Há cem anos que um fotógrafo profissional não apanhava uma pantera negra
Will Burrard-Lucas está "em êxtase". O fotógrafo inglês de vida selvagem fez o que nenhum profissional fazia há cem anos: captou — com uma câmara fotográfica — um leopardo-negro raro no Quénia.
Para Will Burrard-Lucas, nenhum animal "é envolto em mais mistério, mais esquivo ou mais belo" do que uma pantera negra. Por isso é que o fotógrafo de vida selvagem "não quis acreditar" que tinha mesmo fotografado o felino que o "fascinava desde pequeno".
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Para Will Burrard-Lucas, nenhum animal "é envolto em mais mistério, mais esquivo ou mais belo" do que uma pantera negra. Por isso é que o fotógrafo de vida selvagem "não quis acreditar" que tinha mesmo fotografado o felino que o "fascinava desde pequeno".
Há cem anos que nenhum fotógrafo profissional o captava. Até que as imagens, captadas em 2018, foram reveladas esta segunda-feira, 12 de Fevereiro. A pantera, que tem a pelugem negra devido a melanismo (o contrário do albinismo, isto é, o escurecimento de tecidos orgânicos provocado pela produção excessiva de melanina) é "extremamente rara". Havia relatos de avistamentos no Quénia, em África, e foi para aí que o fotógrafo inglês se dirigiu. Pousou câmaras fotográficas em vários pontos do Laikipa Wilderness Camp e esperou que escurecesse. Burrard-Lucas usa câmaras escondidas que ele mesmo criou: as camtraptions para apanhar os animais em close up. Estas "armadilhas fotográficas" incluem sensores de movimento e flash para fotografar o animal durante a noite. Tinha esperanças elevadas de fotografar um leopardo, mas seria um negro?", escreveu o fotógrafo, há dois dias, no blogue que gere. "Nunca tinha visto uma imagem com qualidade elevada e de perto de um leopardo-negro selvagem em África."
No dia seguinte, pouca sorte. "Deixei as câmaras durante mais noites", escreve, "mas antes de chegar à última máquina tudo o que tinha visto eram imagens de hienas". Até que lá estava: "um par de olhos rodeados de escuridão".
Cientistas do jardim zoológico de San Diego, na Califórnia, publicaram depois um artigo científico onde dizem que "câmaras registaram uma fêmea jovem de leopardo-negro" várias vezes durante Fevereiro a Abril de 2018, evidenciando "a primeira prova científica aceite em cem anos da existência de um leopardo melanístico em África". Aquela região é a única em África onde se sabe que o animal existe.