O grande duelo europeu é entre os pequenos

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Partido-Pessoas-Animais vs. Aliança. Estou em crer que a incógnita mais interessante da noite eleitoral de 26 de Maio vai ser entre estes dois pequenos partidos. O PAN teve 1,4% nas últimas legislativas e a Aliança (que está mais bem colocada nas sondagens) nunca foi a votos, de modo que o duelo poderá ser decisivo no que ao Parlamento Europeu diz respeito. Curioso será de certeza.

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Partido-Pessoas-Animais vs. Aliança. Estou em crer que a incógnita mais interessante da noite eleitoral de 26 de Maio vai ser entre estes dois pequenos partidos. O PAN teve 1,4% nas últimas legislativas e a Aliança (que está mais bem colocada nas sondagens) nunca foi a votos, de modo que o duelo poderá ser decisivo no que ao Parlamento Europeu diz respeito. Curioso será de certeza.

A campanha ainda não começou. Se, por um lado, o PAN tem a vantagem de estar na Assembleia da República (AR) e de ter obra feita – conhecem-se as ideias do partido levadas ao Parlamento –, por outro, a Aliança ainda não tem propostas muito concretas, mas tem um líder que já foi presidente de um dos maiores partidos portugueses, o PSD. André Silva é deputado, Pedro Santana Lopes já foi de tudo um pouco, de autarca da maior câmara do país a primeiro-ministro.

O PAN conseguiu eleger um deputado em 2015 quase sem campanha e quase sem espaço na comunicação social. Era um partido recente com um líder praticamente desconhecido, mas não disputava o espaço político de ninguém. Ao chegar à AR, André Silva não escolheu um lado do hemiciclo, quis sentar-se a meio. Na altura, não se sabia se o PAN era mais de esquerda ou de direita. Hoje, se deitarmos um olhar mais atento à geometria das votações já dá para perceber que o seu único deputado vota mais vezes ao lado da esquerda do que da direita e até já se falou na possibilidade de o PAN vir a integrar uma futura geringonça. Foi este o cenário do PAN em 2015 e, desde então, os temas que defende - direitos dos animais, sustentabilidade do planeta, ambiente – ganharam visibilidade e, em alguns casos, deram origem a clivagens e polémicas que envolveram a sociedade (caso do fim das touradas).

O nascimento da Aliança teve tudo o que o do PAN não teve em termos de cobertura mediática. Nenhuma televisão, rádio ou órgão de informação em papel ou em formato digital faltou ao congresso fundador do partido. Antes mesmo de as assinaturas para a sua constituição serem entregues no Tribunal Constitucional, a Aliança já fazia estragos no PSD, herdando militantes que fizeram parte da história do partido, como é o caso de Carlos Pinto, que foi autarca na Covilhã, ou de Martins da Cruz, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros. Ao contrário do PAN, a Aliança vem disputar um espaço político concreto, algures entre o PSD e o CDS. No Parlamento, não haveria dúvidas em relação ao lado em que um eventual deputado eleito se sentaria. Tudo isto sem conhecermos mais do que a declaração de princípios ou a moção de estratégia global do líder. Quanto a juntar-se a um governo PS, no futuro, a posição da Aliança é clara. Ao PÚBLICO, em entrevista recente, Santana Lopes disse: “Nunca!”

A semelhança entre o PAN e a Aliança, apesar de internamente os dirigentes resistirem a esta evidência, é que são dois partidos centrados num homem: André Silva, de um lado, e Pedro Santana Lopes, do outro. Paulo Sande quer estar no campeonato dos grandes logo a partir das europeias, antecipando que o partido pretende eleger três a quatro deputados já em Maio – disse-o em entrevista à agência Lusa quando foi anunciado como cabeça de lista da Aliança ao Parlamento Europeu. Mas, para já, e atendendo às sondagens, a sua maior disputa será com o PAN. E, como é improvável que os dois consigam eleger representantes para Bruxelas e Estrasburgo, é um duelo de vida e de morte.