz o organizador ao PÚBLICO, “entre 3000 e 4000”. “É verdade que era a noite de Santo António, mas era a primeira vez que estávamos a fazer isto”, conclui.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
No ano passado, Carlos Gomes e a sua produtora, a Transiberia, montaram uma festa nos Santos Populares. Santos Pecadores era o nome, e a premissa era apresentar 12 horas de música das quatro da tarde às quatro da noite, no pátio do Centro de Inovação da Mouraria, em Lisboa, onde fica o escritório da empresa. Esperavam “300 a 400 pessoas”. Tiveram, diz o organizador ao PÚBLICO, “entre 3000 e 4000”. “É verdade que era a noite de Santo António, mas era a primeira vez que estávamos a fazer isto”, conclui.
Isso deu-lhes alento para criarem “algo mais sério, com mais futuro”. O resultado poderá ser visto agora. O Festival Emergente decorre entre esta sexta-feira e sábado, no LAV — Lisboa ao Vivo, em Marvila. Ao longo desses dois dias, haverá, das nove da noite às seis da manhã, 18 horas de música, com 13 concertos e duas actuações de DJ. A ideia é que este seja um evento anual para mostrar nomes que estão em efervescência na cena musical portuguesa.
No primeiro dia há concertos dos portugueses Cosmic Mass, quarteto de Aveiro dado ao stoner-rock, os lisboetas Sun Blossoms, também dados à ambiência garage/psicadélica, ou Time for T, projecto luso e multinacional que adiciona influências tropicais e afrobeat ao seu rock. Actuam também o escritor e intérprete de canções Filipe Sambado, que vem com os seus Acompanhantes de Luxo — que incluem aliás dois Sun Blossoms —, e Pedro Mafama, que junta fado e auto-tune na sua música urbana. Também há nomes internacionais: os madrilenos TourJets, que descrevem o rock que fazem como dream pop, e o duo brasileiro de DJ Venga Venga. A ligação ao resto da Península Ibérica e à América do Sul é aliás um dos objectivos da Transiberia.
Já no sábado, com o garage-rock e o fuzz de guitarras muito bem representados, a festa faz-se com Palmers, o trio das Caldas da Rainha e os também caldenses Cave Story, que lançaram Punk Academics no ano passado. Também há espaço para dois duos lisboetas: Elephant Maze, cujo EP de estreia, Tidal Waves, saiu no ano passado, e Môrus, que juntam guitarras, grandes trechos instrumentais, influências de música portuguesa tradicional e batidas tribais. Além deles, actuam também os Ossos d’Ouvido, um trio instrumental, o duo/trio portuense Sunflowers, que tem muita rodagem internacional, o quarteto de rock’n’roll variado Stone Dead, vindo de Pisões, Alcobaça, e um DJ set do trio Dji Jays.
“Há uma ideia de juntar uma geração. Esta malta tem os seus concertos em todo o lado, muitos fazem pequenas digressões internacionais, mas a oportunidade de os ver todos juntos não existe”, comenta Carlos Gomes. “É por isso que não há sobreposição de concertos, não existe o stress de ter de escolher que vais ver”, completa.
O cartaz, que inclui três nomes que actuaram no Santos Pecadores, entre Time For T, Ossos d’Ouvido e Dji Jays, foi planeado ao milímetro. “Temos um alinhamento pensado para ter um crescendo de intensidade, chegámos a falar com as bandas sobre isso. Tínhamos pensado o Pedro Mafama para actuar antes do Filipe Sambado, mas fez sentido trocar”, prossegue. Não há, porém, uma pretensão de anunciar que esta escolha de músicos pretende ser representativa de tudo o que se passa em Portugal e está em processo de emergir neste momento. “Não há, da nossa parte, aquela tentação de querer abarcar tudo. Nesta edição privilegiámos o foco no rock e nas suas variações, com alguns casos nas franjas do que se pode considerar pop-rock”, argumenta o responsável.
Algo que salta à vista é que poucas destas bandas têm mulheres a tocar. “Foi uma coisa em que pensámos, ficámos com uma certa pena de não termos conseguido ter mais presença feminina, dentro do que foram sendo as opções”, confessa Carlos Gomes. “Falei mesmo disso com as Palmers, perguntei se conheciam mais bandas com um carácter emergente”, afirma, mas não deu em nada. Para a segunda edição do festival, que já começou a ser preparada, fica uma garantia: “Vamos fazer esse esforço de forma mais consciente.”