Alemanha escapa à recessão por um triz
Maior economia europeia fechou 2018 com o mais fraco crescimento em cinco anos.
A economia alemã manteve o tamanho no quarto trimestre de 2018, segundo os dados do produto interno bruto (PIB) revelados nesta quinta-feira pela entidade estatística da Alemanha, o Destatis.
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A economia alemã manteve o tamanho no quarto trimestre de 2018, segundo os dados do produto interno bruto (PIB) revelados nesta quinta-feira pela entidade estatística da Alemanha, o Destatis.
Depois de baixar 0,2% no terceiro trimestre, a variação nos últimos três meses do ano foi de 0%, evitando assim a chamada “recessão técnica”, que acontece quando a economia se contrai em dois trimestres consecutivos. “A Alemanha escapa com um olho negro”, comentou Andreas Scheuerle, do DekaBank, citado pela Reuters.
“A conjuntura alemã teve duas fases distintas em 2018. Depois de uma primeira metade mais enérgica, com um crescimento de 0,4% no primeiro trimestre e de 0,5% no segundo, registou-se uma pequena contracção na segunda metade. O crescimento anual fica assim nos 1,4% e ligeiramente abaixo do que tinha sido anunciado em Janeiro”, lê-se no comunicado do Destatis.
A maior economia europeia mostra assim que também ela está a braços com o arrefecimento económico generalizado, tendo fechado 2018 com o mais fraco crescimento em cinco anos. As perspectivas para 2019 são ainda piores, com uma estimativa para o PIB de um crescimento a rondar 1%.
Berlim tem vindo a discutir os impactos deste comportamento sobre o Orçamento federal, visto que a queda da actividade económica tem efeito directo nas receitas fiscais. A dúvida gira em torno da pergunta sobre como manter as finanças equilibradas e ao mesmo tempo apostar no investimento público, caso se confirme que o país se aproxima do fim de uma série de anos com excedentes orçamentais (e que mesmo assim se terá repetido em 2018).
Segundo o Destatis, o aumento da procura interna ajudou a alavancar um investimento maior na recta final do ano passado, face ao trimestre anterior, compensando assim a queda da procura externa, que tem vindo a afectar negativamente o desempenho da Alemanha. A procura de bens e serviços alemães na China tem vindo a descer, tal como na zona euro e em mercados emergentes.
A construção foi o principal contribuinte para a subida do investimento, que acompanhou o acréscimo igualmente registado no consumo privado, diz ainda o Destatis.
As guerras comerciais entre EUA e China, que se generalizaram a uma disputa de tarifas aduaneiras que também envolve a União Europeia (UE), bem como as incertezas em relação à forma como o Reino Unido sairá da UE, reflectem-se na confiança dos empresários, que caiu em Janeiro pelo quinto mês consecutivo.
Nesse mesmo mês, o presidente do Bundesbank, o banco central alemão, Jens Weidman, já tinha dito que os problemas económicos iriam durar mais do que se esperava e previa que haveria mais más notícias.
Há duas semanas, Berlim mostrou preocupação com a entrada de capitais estrangeiros (sobretudo da China) em empresas industriais e tecnológicas relevantes que estejam a passar por dificuldades, tendo anunciado a constituição de um fundo para assumir o controlo dessas empresas e evitar que sejam controladas de fora.