Artistas querem apresentar modelo para comprar obras de arte para o Estado

Primeira reunião terá lugar este sábado num bar-discoteca da zona do Cais do Sodré. O objectivo é criar uma comissão de aquisições.

Foto
António Costa com os artistas em São Bento no encontro de Outubro Miguel Manso

Artistas que entregaram no ano passado uma carta reivindicativa ao primeiro-ministro, António Costa, vão reunir-se no sábado, em Lisboa, para iniciar um processo que "comprometa o Estado e garanta que serão feitas aquisições de obras de arte".Contactado pela agência Lusa, Pedro Portugal, uma das vozes do movimento de 300 artistas que assinaram e entregaram a carta ao primeiro-ministro, indicou que o encontro está previsto decorrer no Titanic Sur Mer, às 15h, um bar-discoteca da zona do Cais do Sodré, em Lisboa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Artistas que entregaram no ano passado uma carta reivindicativa ao primeiro-ministro, António Costa, vão reunir-se no sábado, em Lisboa, para iniciar um processo que "comprometa o Estado e garanta que serão feitas aquisições de obras de arte".Contactado pela agência Lusa, Pedro Portugal, uma das vozes do movimento de 300 artistas que assinaram e entregaram a carta ao primeiro-ministro, indicou que o encontro está previsto decorrer no Titanic Sur Mer, às 15h, um bar-discoteca da zona do Cais do Sodré, em Lisboa.

"Damos seguimento ao que foi sugerido no encontro com o primeiro-ministro e o [anterior] ministro da Cultura para que os artistas apresentassem um modelo para a comissão de aquisições de arte contemporânea 2019/29 do Ministério da Cultura", explicou o artista, referindo-se ao encontro que teve lugar em Outubro na Residência Oficial do Primeiro-Ministro.

Na altura, António Costa anunciou a criação de um programa a dez anos para aquisição de obras de arte contemporânea, a ser contemplado na proposta de Orçamento do Estado para 2019, com uma dotação de 300 mil euros. O primeiro-ministro disse que essa verba deveria ser aumentada nos anos seguintes para o apoio à produção de artistas portugueses contemporâneos, no âmbito de um programa de aquisição anual por parte do Estado. "O Estado tem o papel de fomentar o gosto pela arte, que está a desaparecer, e promover aquisições, já que os museus e os privados, desde o período da crise e até ao momento, continuam a falhar nesta área", alertou.

A assembleia vai estar aberta a que todos os artistas plásticos e tem como objectivo discutir e formular o modelo de funcionamento da primeira comissão de aquisições que será apresentado à ministra da Cultura, Graça Fonseca, e ao primeiro-ministro.

A carta entregue em Outubro alertava veementemente para "a situação disruptiva da arte contemporânea em Portugal, no mercado, crítica, galerias, colecções, instituições e museus". "É muito importante que exista um acervo de arte contemporânea de artista vivos de várias gerações e de todo o país que seja actualizado anualmente", defendeu Pedro Portugal à Lusa.

Já na altura em que a carta foi entregue, António Costa tinha apelado à colaboração dos artistas plásticos para a constituição de uma comissão que, "de forma transparente", escolhesse as obras que o Estado venha a adquirir, de forma "democrática e plural". Outro porta-vos do movimento, o artista plástico Manuel João Vieira, reconheceu na altura que a criação da comissão vai ser "um bico d'obra", até porque os "artistas são fechados em si e desorganizados", mas acreditava que se iria "chegar a bom porto".

Na carta entregue, os artistas portugueses reivindicaram também, entre outras medidas, "a criação de uma agência para a arte contemporânea, separada da DGArtes [Direcção-Geral das Artes], e urgentes alterações fiscais".